O verdadeiro futebol joga-se dentro das quatro linhas e é mágico, mesmo que muitos andem a tentar-nos convencer do contrário. Sou obrigado a começar da mesma maneira que iniciei o artigo do mês anterior. Porque nunca é demais realçar e, sobretudo, porque entramos na reta final do nosso Campeonato e as emoções atingem o seu expoente máximo. O SL Benfica de Bruno Lage ganhou nove pontos ao FC Porto de Sérgio Conceição e está, por isso, sentado no cadeirão do primeiro lugar. Faltam três jornadas para o final e a polémica adensa-se sobre o nosso futebol. O ódio teima em não deixar a paixão deste desporto respirar. Porém, pode acreditar no que lhe vou dizer: a rivalidade histórica é necessária. E é preciosa. Já imaginou o Campeonato Português sem a presença do seu maior rival? Acha que teria a mesma emoção? Ir à confeitaria no dia a seguir ao jogo transformar-se-ia num processo bem mais simples. Pedia um café, um pastel de nata e virava costas. Talvez já nem houvesse espaço para aquele diálogo que, muitas vezes, dá outro ânimo ao seu dia. “Um homem sábio aprende muito mais com os seus inimigos do que um tolo com os seus amigos”, esta é uma das grandes afirmações de Niki Lauda no filme “Rush: No Limite da Emoção”. E é precisamente isto que os rivais permitem. Para o bem e para o mal. Nas vitórias e nas derrotas. Estar no limite da emoção. E, caso esse limite não seja ultrapassado, o futebol é maravilhoso.
Por outro lado, seria injusto se eu não dedicasse vários caracteres àquilo que foi conquistado durante este fim de semana. O desporto português tocou no céu da Europa nas mais diversas modalidades. O FC Porto, depois de no andebol atingir uma histórica final four da Taça EHF, venceu o Chelsea, por 3-1, na grande final da UEFA Youth League, tornando-se na primeira equipa portuguesa a conquistar tão prestigiado torneio. Os jovens dragões vingam, assim, a derrota da época passada nas meias-finais da competição, diante dos "blues", escrevendo, em Nyon, uma página de história muito bonita no futebol europeu. A rapaziada comandada por Mário Silva (um campeão europeu de 2003/2004) é motivo de orgulho nacional e existem três individualidades que merecem ser destacadas: Romário Baró à cabeça, além do virtuoso Fábio Silva e de Mor Ndiaye. Três nomes que, seguramente, colocaram o mundo do futebol muito atento à armada azul e branca.
Por sua vez, na Arena de Almaty, houve espaço para a emoção da glória. E as lágrimas do técnico Nuno Dias dizem (quase) tudo. O clube que se sagrou campeão da Europa de futsal é português. E o dia 28 de abril tornou-se, desta forma, memorável para o desporto nacional e para o Sporting Clube de Portugal. Depois de eliminarem o bicampeão europeu (Inter Movistar) nas meias-finais, os leões derrotaram a equipa anfitriã, Kairat Almaty, por 2-1. Uma vitória inteiramente justa na terceira final europeia consecutiva da turma verde e branca. À terceira foi mesmo de vez.