25 de maio. FC Porto x Sporting, no Jamor. Um golo de Bruno Fernandes bastou para o Sporting conseguir a passagem para a final da Taça de Portugal. 2x1 na Luz, 1x0 em Alvalade e a equipa de Keizer vai ter a segunda final da época. Decisivo nas duas mãos, Bruno Fernandes foi o grande obreiro da passagem da equipa leonina, que na última época perdeu a final com o Desportivo das Aves e que vai, agora, frente ao FC Porto, procurar a 17.ª Taça de Portugal da história.
Já viu algum dérbi nos últimos tempos em Portugal? Se já, admitimos: pode saltar os próximos parágrafos. Se anda desatento, fique por cá. Sim, é verdade que os últimos jogos entre grandes até foram animados e tiveram alguns bons momentos, mas a primeira parte do dérbi foi uma espécie de regresso àquela toada de jogo grande e decisivo. As duas equipas até tentaram protagonizar bons momentos, mas o jogo parou tanto que a primeira parte, espremida, não teve assim tanto para contar. Hugo Miguel teve grande responsabilidade numa primeira parte jogada ao ritmo do apito.
O Sporting trazia uma desvantagem de um golo para o jogo, mas também sabia que precisava de não sofrer para manter em aberto a eliminatória até ao fim e por isso houve cautelas na equipa de Keizer, que não mexeu na tática e retocou as laterais. Os cinco minutos foram dos leões, motivados pelo forte apoio vindo das bancadas. Um remate de Wendel, uma finta de Raphinha e o primeiro contra-ataque benfiquista. Um alerta. As águias podiam criar perigo.
Lage mexeu mais do que Marcel Keizer. Não taticamente, mas nas peças. Uma por setor. O objetivo passava por impedir as tentativas atacantes do Sporting, baixar o ritmo de jogo sempre que possível e depois procurar aproveitar uma bola nas costas. Seferovic e João Félix estavam à espreita, mas a estratégia ficou um momento em stand by. Houve demasiadas faltas, muitas paragens e a lesão de Gabriel. O médio foi obrigado a sair e Gedson a entrar. A alteração foi positiva para o futebol encarnado, que ganhou mais capacidade de transporte e conseguiu encontrar espaço num meio-campo sportinguista muitas vezes perdido.
A primeira parte teve estas ideias, mas teve mais paragens, muitas faltas e tantas reclamações. Hugo Miguel tentou em demasia controlar a partida, resguardou o amarelo quando não devia e mostrou-o noutra ocasiões mais desnecessárias. Ao intervalo, os benfiquistas tinham de ir mais satisfeitos. Para lá da vantagem, a equipa encarnada teve num passe de Félix a melhor ocasião de toda a primeira parte. Valeu Borja, a cortar quando Seferovic já se preparava para festejar. Um corte que manteve o Sporting em jogo. Havia capacidade das duas equipas para fazer melhor na segunda parte, bastava para isso que os jogadores se conseguissem mostrar. Hugo Miguel tinha uma quota responsabilidade neste ponto.
As equipas voltaram dos balneários e mostraram que vinham com vontade de fazer mais. O jogo não haveria de ficar 0x0, pelo menos assim deu a entender o primeiro esboço. Passe fantástico de Pizzi e desperdício de Seferovic, na cara de Renan. Logo a seguir, um momento à Bruno Fernandes, com a bola a bater na barra da baliza de Silvar, na sequência de um livre. Esperava-se uma excelente segunda parte.
Após quinze minutos de procura intensa das duas balizas, o jogo voltou ao ritmo do primeiro tempo. Outra vez com muitas paragens, faltas e faltinhas e pouco para contar. Para o Benfica isso servia, mas para o Sporting, não. Keizer procurou mudar. Primeiro saiu Bruno Gaspar e logo a seguir saiu Borja.
Esquema de três centrais e Diaby a jogo. O efeito demorou apenas um minuto, mas foi um homem que já estava em campo a fazer a diferença. O homem! Aquele que tem sido o abono de família, voltou a sê-lo. Momento incrível de Bruno Fernandes, com uma bomba de pé esquerdo a surpreender Svilar. Uma bomba que fez saltar o estádio e o Sporting, que pela primeira vez conseguia colocar-se em vantagem na eliminatória para não mais a perder. O Benfica tentou forçar o empate, mas não foi possível. A equipa de Bruno Lage procurou em demasia a bola longa e os leões controlaram até ao apito final para depois fazerem a festa.
Bruno Fernandes esteve na final do Jamor da época passada, perdeu, saiu, voltou, pegou na equipa e não a largou. Ele, mais do que todos os outros, quis e vai lá voltar.
Podemos fugir ao habitual "faltam palavras"? O leitor sabe do que falamos, os sportinguistas sabem do que falamos e os benfiquistas também ficaram, nesta eliminatória a saber. Não vale a pena repetir.