Dois mil e 200 jogos. É esta extraordinária marca que os três grandes do futebol português estão prestes a alcançar no campeonato nacional. Benfica, FC Porto e Sporting são as únicas equipas lusas que não falharam uma única edição da primeira divisão desde 1934/1935 e por isso, na segunda jornada da Liga Zon Sagres, comemoram este feito ao mesmo tempo.
Ao longo da infindável lista de milhares jogos que disputaram, águias, dragões e leões construíram páginas e páginas de história. História essa que é vivida com intensidade pelos seus adeptos e que é constantemente lembrada na hora de esgrimir argumentos para justificar o porquê de acharem que o seu clube é o melhor do que os outros.
O zerozero.pt mergulhou nos momentos marcantes dos três grandes do futebol português e destacou uma lista de jogos de Benfica, FC Porto e Sporting para oferecer aos leitores uma viagem pela história e percurso dos três clubes mais titulados no nosso país. Contudo, naturalmente com a ressalva de que muitas outras partidas poderiam ser lembradas.
Benfica
O Benfica é o clube com mais campeonatos conquistados em Portugal. Em 79 participações, as mesmas que FC Porto e Sporting, os encarnados levantaram o troféu por 32 ocasiões e a primeira vez que tal aconteceu foi na temporada 1935/1936, na segunda edição da prova mais importante do futebol português.
Antes do primeiro título de campeão, o primeiro jogo para o campeonato foi a 20 de janeiro de 1935, na primeira jornada da época 1934/1935. No Campo das Amoreiras, os encarnados tiveram como primeiro adversário o Vitória de Setúbal e ganharam por 3x1. Alfredo Valadas, autor de um bis, foi o marcador do primeiro golo das águias no campeonato, tendo o outro sido da autoria de Carlos Torres.
Uma temporada depois o Benfica conquistou pela primeira vez o título de campeão nacional, naquele que foi o início do primeiro tri da história dos encarnados. Orientadas pelo húngaro Lipo Herzka, as águias terminaram o campeonato com 21 pontos (oito vitórias, cinco empates e uma derrota), mais um do que o FC Porto, tendo marcado 44 golos e sofrido 23.
O título ficou praticamente garantido na penúltima jornada, com a vitória do Benfica sobre o Sporting por 3x1, mas a festa foi confirmada na cidade do Porto, no campo do Lima, com um empate a dois golos com o Boavista a 3 de maio de 1936.
Carlos Torres e Luís Xavier foram os autores dos golos dos forasteiros, que alinharam com o seguinte 11: Cândido Tavares, Gustavo Teixeira, Gaspar Pinto, Francisco Gatinho, Domingos Lopes, Francisco Albino, Luís Xavier, Alfredo Valadas, Rogério de Sousa, Carlos Torres e Vítor Silva.
Julinho, autor de cinco golos, Manuel da Costa, com um bis, Alfredo Valadas, também com dois golos, Francisco Ferreira, Semilhas e Alfredo Pais, na própria baliza, foram os marcadores de serviço da equipa que no final da época se sagraria bicampeã. O 11 em campo foi o seguinte: António Martins, Gaspar Pinto, Francisco Ferreira, Jordão, César Ferreira, Albino, Semilhas, Nelo Barros, Manuel da Costa, Julinho e Alfredo Valadas.
Quatro temporadas após a goleada ao FC Porto, o Benfica, ainda orientado por János Biri, conseguiu o seu resultado mais desnivelado até hoje no campeonato nacional. A vítima foi a Sanjoanense, que a 27 de abril de 1947 foi esmagada por 13x1 no Campo Grande.
Julinho, com seis golos, foi a figura da tarde, mas Arsénio Duarte, com um hat-trick, Batista e Rogério Carvalho, ambos com um bis, também fizeram o gosto ao pé pela equipa que viria a perder o campeonato para o Sporting. János Biri fez alinhar António Martins, Jacinto Ramos, Joaquim Fernandes, Horácio, Francisco Moreira, Rogério Carvalho, Francisco Barreira, Batista, Arsénio Duarte, Espírito Santo e Julinho.
