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    Herbert Chapman: o Senhor Arsenal

    Texto por João Pedro Silveira
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    Há nomes que se confudem com a história das suas gentes, do seu país, da sua cidade. Herbert Chapman foi, é e sempre será um nome maior do Arsenal Football Club, simbolo maior dos gunners, nome incontornável da sua história.

    Primeiros passos...
     
    Herbert Chapman nasceu a 19 de janeiro de 1878 em Kiveton Park, em Yorkshire, no nordeste de Inglaterra. Filho de um mineiro, foram as suas boas prestações nos bancos da escola que lhe permitiram fintar o destino, evitando ser mais um mineiro como os seus antepassados. Os bons resultados escolares incentivaram o seu pai, John Chapman, a apoiar a continuação dos estudos do filho.

    Herbert não desaproveitou a oportunidade e cursou Engenharia de Minas no Sheffield Technical College, área profissional que exerceu durante grande parte da sua vida, paralelamente ao futebol, pois convém lembrar que o futebol ainda dava os primeiros passos e estava ainda muito longe do profissionalismo de anos vindouros.
     
    A Inglaterra em que Chapman nascera era uma sociedade de vincadas diferenças sociais, marcada pela Revolução Industrial e pelo desenvolvimento comercial que lhe estava associado. A pobreza grassava pelos campos e cidades de Inglaterra, à sombra das grandes chaminés que tudo cobriam de fuligem e eram a imagem de marca da Velha Albion.
     
    O pequeno Herbert, tal como a esmagadora maioria dos seus conterrâneos, vivia numa pequena e superlotada casa, sendo um de onze irmãos. O desporto e o futebol em particular, provocavam grande fascínio nas crianças da sociedade vitoriana. Os Chapman não foram exceção e além de Herbet, também outros dois irmãos jogaram futebol profissionalmente. Harry ganhou duas ligas e uma FA Cup pelo The Wednesday - mais tarde conhecido como Sheffield Wednesday - e Tom jogou no Grimsby Town, onde outro irmão, Matthew, seria diretor desportivo. 
     
    Sempre com a casa às costas
     
    Herbert Chapman nasceu a 19 de janeiro de 1878 em Kiveton Park, em Yorkshire, no nordeste de Inglaterra.
     
    Filho de um mineiro, as suas boas prestações nos bancos da escola valeram-lhe fintar o destino e ser incentivado nos estudos. Cursou Engenharia de Minas no Sheffield Technical College, área profissional em que trabalhou grande parte da vida, paralelamente ao futebol, pois convém lembrar que o futebol ainda dava os primeiros passos, durante a juventude de Chapman, e estava ainda muito longe do profissionalismo.
    Começou por jogar nos escalões mais jovens do Kiveton Park Colliery antes de iniciar a sua carreira em 1895, com a camisola do Asthon North End. Seguiu-se Stalybridge Rovers, a primeira de várias etapas na carreira de Champman, ao todo mais de dez clubes. 
     
    A sua carreira como jogador foi a carreira típica de um viajante, continuamente na estrada, muito por culpa de raramente assinar um contrato profissional e jogar quase sempre como amador. Aliás, a escolha do clube que representava, tinha tudo a ver com a possibilidade de conseguir um emprego por perto.
     
    Em 1907, no final da segunda época no Tottenham, sentado no balneário ao lado de Walter Bull, capitão dos spurs, conversava com este, quando Bull lhe confidenciou que tinha recebido um convite para ir ser treinador-jogador do Northampton, mas que não tinha grande vontade de sair de Londres. Foi então que se virando para Chapman disse « vai tu, Herb...» e ele foi. 

    Em Northampton ainda jogou enquanto treinava por duas épocas, passando a partir de 1909 a dedicar-se a 100% ao banco. Em 1912 passou para Leeds, onde treinou o City ao eclodir da Primeira Guerra Mundial. Em 1916 tinha abandonado o clube para ajudar no esforço de guerra, trabalhando numa fábrica de armamento em Barnbow, mas regressou em 1918, antes de sair novamente para trabalhar em Selby.
     
    Entretanto o Leeds City enfrentava uma investigação que conduziu ao fecho do clube. Diversos dirigentes do clube foram castigados e Chapman foi um dos cinco que foram banidos do futebol pela Football Association. Em 1920, a FA levantou o castigo e um ano depois, Chapman mudou-se para Huddersfield, onde treinou o clube local. 
     
    Na pequena cidade fez história, conduzido o pequeno clube ao bicampeonato e à conquista da FA Cup. O sucesso era estrondoso, mas Herbert queria mais...
     
