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    Futebol Total
    Nelson Diogo Duarte
    2018/01/15
    E2
    Espaço de análise desportiva, onde se pretende interpretar o lado tático/estratégico do jogo de futebol, acreditando que sair a jogar é diferente de começar a jogar.

    No passado sábado foi possível analisar o jogo grande da jornada 18, o Braga - Benfica. Após analisar o jogo, pude concluir (em parte) aquilo que também tinha concluído no jogo do Braga frente ao Marítimo na Madeira (ver aqui: http://www.zerozero.pt/opinion.php?id=924).

    Considero que há um Braga bastante vincado e bastante familiarizado com a sua “matriz” de jogo, como Abel lhe chama, mas também considero que o Braga apresenta relativa dificuldade em resolver os enigmas do jogo, quando enfrenta um adversário disciplinado e com maior rigor em Organização Defensiva (nomeadamente, quando o adversário procura reduzir espaços, impedindo o Braga de progredir).
    O vídeo 1 mostra-nos, claramente, a ideia referida no parágrafo anterior. Isto é, podemos constatar que o Braga é uma equipa que gosta de controlar e dominar os jogos com bola e para isso, possui determinadas ferramentas (diga-se dinâmicas) para solucionar os problemas que o adversário lhe coloca. No entanto, frente a adversários com maior rigor defensivo, as dinâmicas acabam por não serem suficientes para resolver os problemas que o adversário lhe coloca.
    No vídeo 1 temos o Braga a tentar a construção curta, mas com pouco sucesso (devido ao excelente posicionamento defensivo do Benfica, em grande parte do tempo). Foi possível constatar a “previsibilidade” ofensiva do Braga, raramente confortável e com pouco tempo/espaço para decidir (o que levou a inúmeras perdas de bola).
    Como alternativa (interessante alternativa) o Braga procurava a bola longa, quer para as costas da última linha defensiva do Benfica, quer para o espaço entre linhas, para posteriormente criar situações de finalização quer através do Xadas, quer pelo Ricardo, pelo Fábio ou pelo Paulinho.
    A partir do minuto 70, com a entrada de João Teixeira e com o desgaste de Pizzi, o Braga passou a encontrar, cada vez mais e melhor, os espaços para progressão horizontal e vertical.

    Braga | A construção e o entre-linhas, terminando na finalização from Nelson Duarte on Vimeo.

    Se Abel, na conferência de imprensa após o término do jogo fala da diferença de qualidade do 10 do Benfica face aos restantes, também deve ser mencionada a exímia capacidade de Fejsa em “adivinhar” onde a bola cai. Foi impressionante ver o médio do Benfica. Quase sempre bem colocado, na tentativa de cortar as transições ofensivas do Braga, seja mais recuado, seja mais adiantado. Se o Benfica teve qualidade nas suas transições defensivas deveu-se muito ao posicionamento de Fejsa.

    De destacar que, na minha opinião, o Benfica dominou e controlou o jogo até ao minuto 65.
    A partir do minuto 65, foi o Braga que tomou as rédeas da partida. Pizzi perdeu a capacidade posicional que vinha revelando e Fejsa passa a ficar muito só no meio campo (como tem vindo a acontecer em vários jogos, entre os 60-70 minutos). Nesses minutos, o Braga faz entrar João Teixeira, passando a atuar com mais um homem no corredor interior. A partir dessa substituição, o carrossel do Braga começou a fazer estragos, que poderiam ter sido maiores se Rui Vitória tardasse (ainda mais) a colocar Samaris (demorou 15 minutos a colocar Samaris ao lado de Fejsa). Curiosamente o Braga marca nesse período de largo domínio (ofensivo e defensivo).
    No vídeo 2, podemos ver, então, as constantes tentativas de criação de superioridade numérica ofensiva nos corredores laterais, por parte do Benfica, os contra-ataques mortíferos, o interessante posicionamento de Cervi pelo meio (1º golo do Benfica) que já tenho vindo a dizer que o Cervi pelo meio é muito mais imprevisível do que nos corredores, o conceito de “à área deve-se chegar e não estar” que Jonas tão bem desenhou no 2º golo, entre outros aspetos.

    Benfica | Da construção à finalização from Nelson Duarte on Vimeo.

    Nota Final: Um Braga com excelentes dinâmicas ofensivas, mas que continuo a achar que há necessidade de evolução, fundamentalmente frente a adversários que exigem mais (ofensivamente) da equipa do minho;
    Um Benfica antes e depois do derby e um Benfica antes e depois do 1433, cada vez melhor pensado, definido e executado. 



    Comentários

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    motivo:
    Mais um excelente artigo!
    2018-01-17 18h34m por zecic
    Que lição sobre futebol! É tão raro ver disto nos dias que correm, onde o pessoal só quer falar de novela!
    FR
    Exelente
    2018-01-16 04h47m por Fragha
    Obrigado por esta aula sobre futebol. Isto sim, é conteúdo de qualidade.
    Só veio confirmar aquilo que se viu nos últimos três jogos do Benfica: cada vez mais rotinas no 4-3-3, com toda a equipa a sentir-se cada vez mais à vontade neste sistema. Fejsa é uma peça fulcral e o garante de toda a liberdade para Cervi - Krovi - Salvio e Jonas fazerem todas as triangulações e ocupações de espaço que tiraram o Braga do jogo durante mais de uma hora. Pizzi não me pareceu tão envolvido neste j...ler comentário completo »

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