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História da edição

Champions 96/97: Contra o campeão e na casa do rival

Texto por Vasco Sousa
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Na última edição da Liga dos Campeões apenas com os campeões nacionais, esperava-se o domínio italiano na prova, com as presenças do Milan (campeão transalpino) e da Juventus (campeã da Europa). Mas, na Alemanha, e com um português que sabia o que era ganhar a competição, morava uma equipa que sonhava com o seu primeiro título de campeão europeu e, no final, foi mesmo o Borussia Dortmund a erguer o troféu.

Na fase de grupos, a campeã Juventus (com várias mudanças no seu plantel, com as saídas de Paulo Sousa, Vialli ou Ravanelli e as contratações de Zidane, Boksic ou Vieiri) mostrou que era fortíssima candidata à revalidação do título, com cinco vitórias e apenas um empate, incluindo um triunfo em Old Trafford – estádio que assistiu a mais uma derrota do seu Manchester United, frente ao Fenerbahçe, que chegou a colocar em causa a qualificação do campeão inglês. Mas, com Cantona, Giggs, Schmeichel, Keane, Beckham ou Cole, os Red Devils seguiram em frente.

Tal como a Juventus, também o FC Porto fez uma fase de grupos quase perfeita, também com cinco triunfos e um empate. Com o reforço Jardel a brilhar e uma vitória histórica em San Siro perante o Milan, os portistas sonhavam, 10 anos depois, com o título europeu. No grupo do campeão português, a grande desilusão foi o poderoso AC Milan. Apesar de contar com um superplantel (Baresi, Maldini, Desailly, Savicevic, Davids, Roberto Baggio ou Weah), os rossoneri sofreram uma humilhante derrota caseira frente aos noruegueses do Rosenborg e caíram na fase de grupos, numa das maiores surpresas de sempre na competição.

Ainda na fase de grupos, o Ajax, um dos mais fortes candidatos ao título mas cada vez mais enfraquecido em comparação com a equipa campeã em 1995, sentiu dificuldades, ainda que tenha avançado para os quartos de final da prova, juntamente com o Auxerre, enquanto o Borussia Dortmund e o Atlético Madrid também seguiram para os quartos de final, com os colchoneros a vencerem o grupo apesar da igualdade pontual.

Nos quartos de final, o sonho do FC Porto foi destruído logo na primeira-mão ao sofrer uma goleada em casa do Manchester United por 4x0, a Juventus “vingou” a eliminação do Milan afastando tranquilamente o Rosenborg e o Borussia Dortmund foi a única equipa a vencer os dois dos quartos de final, perante o Auxerre. Mas a grande eliminatória desta fase opôs o Atlético Madrid ao Ajax. Após um empate a uma bola em Amesterdão, o campeão espanhol era favorito para a segunda-mão, só que tudo correu mal aos colchoneros: Esnaíder falhou um penalti, o jogo foi a prolongamento e aí surgiu o jovem português Dani, contratado essa temporada, que marcou um golaço. Os holandeses venceriam por 2x3 e alcançavam as meias-finais da Champions pela terceira época consecutiva.

Para Paulo Sousa foi duplamente especial @Getty / ullstein bild
Ajax e Juventus reeditaram a final da época anterior – e a Vecchia Signora não deu hipóteses, com duas vitórias e um total de 6x3 no total da eliminatória, com Zidane a assinar uma exibição magistral no jogo da segunda-mão (um golo e duas assistências na vitória dos transalpinos por 4x1).

Borussia Dortmund e Manchester United prometiam uma eliminatória equilibrada para conhecer o outro finalista da prova, com os alemães a levarem a melhor. Depois de uma vitória por 1x0 em casa, os germânicos marcaram cedo em Inglaterra (Ricken, aos oito minutos), e seguraram o resultado até ao fim, apurando-se para a final da Champions pela primeira vez na história. Foi, assim, o fim da carreira de Cantona, sem conseguir qualquer vitória internacional.

No final de maio, Borussia Dortmund e Juventus defrontavam-se no jogo decisivo. Eram duas equipas que se conheciam bem: em 1993, disputaram a final da Taça UEFA e tinham-se defrontado na Champions na época anterior. Para além disso, eram cinco os jogadores da equipa alemã que tinham representado a Juventus: Reuter, Kohler, Moller, Júlio César e… Paulo Sousa. O internacional português, considerado um dos melhores médios do mundo por esta altura, trocara o campeão europeu pelo campeão germânico e defrontou a sua ex-equipa no jogo decisivo, voltando a sair vitorioso.

A final, disputada precisamente na Alemanha, em Munique, teve em Riedle a grande figura. O avançado alemão bisou ainda na primeira parte, em dois cabeceamentos após cantos. Na segunda parte, a Juventus reagiu, Del Piero marcou de calcanhar e quando se esperava o empate dos italianos surgiu Lars Ricken. Acabado de entrar, marcou na primeira vez que tocou na bola, num inesquecível chapéu de fora da área a Peruzzi. Estava feito o 3x1 e o Borussia Dortmund fazia história, ao conquistar a Liga dos Campeões pela primeira vez na história, num plantel recheado de experiência, que contava com nomes como Reuter, Kohler, Sammer, Moller ou Chapuisat. E Paulo Sousa aumentou o seu estatuto de vencedor, ao seguir as pisadas de Desailly e a sagrar-se campeão europeu em anos consecutivos por clubes diferentes – aqui, com a particularidade de derrotar a sua ex-equipa no jogo decisivo.

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jogos históricos
U Quarta, 28 Maio 1997 - 19:30
Olympiastadion
Sándor Puhl
3-1
Karl-Heinz Riedle 29' 34'
Lars Ricken 71'
Alessandro Del Piero 64'
Estádio
Olympiastadion
Lotação69250
Medidas105X68
Inauguração1972