    Um anúncio 

    Tudo começou na segunda-feira, 11 de maio de 1925, dia em que um anúncio publicado por Henry Norris, saiu no The Athletic News. Nesse começo de semana o dirigente dos gunners anunciava que o clube de Highbury estava interessado em contratar um novo treinador:
    Arsenal Football Club está disponível para receber candidaturas para o posto de MANAGER DA EQUIPA. O candidato tem de se experiente e possuir as mais altas qualificações para o posto, assim como capacidade e caráter. Cavalheiros que só tenham capacidade de construir boas equipas à custa de elevadas e exorbitantes transferências abstenham-se de apresentar candidatura. 
     
    Herbert Chapman, bicampeão em título no humilde Huddersfield Town, leu o anúncio e não hesitou em mudar-se para a capital. Assim começa a história de uma das mais extraordinárias parcerias do futebol de todos os tempos. 
     
    O mestre de Highbury
     
    Chegou a Londres e revolucionou o clube. Entre uma das principais inovações, conta-se o famoso sistema WM, uma sagacidade gizada por Chapman para melhor aproveitar uma mudança na regra do fora de jogo.

    Com o WM Chapman conduziu o Arsenal à supremacia do futebol inglês, marcando inclusive uma era na história do jogo. A defesa do Arsenal estava tão bem organizada, que por aqueles dias, quando um comboio a vapor que transportava adeptos de um adversário que iam defrontar o Arsenal em Highbury, tinha de apitar sempre que dava entrada na estação de Charing Cross, para avisar que mesmo antes de apearem do comboio, os adversários já se encontravam em offside
     
    Outra das grandes "vitórias" de Herb, terá sido - graças ao seu poder de persuasão - a mudança do nome da estação de metro de Gillespie Road, para que se passasse a chamar Arsenal, num golpe publicitário brilhante, que colocou o nome do clube na boca de milhões de pessoas todos os dias, e tornou o Arsenal no único clube do Mundo a batizar uma estação de metropolitano. 
     
    Seria também Chapman o responsável pelo icónico equipamento dos gunners com as mangas brancas que todos conhecemos hoje em dia, mas que só passou a ser utilizado pelos londrinos em 1933, por decisão do manager, que antes do jogo com o Liverpool, resolveu que o Arsenal deixaria de jogar com a camisola toda vermelha, para passar a ter mangas brancas, para lhe dar um ar mais distinto. 

    Durante nove épocas - Chapman faleceria a 6 de janeiro de 1934, vítima de pneumonia - o Arsenal que até aí não tinha conquistado nenhum título oficial, tornou-se numa equipa de referência em Inglaterra, conquistando três ligas, a campanha da terceira já seria terminada pelo sucessor, uma FA Cup e três Charity Shields.
     
    O fim
     
    Uma semana antes do inesperado falecimento - contava 55 anos aquando da sua morte - Chapman contraíra uma ligeira constipação ao deixar Birmingham, iniciando uma viagem por Bury e Sheffield, para observar jogadores e futuros adversários.

    Regressou a Londres, bastante atacado pela constipação que entretanto degenerara para algo pior. Não obedecendo aos conselhos médicos, recusou-se a ficar na cama e foi assistir a um jogo da terceira equipa do Arsenal. Na Sexta-feira seguinte a doença parecia debelada, quando de repente se apresenta um quadro de pneumonia, que lhe ceifa a vida nas primeiras horas do dia seguinte. 
     
    O Arsenal fica em estado de choque e o país acorda com as notícias da morte do mestre. Alguns jogadores só descobrem a tragédia quando chegam a Highbury para defrontar o Sheffield Wednesday. Os gunners empatam o jogo e perdem os três seguintes... Mas eis que encontram forças e recuperam a moral, caminhando para a conquista do título, que ofereceram postumamente ao seu líder.
     
    Legado

    O seu corpo repousa em St Mary´s Churchyard, Hendon, a norte de Londres. Mas o seu legado perdurou na história do jogo muito para além da sua trágica morte. Sem Chapman, é certo que o futebol teria percorrido um caminho diferente.

    Além do revolucionário WM, Herb advogou o uso de bolas brancas para uma melhor perceção do jogo por árbitros, jogadores e também pelos adeptos. Defendeu a utilização de números nas camisolas para identificar os jogadores e o uso de iluminação para jogos ao fim de tarde e à noite, defendendo que o futebol também devia ser um jogo noturno.

    Acreditava que o futebol devia ser acompanhado pelas novas tecnologias, como a rádio e era um apoiante convicto dos encontros internacionais entre clubes, defendendo mais de vinte anos antes do tempo, uma competição precusora da Taça dos Campeões Europeus.
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    Fotografias(1)

    Herbert Chapman ao centro em conversa com Alex James antes da final da FC Cup 1932 em Wembley

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