Em 1960/1961 o Benfica conquistou a sua primeira Taça das Campeões Europeus, vencendo na final disputada em Berna o Barcelona por 3x2, mas foi também nessa época que começou a nascer um ídolo que viria a ser de todos os tempos no Estádio da Luz: Eusébio. Aos 19 anos deixou o Sporting de Lourenço Marques, em Moçambique, e mudou-se para Lisboa para representar o Benfica, apesar das inúmeras tentativas do Sporting em desviá-lo para Alvalade. As águias levaram a melhor e o futuro veio mostrar que valeu o esforço na sua contratação.
Dos três crónicos candidatos ao título, o Benfica foi o clube que mais tarde cedeu à necessidade de contratar jogadores estrangeiros. Até ao final da temporada de 1978/1979, os encarnados tiveram no plantel jogadores exclusivamente de nacionalidade portuguesa, sendo que alguns deles tinham nascido nas colónias em África, pelo que eram considerados futebolistas lusos. A abertura do Benfica a jogadores de nacionalidade estrangeira não foi pacífica entre os sócios, tendo ficado decidida a 1 de julho de 1978, numa assembleia geral que durou mais de oito horas.
Após uma votação que contou com 472 votos a favor da entrada de jogadores estrangeiros no Benfica e apenas 62 votos contra, as águias, na altura presididas por Ferreira Queimado, acertaram a contratação de Jorge Gomes, que representava o Boavista. O brasileiro estreou-se a 29 de agosto de 1979, frente ao Vitória de Setúbal, tendo sido lançado por Mário Wilson aos 72 minutos para o lugar de Fernando Chalana. Os encarnados golearam por 5x1 e o jogo ficou na história por um jogador estrangeiro ter entrado em campo pela primeira vez com a camisola do Benfica.
A estreia como titular no campeonato, naquela que foi a primeira vez que um 11 da turma da Luz não foi 100 por cento português nas provas nacionais, aconteceu apenas à sétima jornada, num triunfo do Benfica sobre o Estoril por 4x1, tendo Jorge Gomes sido um dos marcadores de serviço. No entanto, antes do encontro com os canarinhos, o avançado brasileiro já tinha sido titular contra o Aris, da Grécia, para a Taça UEFA, tendo também apontado um golo.
A carreira de Jorge Gomes no Benfica durou três temporadas, tendo deixado os encarnados para ingressar no SC Braga. Na Luz conquistou um campeonato e duas Taças de Portugal, tendo disputado um total de 59 jogos e marcado 13 golos.
Na temporada de 1986/1987, mais precisamente a 14 de dezembro de 1986, o Benfica teve uma das tardes mais infelizes da sua história, tendo sofrido no Estádio de Alvalade a derrota mais pesada do seu percurso na primeira divisão: 7x1.
Orientados por John Mortimore, os encarnados tiveram uma tarde para esquecer frente ao rival lisboeta, sendo vergados a uma goleada por 7x1 num jogo em que Wando, aos 59 minutos, foi o autor do único golo do Benfica, numa altura em que o resultado estava ainda em 2x1. Nesse dérbi, o treinador inglês fez alinhar o seguinte 11: Silvino, Dito, Álvaro Magalhães, António Veloso, Oliveira, Carlos Manuel, Diamantino, Shéu, Rui Águas, Chiquinho Carlos e Wando.
A 28 de abril de 1991, o Benfica foi ao Estádio das Antas vencer o FC Porto por 2x0 e colocar um ponto final numa série de 13 jogos consecutivos sem vencer para o campeonato em casa dos azuis e brancos. A última vez que o triunfo tinha sorrido aos encarnados tinha sido em 1976/1977, graças a um golo solitário apontado por Chalana. Desde então foram 13 jogos, nove vitórias para os dragões e quatro empates.
