moumu 27-04-2024, 17:07
*Com Cristiano Tavares Faria
A Taça de Portugal está de regresso ao calendário do futebol nacional. Por isso mesmo, o zerozero decidiu elaborar um artigo sobre os tomba-gigantes que desde a temporada 2000/01 esbateram as diferenças de escalão e afastaram emblemas da I Liga.
Edição | Equipas | Resultado |
2000/01 | Famalicão x Belenenses | 3x2 (ap) |
2001/02 | Vila Real x Beira-Mar | 2x1 (ap) |
2002/03 | Naval x Braga | 0x0 (8x7 gp) |
2002/03 | Chaves x Nacional | 2x0 |
2002/03 | Santa Clara x SC Espinho | 0x0 (2x4 gp) |
2002/03 | Felgueiras x Moreirense | 1x0 |
2003/04 | Vitória SC x Naval | 0x2 |
2003/04 | Paços de Ferreira x Portimonense | 0x1 |
2003/04 | Sporting x Vitória FC | 0x1 |
2004/05 | Oliveira do Hospital x Moreirense | 2x1 |
2005/06 | CD Aves x Braga | 1x1 (4x2 gp) |
2006/07 | Maia x CD Aves | 1x0 |
2009/10 | Académica x Beira-Mar | 1x1 (2x4 gp) |
2009/10 | Freamunde x UD Leiria | 2x2 (5x4 gp) |
2009/10 | Aliados Lordelo x Leixões | 1x0 |
2011/12 | Rio Ave x Torreense | 2x3 |
2011/12 | CD Aves x Vitória SC | 0x0 (3X2 gp) |
2012/13 | Arouca x Rio Ave | 2x1 (ap) |
2014/15 | Oriental x Vitória FC | 1x0 |
2016/17 | Feirense x Académica | 0x0 (4x5 gp) |
2016/17 | Vilafranquense x Paços de Ferreira | 1x0 |
2016/17 | Torreense x Nacional | 1x0 |
2017/18 | Santa Clara x GD Chaves | 2x0 |
2019/20 | Moreirense x CD Mafra | 1x3 |
2019/20 | GD Chaves x Belenenses SAD | 1x0 |
2020/21 | Estoril x Boavista | 2x1 |
Em conta, tivemos o facto da atual 4ª eliminatória (nas contas da peça, desde 2009/10) corresponder à antiga 5ª eliminatória que, para todos os efeitos, é o mesmo que dizer 16 avos de final da Prova Rainha.
Com nove dos 16 desafios a contar para esta fase a serem jogados a partir desta quinta-feira - com o Sporting x Varzim à cabeça - ficam expostos os casos de maior sucesso de emblemas que se agigantaram, diante dos teóricos favoritos do primeiro escalão.
O Famalicão x Belenenses desta temporada foi o primeiro caso de sucesso de um underdog frente a uma equipa da elite do futebol português. O emblema minhoto, então na extinta II Divisão B, surpreendeu o Belenenses de Marinho Peres que contava com nomes como Marco Aurélio, dono da baliza dos Azuis do Restelo durante oito épocas, Neca ou Cafú. Num jogo de contornos dramáticos dadas as expulsões de dois homens do Restelo, um tento de Djalmir (lembra-se dele?) para lá dos 90 minutos causou sensação nesta fase da prova e ditou o 3x2 a favor dos famalicenses.
Também caso único na segunda época deste milénio, o Vila Real agigantou-se e fez do seu reduto uma fortaleza para ultrapassar o mau bocado que o Beira-Mar, então uma equipa consolidada de I Liga, fez passar o conjunto transmontano. Demétrios abriu o ativo logo no primeiro minuto a favor dos aveirenses e nada fazia prever que o Vila Real, na altura na II Divisão B, desse a volta ao contexto desfavorável. Ainda no primeiro tempo, Tiago Martins deixou tudo na mesma e o Vila Real ganhou alento para aguentar o ímpeto visitante, conseguindo arrastar o jogo para prolongamento, onde disferiu o golpe final. No último minuto do prolongamento, Nuno Freddy, pelo ar, imortalizou um novo momento marcante na Taça de Portugal.
O caso mais abundante do século deste fenómeno da Taça. A Naval 1º de Maio, já num claro sinal de crescimento que viria a resultar na subida à I Liga três anos depois, recebeu e derrubou o SC Braga, na altura já uma equipa consolidada no primeiro escalão. O conjunto da Figueira da Foz ludibriou os arsenalistas com um nulo até ao final do prolongamento e superiorizou-se por 8x7 ao cabo de duas séries de grandes penalidades.
