O sucesso de Francisco Chaló num clube argelino sem adeptos

Francisco Chaló iniciou, em junho do ano passado, a primeira aventura como treinador fora do país natal ao partir para o Paradou Athletic, da Argélia. O caminho trilhado tem sido recheado de obstáculos, desde a falta de estádio e ausência de público à política interna do clube, que não contrata jogadores. Apesar das mais diversas dificuldades, o técnico de 54 anos tem passado por cima de todas elas: prova disso é o grande momento que a equipa atravessa.

Pedras no caminho

O Paradou AC é um clube recente - fundado em 1994 - situado em Argel, capital da Argélia, não tendo praticamente adeptos nenhuns. Lá, existem mais dois clubes: o USM Alger e o MC Alger, primeiro e quarto classificados, respetivamente - o Paradou encontra-se no quinto lugar. Esses são os clubes com mais adeptos do país, o que explica, em grande parte, a inexistência de apoiantes ao clube agora treinado por Francisco Chaló.

©Paradou Athletic Club

Num caminho recheado de pedras, há uma equipa e um treinador que resistem. O Paradou AC é uma equipa com política de formação e não contrata qualquer atleta, jogando apenas com jogadores formados no clube. Com uma média de idades de 21 anos, a maioria dos jogadores está a disputar a primeira liga pela primeira vez e os restantes pela segunda ocasião, dado que os argelinos só subiram ao principal escalão na temporada passada.

Sucesso à vista

Os pupilos de Francisco Chaló detém o estatuto de segundo melhor ataque da prova com 25 golos marcados, ao que se acresce a presença nos «quartos» da Taça da Argélia. De realçar ainda que, à entrada para a 21ª jornada, leva apenas uma grande penalidade a seu favor e várias contra.

©Paradou Athletic Club

Se é verdade que o principal objetivo do clube passa pela manutenção, não é menos verdade que a atual classificação da equipa tem causado algum espanto, realçando-se a diferença de apenas um ponto para o terceiro classificado e os 12 de avanço para a zona de descida. No ano passado, recorde-se, alcançaram a oitava posição no final da época.

Do requinte coletivo à valorização individual

Por tudo isto, há jogadores que se fazem valorizar individualmente. Hichem Boudauoi recebeu o prémio de melhor jogador jovem do principal escalão do futebol argelino, naquela que foi a última edição da bola de ouro da Argélia. Ainda no plantel, com 14 golos, Nadji assume o estatuto de melhor marcador do campeonato. 

©Paradou Athletic Club

O trabalho realizado por Francisco Chaló - com os adjuntos Miguel França e André Mota - tem-se revelado notável e preponderante no crescimento do clube argelino. Com passagens por clubes como Alfenense, Pedras Rubras, Feirense, Naval, Penafiel, Sp. Covilhã, Académico de Viseu e Leixões, Francisco Chaló esperou pelos 54 anos para ter a primeira experiência fora de Portugal e não podia estar a fazer melhor figura. Contratado por ter experiência em lançar jovens, o técnico português tem sido uma sensação no campeonato norte-africano.

Recorde aqui a entrevista de Francisco Chaló ao zerozero, em julho.