À entrada para o embate da 34ª jornada da época 1990/1991, o Benfica era líder com 60 pontos, mais um do que o FC Porto, pelo que o triunfo conseguido nas Antas serviu para isolar ainda mais os encarnados na tabela classificativa, numa altura em que cada vitória valia dois pontos. Graças a dois golos apontados por César Brito, que foi lançado por Sven-Goran Eriksson aos 80 minutos para o lugar de António Pacheco e bisou ao minuto 81 e 85, os encarnados deixaram as Antas com mais três pontos que o rival, quando faltavam disputar apenas quatro jornadas.
O título viria mesmo a ser conquistado pelo Benfica e o triunfo conseguido no Estádio das Antas frente ao FC Porto de Artur Jorge revelou-se fundamental para o sucesso encarnado. Nesse encontro, Eriksson utilizou o seguinte 11: Neno, António Veloso, Ricardo Gomes, William, Paulo Madeira, Paulo Sousa, Vítor Paneira, Valdo, Jonas Thern, António Pacheco e Rui Águas.
O Benfica, treinado por Toni, sagrou-se campeão nacional nessa época e o encontro com o Sporting foi essencial na conquista do título, sendo que João Vieira Pinto provavelmente realizou a melhor exibição da sua carreira, assinando um hat-trick e destruindo por completo o adversário. Os leões, orientados por Carlos Queiroz, ainda estiveram duas vezes na frente do resultado, com golos de Cadete e Luís Figo, mas João Vieira Pinto restabeleceu sempre o empate e antes do intervalo colocou as águias a ganhar por 2x3. Na segunda parte, Isaías, com um bis, e Hélder apontaram os restantes golos dos forasteiros, de nada valendo o tento conseguido por Krassimir Balakov, que estabeleceu o resultado final de 3x6.
Nesse jogo histórico, Toni causou surpresa ao deixar Rui Costa no banco de suplentes e apresentou o seguinte 11: Neno, Hélder, Kenedy, Mozer, Abel Xavier, António Veloso, Vítor Paneira, Stefan Schwarz, João Pinto, Ailton e Isaías.
Após conquistar o título em 1993/1994, o Benfica esteve 11 anos sem conquistar o campeonato, naquele que foi o maior período de seca do conjunto encarnado até aos dias de hoje. O fim do longo período de espera dos adeptos encarnados aconteceu na última jornada da temporada 2004/2005.
Orientado por Giovanni Trapattoni, o Benfica quebrou o jejum de 11 anos precisamente ao empatar a uma bola com o Boavista, tendo Simão Sabrosa, através da conversão de uma grande penalidade, marcado o golo das águias no jogo do título, de nada valendo o tento da igualdade de Éder.
Nesse jogo histórico e que colocou milhões de adeptos benfiquistas em euforia, Trapattoni escalou um 11 composto por: Quim, Luisão, Manuel dos Santos, Miguel, Ricardo Rocha, Petit, Geovanni, Nuno Assis, Manuel Fernandes, Simão Sabrosa e Nuno Gomes.
FC Porto
Atual tricampeão nacional, o FC Porto tem tido a hegemonia do campeonato português nas últimas décadas, sendo o segundo clube com mais campeonatos em Portugal. No entanto, os azuis e brancos ficarão para sempre ligados à história do campeonato nacional por ter sido o vencedor da primeira edição, em 1934/1935.
Apesar de se ter sagrado campeão nacional na primeira edição do campeonato, o FC Porto estreou-se na prova com um empate a uma bola frente ao Belenenses, no Campo das Salésias. A 20 de janeiro de 1935, os dragões estiveram a perder por 1x0, mas Carlos Nunes restabeleceu o empate e apontou o primeiro golo de sempre do FC Porto na competição.
Orientado pelo húngaro Joseph Szabo, o primeiro 11 do FC Porto no campeonato foi composto por: Soares dos Reis, Jerónimo Pereira, Avelino Martins, João Nova, Acácio Mesquita, Carlos Pereira, Valdemar Mota, Carlos Nunes, Álvaro, Lopes Carneiro e Pinga.
A primeira vitória viria a surgir na segunda jornada, com uma goleada de 7x1 sobre a Académica no Campo da Constituição. Lopes Carneiro, Artur Alves, com um hat-trick, Pinga e Carlos Nunes, com um bis, foram os marcadores de serviço.