Pela mesma altura, o Desportivo de Chaves carimbava uma excelente vitória frente a um Nacional de José Peseiro que começava a ganhar estrutura para lutar pelos lugares europeus. Um quarto de hora final totalmente letal carimbou a passagem dos Valentes Transmontanos com golos de Vítor Riça e João Alves no espaço de dez minutos.
Primeira equipa da II Divisão B da temporada a ser tomba-gigantes, mas a terceira desta contagem, o Sporting de Espinho deslocou-se a Ponta Delgada para defrontar o Santa Clara na última época dos açorianos entre os grandes até 2018 e selou a passagem à fase seguinte com a mesma receita da Naval. Nulo no final dos 120' e um 2x4 na marca dos 11 metros significou grande festa para as gentes de Espinho.
O último caso da época teve lugar no Estádio Dr. Machado de Matos, reduto do Felgueiras que serviu de fortaleza para o conjunto a atuar na II Liga levar de vencido o Moreirense em estreia na divisão maior do futebol nacional.
De novo a Naval, de novo frente a um adversário minhoto, desta vez fora de portas. Num habitual Estádio D. Afonso Henriques em ebolição, dois golos de Baha - um em cada parte - trataram de gelar as hostes vitorianas e permitiram à formação figueirense ser tomba-gigantes pela segunda época seguida.
O Sporting, na única vez que um grande saiu desta fase prematura da prova, também sucumbiu perante o Vitória FC de Carlos Carvalhal. O golo madrugador de Orestes chegou para os sadinos fazerem «taça».
Novamente com uma equipa de divisões inferiores como carrasca, o Moreirense voltou a não ter uma deslocação feliz, desta feita ao recinto do Oliveira do Hospital. Os cónegos de Vítor Oliveira ainda se adiantaram fruto do golo de Jorge Duarte, mas uma última meia hora de grande crença, com golos de Bertinho e Paulo Alves, garantiu a passagem ao conjunto da II Divisão B.
À imagem do Vitória de Setúbal da época 2003/04, também o Desportivo das Aves assegurou a subida ao primeiro escalão e, na mesma campanha, tombou um adversário de primeiro nível. A vítima foi o SC Braga de Jesualdo Ferreira que, com um empate a zero no fim do tempo regulamentar, foi obrigado a horas extra e não resistiu ao desempate por grandes penalidades, isto após ter anulado a desvantagem promovida por Miguel Pedro (100') com o golo de Rossato a dez minutos dos 120'. Mais assertivo na hora H, o Aves teve motivos de sobra para festejar no fim.
Três temporadas depois do último caso de sucesso, mais uma equipa que garantiu a subida à Liga principal nessa época (como campeão) e que aproveitou a temporada de sucesso para chamar a si os holofotes mediáticos. O conjunto aveirense derrubou, no Estádio Cidade de Coimbra, a Académica por 2x4 no desempate por penáltis depois de uma igualdade com golos de Éder, para os estudantes, e Fangueiro para os aurinegros, sendo que no banco também houve um interessante duelo André Villas-Boas x Leonardo Jardim.
Nesta época, a situação voltou a repetir-se, desta vez com o Freamunde, da II Liga, que bateu o pé à UD Leiria. Cascavel adiantou os capões, Ronny e Elias viraram o rumo dos acontecimentos em dois minutos, mas Bertinho adiou todas as decisões para prolongamento e, posteriormente, grandes penalidades. Nessa altura, o Freamunde não perdoou e tratou de converter os castigos que lhe competiam. Resultado? 5x4 a favor dos anfitriões.
O último caso da campanha teve logo a formação mais modesta dos três «Davids» apresentados. O Aliados Lordelo, a competir na II Divisão Zona Norte, despachou o Leixões de José Mota com um tento único de João Fernandes pouco antes do descanso.
Na segunda década do século XXI, o Rio Ave europeu de Nuno Espírito Santo provou o veneno de Torreense e Arouca em épocas seguidas (2011/12 e 2012/13). Já o Vitória SC de Rui Vitória caiu frente ao Desportivo das Aves de Paulo Fonseca (2011/12).
Santa Clara - na antecâmara da I Liga - Mafra, Chaves e, por fim, Estoril na temporada passada, então emblemas de segunda, fizeram frente aos favoritos Desportivo de Chaves, Moreirense, Belenenses SAD e Boavista.