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    Puskás Akadémia

    Texto por Ricardo Miguel Gonçalves
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    Dos dias em que a Hungria se destacava como uma das principais potências do futebol mundial, já resta pouco. Com o tempo desvanece a memória dessa magia magiar, como numa má execução da viragem em sépia, mas sobra algo que teima em resistir ao teste do tempo: Ferenc Puskás.

    Esse nome, que pertence a um dos melhores que o futebol já teve, viverá para sempre no folclore húngaro e madrileno, bem como na celebração do golo mais belo de cada ano, mas hoje pertence também a um clube em claro crescendo: a Puskás Akadémia FC.

    Servido por Orbán e ao serviço do Videoton

    O clube nasceu em 2005, então como Felcsút Football Academy, mas em 2007, no dia em que Puskás completaria 80 anos (falecera no ano anterior), mudou o seu nome para honrar o mais famoso de todos os húngaros. Ainda assim, o nome mais associado a este clube, para os residentes da Hungria, é o do polémico primeiro-ministro Viktor Orbán, que foi um dos fundadores e grandes impulsionadores devido à sua ligação a Felcsút, onde cresceu.

    @Puskás Akadémia FC
    Como clube, operou de uma forma pouco independente nos primeiros anos da sua existência. Inicialmente foi considerado como a equipa secundária do Videoton (hoje conhecido como Fehérvár), enquanto percorria os escalões inferiores e, mais tarde, o segundo escalão húngaro.

    Foi só em 2012 que se libertou desse rótulo e ganhou espaço para crescer como uma entidade no futebol do país: em menos de um ano, no final da temporada 2012/13, garantiu a promoção ao principal escalão pela primeira vez.

    Não se fixou imediatamente, uma vez que a terceira temporada (2015/16) terminou em despromoção, mas a conquista do título da 2ª divisão valeu um regresso em força. Desde 2017, ano do regresso, a Akadémia somou melhores resultados que culminaram sob o comando de Zsolt Hornyák, que registou três pódios consecutivos (terceiro, segundo e terceiro novamente).

    Devido a essas classificações, já teve a oportunidade de participar em rondas de qualificação de provas europeias. Na primeira tentativa, em 20/21, foi derrubado na 1ª pré-eliminatória da Europa League pelos suecos do Hammarby. Na segunda tentativa foi mais longe, eliminando o Inter Turku da Conference League, mas mesmo assim caiu perante o RFS da Letónia.

    Uma casa tão bela quanto polémica

    O crescimento da cidade de Felcsút tornou-se quase no projeto favorito de Orbán, e seria muito difícil que tal não desse resultados palpáveis. Embora sendo uma comunidade pequena, em 2009 destacou-se como o povoamento mais rico per capita em todo o país, superando as zonas mais ricas de Budapeste, quando no ano anterior surgia em 336º nessa mesma lista.

    Foram vários os projetos de construção que enriqueceram a cidade, como vilas, linhas ferroviárias, e surgiram até rumores (mais tarde dados como falsos) de um pequeno aeroporto, mas a infraestrutura que define Felcsút é, sem qualquer dúvida, a Pancho Arena.

    @Jozsef Takacs
    Foi em abril de 2014 que a obra de arte dos arquitetos Imre Mkeovecz e Tamás Dobrosi abriu as portas pela primeira vez, para a final da Taça da Hungria. Cinco dias depois recebeu pela primeira vez um jogo da Puskás Akadémia, frente a um Fehérvár que também acabaria por utilizar o estádio durante as obras de reconstrução do seu.

    Se a história deste clube é curta, então não há dúvidas de que grande parte gira em torno da Pancho Arena. Um estádio que desde a sua abertura se destacou pela beleza rara, na conjugação da contemporaneidade com elementos dignos de uma catedral gótica, mas também teve a sua dose de polémicas varridas para debaixo do tapete...

    Em primeiro lugar, destaca-se uma capacidade para mais de 3,8 mil adeptos, numa região cuja população é bem inferior a isso (cerca de 1,7 mil). Mas as alegações de corrupção não foram poucas, devido à ligação de Orbán ao clube e à localidade e ao facto do estádio ter sido construído a poucos metros de terrenos seus. Embora não tenha sido construído com financiamento público, várias empresas contribuíram se envolveram via concursos e beneficiaram de leis (passadas por Orbán) que garantiam benefícios financeiros a quem investisse no desporto. 

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