Com 22 pontos em 14 jogos, fruto de dez vitórias, dois empates e duas derrotas, o FC Porto comemorou a conquista do primeiro campeonato nacional a 12 de maio de 1935, com um empate a dois golos diante do Sporting.
O Sporting, orientado por Filipe dos Santos, ainda esteve em vantagem, graças a um golo de Ferdinando, mas Carlos Nunes e Lopes Carneiro operaram a reviravolta a favor do FC Porto. Perante a cambalhota no marcador, o melhor que os leões conseguiram foi restabelecer o empate por intermédio de Manuel Soeiro.
Nesse encontro histórico, Joseph Szabo fez alinhar o seguinte 11: Soares dos Reis, Jerónimo Pereira, Avelino Martins, Carlos Pereira, Valdemar Mota, João Nova, Lopes Carneiro, Carlos Mesquita, Álvaro, Santos e Carlos Nunes.
Em 1935/1936, a temporada na qual teve que defender o título de campeão nacional, o FC Porto goleou o Sporting por 10x1, naquele que é o resultado mais dilatado de sempre dos azuis e brancos frente a um rival pela conquista do primeiro lugar.
Os leões até tinham vencido o FC Porto logo na abertura do campeonato por 3x2, mas no começo da segunda volta foram brindados com uma autêntica goleada no Campo do Ameal. Orientados pelo húngaro Magyar Ferenc, os azuis e brancos marcaram por intermédio de Pinga, autor de um hat-trick, Carlos Nunes, que assinou um póquer, Valdemar Mota, Santos e Carlos Pereira. Por sua vez, Wilhelm Possak, treinador-jogador do Sporting, apontou o golo de honra dos leões.
Nesse encontro, o FC Porto alinhou com Soares dos Reis, Carlos Alves, Avelino Martins, Valdemar Mota, João Nova, Carlos Pereira, Poças, Lopes Carneiro, Santos, Carlos Nunes e Pinga.
O Académico do Porto está na história do FC Porto como a primeira equipa a sofrer a mais pesada derrota que os azuis e brancos aplicaram no campeonato nacional. 1x12 foi por quanto os dragões golearam o clube da mesma cidade, numa partida disputada no Estádio do Lima, a contar para a época 1938/1939.
Na goleada mais robusta do FC Porto no campeonato, Mihaly Siska apresentou um 11 composto por Soares dos Reis, Sacadura, Guilhar, Poças, Carlos Pereira, Reboredo, Lopes Carneiro, Santos, Costuras, Pinga e Carlos Nunes.
Três temporadas depois, em 1941/1942, o FC Porto alcançou o mesmo resultado diante do Carcavelinhos no Campo da Constituição. Novamente sob o comando de Siska, os dragões marcaram por intermédio de Pratas (2), Gomes da Costa (3), Santos (2), António Nunes, Correia Dias (3) e Carlos Nunes.
Alés destes dois, o FC Porto alcançou outros dois resultados por 11 golos de diferença no campeonato nacional. Em 1939/1940 goleou o Vitória de Setúbal por 11x0, obtendo o mesmo resultado frente ao Atlético em 1945/1946.
A goleada de 12x2 que o FC Porto sofreu no Campo Grande frente ao Benfica em 1943 é a mais pesada da história dos dragões em todo o seu percurso no campeonato nacional. Frente aos encarnados, que eram campeões nacionais e que no final dessa época iriam conquistar o bicampeonato, os comandados de Lipo Hertzka tiveram uma tarde para esquecer, uma das piores da história do clube.
De resto, o momento que os dragões atravessavam também não era o melhor, pois a goleada frente ao grande rival aconteceu num período em que estiveram sem vencer o campeonato durante 15 anos consecutivos, entre 1940/1941 e 1954/1955.
Nessa tarde de futebol no Campo Grande, Póvoas e Araújo foram os marcadores dos golos do FC Porto, que alinhou com o seguinte 11: Lino Mota, Guilhar, Alfredo Pais, Batista, Póvoas, António Nunes, Poças, Pinga, Correia Dias, Araújo e Gomes da Costa.
A temporada de 1977/1978 foi histórica para o FC Porto. Comandados por José Maria Pedroto, os azuis e brancos colocaram um ponto final na série de 19 anos consecutivos sem conquistar um título. Foi um período de seca longo, o maior da sua história, e dominado na totalidade pelos rivais Benfica e Sporting.
Jorge Nuno Pinto da Costa, enquanto diretor do FC Porto, foi o responsável pelo regresso de José Maria Pedroto às Antas, ele que por lá já tinha passado entre as épocas de 1966/1967 e 1968/1969, e a aposta não poderia ter sido mais certeira. Pedroto voltou em 1976 para tentar acabar com a hegemonia dos clubes da capital e precisou apenas de uma época para voltar a colocar os dragões no trilho dos êxitos.
FC Porto e Benfica, que na última jornada venceu o Riopele por 1x4 e não sofreu qualquer derrota no campeonato, terminaram empatados com 51 pontos, mas os dragões venceram no fator de desempate, o «goal-average»: 81 golos marcados e 21 sofridos dos azuis e brancos, contra 56 marcados e 11 sofridos dos encarnados.
Pinto da Costa entrou para a história do FC Porto logo como diretor, tendo visto José Maria Pedroto, treinador que contratou ao Boavista, acabar com um ciclo negativo de 19 anos sem vencer o campeonato em 1978. Mas os dois, em rota de colisão com Américo de Sá, então presidente dos dragões, acabaram por deixar o clube no chamado verão quente de 1980, no qual vários jogadores decidiram treinar à parte por não concordarem com o afastamento, opondo-se a Américo de Sá, presidente que não gostava dos discursos de Pedroto e Pinto da Costa contra os rivais da capital. Mas ambos viriam a encontrar-se novamente nas Antas na época de 1982/1983, depois de Pinto da Costa se tornar presidente, para juntos lançarem as bases de um FC Porto que estava prestes a dominar o futebol português como nunca antes tinha conseguido.
O atual presidente portista foi eleito para o primeiro mandato a 23 de abril de 1982 e um dia depois o FC Porto deslocou-se à Amoreira para empatar a uma bola com o Estoril. Foi esse o primeiro jogo dos dragões com Pinto da Costa na presidência, sendo que Lima Pereira foi o autor do primeiro golo da era do presidente mais importante da história do clube.
Orientado pelo austríaco Hermann Stessl, uma vez que Pedroto apenas no final dessa época deixaria o Vitória de Guimarães para regressar ao FC Porto, os dragões apresentaram-se frente ao Estoril com um 11 formado por João Fonseca, Lima Pereira, Gabriel, Teixeirinha, Frasco, Costa, Jaime Pacheco, Sousa, Adelino Teixeira, Jacques e Júlio.
Em 1997/1998, o FC Porto, treinado por António Oliveira, igualou a proeza do Sporting ao conseguir conquistar o tetracampeonato. No entanto, os dragões não se ficaram pelo tetra e na temporada seguinte alcançaram o quinto título consecutivo e o respetivo pentacampeonato, um feito que ainda hoje não foi batido no futebol português.
Treinados por Fernando Santos, treinador contratado ao Estrela da Amadora e que ficou conhecido nas Antas como o «Engenheiro do Penta», o FC Porto conquistou em 1998/1999 o quinto título seguido. A época também ficou marcada pela humilhação ao perder em casa com o Torreense para a Taça de Portugal, mas o desaire foi perdoado.
Com um 11 formado por Vítor Baía, Jorge Costa, Aloísio, Carlos Secretário, Esquerdinha, Peixe, Zlatko Zahovic, Deco, Ljubinko Drulovic, Mário Jardel e Capucho, o FC Porto empatou a uma bola com a equipa verde e branca, orientada por Mirko Jozic, sendo que Zahovic foi o autor do golo dos dragões, já depois de Pedro Barbosa ter colocado o Sporting em vantagem
Com o empate, o FC Porto sagrou-se campeão nacional pela quinta vez consecutiva, ficando com oito pontos de vantagem sobre o Boavista, 14 sobre o Benfica e 16 sobre o Sporting. A festa da consagração foi feita nas Antas com um triunfo por 2x0 sobre o Estrela da Amadora.
A 7 de novembro de 2010, os milhares de adeptos que preencheram as bancadas do Estádio do Dragão assistiram a um espetáculo de gala por parte do FC Porto, que antes dos 30 minutos já vencia o grande rival por 3x0, com golos de Varela e Radamel Falcao. Na segunda parte, Hulk também bisou e estabeleceu o resultado final de 5x0. Apesar dos números, o marcador final foi justo para o futebol que se viu em campo, ao ponto de ninguém do lado do Benfica ter contestado qualquer injustiça no resultado.
Nessa noite, André Villas-Boas escalou um 11 composto por Helton, Maicon, Álvaro Pereira, Rolando, Sapunaru, Fredy Guarín, Fernando Belluschi, João Moutinho, Falcao, Hulk e Varela.
Aconteceu há poucos meses mas o último clássico entre o FC Porto e o Benfica, que terminou com o triunfo dos dragões por 2x1, entrou para a história como um dos jogos mais importantes dos azuis e brancos no futebol português. Os azuis e brancos estiveram a perder no Dragão com o Benfica, deram a volta com um golo no último minuto e isolaram-se na frente da classificação, partindo para a conquista do tricampeonato.
Para tal ser possível, os dragões, orientados por Vítor Pereira, tinham obrigatoriamente que vencer o rival. O empate deixava o campeonato matematicamente em aberto mas com o título praticamente certo para os homens Luz, enquanto a vitória do Benfica permitiria às águias festejarem o título em pleno Estádio do Dragão.
O jogo começou bem para o Benfica, que aos 19 minutos viu Lima a adiantar os encarnados no marcador. Contudo, o golo do empate do FC Porto surgiu ao minuto 26, com Maxi Pereira a colocar a bola dentro da sua baliza. Nem sempre a jogar bem, o FC Porto jogava com a pressão de ver o tempo a passar e de estar obrigado a marcar. A tarefa parecia impossível e o cenário do empate e de ver o título praticamente perdido já estava na mente dos adeptos azuis brancos. Mas tudo mudou aos 92 minutos. Kelvin, assistido por Liedson, rematou à entrada da área, bateu Artur Moraes e lançou uma autêntica explosão de alegria no Estádio do Dragão.
Vítor Pereira, consciente de que aquele golo lhe valia a conquista do campeonato, corria que nem um louco pelo relvado. Ao mesmo tempo, Jorge Jesus se ajoelhava no Dragão a tentar perceber como é que o título lhe tinha acabado de fugir por entre as mãos.
Nesse encontro, o FC Porto alinhou com Helton, Danilo, Eliaquim Mangala, Alex Sandro, Nicolás Otamendi, Lucho González, João Moutinho, Fernando, Jackson Martínez, James Rodríguez e Silvestre Varela.
Sporting
Vencedor do campeonato nacional por 18 ocasiões, o Sporting não conquista o título desde a temporada 2001/2002, estando atualmente longe dos anos dourados das décadas de 40 e 50.
O Sporting estreou-se no campeonato nacional a 20 de janeiro de 1935 e logo com uma goleada sobre a Académica por 0x6. No Campo de Santa Cruz, os leões, orientados por Filipe dos Santos, venceram o primeiro jogo disputado na prova com golos de Manuel Soeiro, autor de um hat-trick, Adolfo Mourão, António Faustino e Ferdinando.
Na partida da primeira jornada do campeonato nacional de 1934/1935, o Sporting apresentou-se em Coimbra com o seguinte 11: Artur Dyson, João Jurado, Joaquim Serrano, António Faustino, Rui Araújo, Rui Carneiro, Pacheco, Abelhinha, Adolfo Mourão, Manuel Soeiro e Ferdinando.
Na história do Sporting no campeonato nacional, a derrota mais pesada sofrida pelos leões aconteceu no Campo do Ameal, na cidade do Porto, frente ao FC Porto, que goleou por 10x1. A 22 de março de 1936 os leões foram humilhados na cidade invicta e de nada valeu o golo apontado pelo treinador-jogador Wilhelm Possak, que quando marcou aos 15 minutos já o resultado estava em 2x0.
Uma época depois de ter sido humilhado pelo FC Porto no norte do país, o Sporting recebeu os azuis e brancos no Campo Grande e aplicou uma goleada de 9x1.
Já sob o comando de Joseph Szabo, treinador que se instalou em Portugal durante a primeira Guerra Mundial, o Sporting vergou os dragões a uma derrota pesada, com um hat-trick de João Cruz, um póquer de Manuel Soeiro e um bis de Pedro Pireza, sendo que o golo apontado por Pinga foi muito pouco para tanta fartura leonina.
João Azevedo, João Jurado, Mário Galvão, Aníbal Paciência, Rui Araújo, Manecas, Pedro Pireza, Adolfo Mourão, João Cruz, Manuel Soeiro e Heitor Nogueira foi 11 escalado por Szabo para golear o FC Porto, orientado pelo austríaco François Gutkas.
Na temporada de 1940/1941, o Sporting conquistou pela primeira vez o campeonato nacional, que até então apenas tinha sido propriedade do FC Porto e do Benfica. Os leões terminaram a prova no primeiro lugar com 23 pontos, mais três do que os azuis e brancos, que ficaram no segundo posto.
A festa do primeiro título, obra do treinador húngaro Joseph Szabo, foi feita no Campo do Rossio, no Barreiro, onde o Sporting venceu o Barreirense por 3x0, com golos de Fernando Peyroteo, João Cruz e Manuel Soeiro.
Na partida da consagração, o 11 apresentado pelo Sporting foi o seguinte: João Dores, Álvaro Cardoso, Octávio Barrosa, Gregório dos Santos, Aníbal Paciência, Manecas, Armando Pereira, João Cruz, Fernando Peyroteo, Manuel Soeiro e Ruy Silva.
Foi na condição de campeão nacional que o Sporting alcançou a maior goleada de sempre no principal escalão do futebol português. Na época 1941/1942, os leões, treinados por Joseph Szabo, receberam no Campo do Lumiar o Leça e golearam por 14x0.
A tarde de 22 de fevereiro de 1942 foi infindável a nível de golos, sendo que estes foram da autoria de Fernando Peyroteo, que só à sua conta marcou nove, Manuel Soeiro, que bisou, Álvaro Cardoso, Carlos Canário e Daniel Silva.
Titulares nessa partida foram João Azevedo, Álvaro Cardoso, Aníbal Paciência, Rui Araújo, Manecas, Carlos Canário, Manuel Soeiro, Fernando Peyroteo, Adolfo Mourão, João Cruz e Daniel Silva.
Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano ficaram conhecidos na história do Sporting como os cinco violinos, uma expressão aplicada por Tavares da Silva, jornalista e advogado que mais tarde se tornaria treinador leonino e que viria conquistar o tetracampeonato, numa das crónicas que assinou no jornal Diário de Lisboa e que eram lidas e emitidas via Emissora Nacional.
De resto, o domínio do Sporting por esta altura era tão grande que foi por um triz que os leões não conseguiram conquistar oito campeonatos consecutivos, sendo travados entre o tricampeonato e o tetracampeonato pelo Benfica, que em 1949/1950 ganhou o título sob o comando do inglês Ted Smith.
Muitos foram os jogos em que os cinco violinos deslumbraram as bancadas que enchiam para os ver jogar mas a vitória sobre o Famalicão por 5x9, na primeira jornada do campeonato de 1946/1947, foi histórica por ter sido a primeira partida em que Jesus Correia, que também era guarda-redes de hóquei em patins do Paço D'Arcos, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano jogaram juntos pela primeira vez.
Orientados pelo inglês Robert Kelly, o Sporting apresentou um 11 composto por Valentim, Álvaro Cardoso, Manecas, Carlos Canário, Octávio Barrosa, Veríssimo, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano. Os marcadores de serviço foram Peyroteo, que apontou cinco golos, Vasques, que bisou, Travassos e Albano.
A 25 de abril de 1948, os cinco violinos provavelmente demonstraram em casa do rival Benfica a força que fazia com que o Sporting fosse a melhor equipa portuguesa no final da década de 40 e início de 50.
A verdade é que o Sporting conseguiu uma vitória brilhante no Campo Grande, vencendo por 4x1 graças a quatro golos apontados por Fernando Peyroteo. O resultado chegou mesmo a ser de 4x0, mas Espírito Santo estabeleceu o placard final de 4x1. Orientados por Cândido Oliveira, os forasteiros alinharam com João Azevedo, Álvaro Cardoso, Juvenal, Luís Moreira, Veríssimo, Carlos Canário, Albano, José Travassos, Jesus Correia, Vasques e Fernando Peyroteo.
Apesar de ainda faltarem algumas jornadas para o final, o Sporting viria a conquistar o título em igualdade pontual com o Benfica e para tal contribuiu o golo a mais que marcou na deslocação ao Campo Grande, aquando do dérbi.
Por esse motivo, o campeonato ficou conhecido como o «campeonato do pirolito», sendo que pirolito era uma bebida gasosa cuja tampa não era uma carica mas sim um berlinde. Uma pequena bola que serviu para dar o nome a um campeonato conquistado pelo Sporting, visto que foi graças ao facto dos leões terem colocado mais uma bola que as águias dentro da baliza nos confrontos entre si que valeu o título de campeão nacional.
Após ter conquistado o campeonato em 1961/1962 sob o comando de Juca, que substituiu no cargo Otto Glória, o Sporting esteve três temporadas consecutivas em lugares modestos, conseguindo um terceiro posto em 1962/1963 e 1963/1964 e uma quinta posição em 1964/1965.
Treinado por Otto Glória, o Sporting apresentou-se na Luz com Carvalho, José Carlos, Alexandre Baptista, Hilário, Fernando Peres, João Morais, Dani Silva, Fernando Ferreira Pinto, Oliveira Duarte, Lourenço e Figueiredo.
A temporada de 1986/1987 esteve longe de ser perfeita para o Sporting, que ficou em quarto lugar no campeonato atrás de Benfica, FC Porto e Vitória de Guimarães. No entanto, a receção ao Benfica nessa época jamais será esquecida pelos adeptos leoninos, que viram a sua equipa golear o rival por 7x1.
A tarde chuvosa de 14 de dezembro de 1986 foi uma das mais felizes da carreira de Manuel Fernandes, avançado que marcou quatro dos sete golos com que o Sporting, treinado por Manuel José, bateu o Benfica de John Mortimore.
O Sporting esteve perto de igualar o FC Porto, que esteve 19 anos consecutivos sem conquistar o campeonato nacional. No entanto, em 1999/2000 os leões colocaram um fim a um jejum de 18 anos ao conquistarem o 17º título da sua história no já inexistente Estádio Vidal Pinheiro.
Augusto Inácio entrou a meio da época para substituir o italiano Giuseppe Materazzi e um dos jogos mais importantes da carreira da equipa nessa temporada foi o triunfo sobre o FC Porto por 2x0, no Estádio de Alvalade. À 26ª jornada, os leões ganharam aos pentacampeões nacionais com golos de André Cruz e Beto Acosta e saltaram para a frente da classificação, de onde nunca mais saíram.
A festa do título foi feita na cidade do Porto, em Vidal Pinheiro, com uma goleada de 4x0 imposta ao Salgueiros. André Cruz, com um bis, Ayew e Aldo Dusher foram os marcadores de serviço dos leões, que mais tarde, já de madrugada, foram recebidos em apoteose em Alvalade.
No encontro decisivo frente ao Salgueiros, o Sporting utilizou um 11 composto por Peter Schmeichel, Facundo Quiroga, Abdelilah Saber, Rui Jorge, André Cruz, Aldo Duscher, Pedro Barbosa, Luís Vidigal, De Franceschi, Beto Acosta e Ayew.