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    Celtic

    Texto por João Pedro Silveira
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    O Celtic Football Club nasceu  na Igreja de St. Mary, na East Rose Street - hoje conhecida como Forbes Street - em Glasgow, pelo Padre marista Walfrid Kerins, no dia 6 de novembro de 1887, com o singelo propósito de ajudar a combater a pobreza crónica que se instalara entre a população emigrante irlandesa e católica, dos bairros industriais de Glasgow.

    «The Poor Children´s Dinner Table», literalmente a «Mesa de Jantar das crianças Pobres» foi o nome escolhido para o projeto pelo Padre Kerins. Os imigrantes irlandeses na Escócia, eram duplamente discriminados na sua condição de estrangeiros e católicos. Eram vistos quase como cidadãos de segunda, auferindo salários bem abaixo da média, numa cidade predominante protestante e leal à coroa britânica, ao contrário dos irlandeses, que há muito pediam a independência da Ilha Esmeralda. 
     
    The Bold Bhoys
     
    Walfrid Kerins, o Padre Marista que fundou o Celtic Football Club, no dia 6 de novembro de 1887.
    Ciente dessa descriminação, e do forte sentido de pertença da gente irlandesa, o nome Celtic foi escolhido como forma de celebrar o orgulho irlandês pelas suas raízes. A coragem e a força dos jovens irlandeses e católicos, tornou-se desde o primeiro momento, como uma bandeira da sua gente. Uma esperança de um povo, de uma nação, de todo um modo de ser e estar.
     
    Os jogadores eram ferverosamente apoiados em todos os jogos, e rapidamente ganharam a alcunha de Bold Bhoys, «os rapazes corajosos», com o «H» a ser incluído na palavra «boys», para imitar o falar gaélico, característico tanto da Escócia como da Irlanda.
     
    As primeiras vitórias
     
    Os primeiros momentos foram complicados, com o clube a dar grande enfoque na solidariedade e participando em competições locais, começando a jogar no Celtic Park, conhecido pelos adeptos como Parkhead, por se encontrar nessa zona da cidade, no East End de Glasgow. Com o custo da renda pelo terreno a aumentar consideravelmente, o clube mudou-se para um novo estádio, construído a 200 jardas do primeiro, mantendo o nome oficial de Celtic Park.
     
    O primeiro jogo com o Rangers aconteceu a 28 de maio de 1888, e os católicos venceram aqueles que viriam a ser o histórico rival por um prometedor 5x2. Assim começa a «old firm».
     
    A primeira época oficial (1888/89) valeu a primeira chegada à final da Taça, que os verde-e-brancos perderam por 2x3 para o Third Lanark. Três anos mais tarde, os The Bhoys conquistaram o seu primeiro grande troféu, batendo o Queen´s Park na final da Taça, no mesmo ano em que os sócios resolveram adoptar o profissionalismo no clube.
     
    O profissionalismo e a primeira era dourada
     
    1893 marca o ano da primeira conquista da liga escocesa. Os sucessos repetiram-se em 1894, 1896 e 1898. Em apenas dez anos, o Celtic cimentava a sua condição de grande clube, tornando-se rapidamente no mais popular dos clubes escoceses.
     
    The Bold Bhoys em 1908.
    Em 1897, o clube tornou-se uma empresa limitada, Willie Maley era nomeado o seu primeiro diretor geral. Os sucessos começaram a tornar-se comuns, e na primeira década do século XX o clube conquistou um hexacampeonato (1905/10), conquistando ainda a dobradinha em 1907 e 1908, tornando-se o primeiro clube escocês a conseguir tal feito.
     
    Durante a I Guerra Mundial (1914/18) o campeonato não foi encerrado na Escócia, e os verde-e-brancos conquistaram o tetracampeonato, com um incrível recorde de 62 jogos em conhecer o sabor da derrota, entre novembro de 1915 e abril de 1917.
     
    Entre guerras e o pós-guerra: um longo deserto
     
    O pós-guerra não foi uma era de sucesso. Apesar dos cinco campeonatos conquistados até 1939, o Celtic assistiu a emergência do rival  Rangers como grande dominador do futebol escocês, conquistando dezaisseis ligas entre 1918 e 1939.
     
    Com a Guerra alastrar pelo continente, o futebol parou nas Ilhas Britânicas. Na Escócia, o Celtic dava começo a um longo periodo de vacas magras. Até 1965, o Celtic conquistaria apenas a Liga em 1954 e a Taça em 1951 e 1954, além duas Taças da Liga. 
     
    Anos 20, equipa do Celtic a entrar em campo para mais um jogo da liga escocesa.
    O grande feito conseguido nesses anos «negros» foi a conquista da Coronation Cup, uma competição que se realizou em 1953, para celebrar a coroação e subida ao trono da Rainha Isabel II. As quatro melhores equipas da Escócia defrontaram as quatro melhores equipas de Inglaterra, com os oito clubes a apostarem com as suas melhores equipas, na conquista de tão celebrado troféu.
     
    Os verde-e-brancos começaram por eliminar o Arsenal nos quartos-de-final e o Manchester United nas meias-finais, antes de baterem o Hibernian em Edimburgo por 2x0, numa surpreendente final 100% escocesa. 
     
    Os gloriosos anos 60
     
    «Tudo tem o seu tempo determinado», como reza o Livro do Eclesiastes, e os fervorosos católicos de Glasgow, por certo, muitas vezes recordaram esta passagem bíblica, enquanto viam o seu clube enfrentar um longo período de falhanços...
     
    A história começou a mudar quando Jock Stein substituiu Jimmy McGrory, que liderara o «barco» dos «católicos» durante vinte anos. Antigo jogador e capitão, Stein tornou-se o ícone do Celtic, liderando o clube à conquista de um inédito e histórico recorde de nove campeonatos sucessivos. 
     
    1967 tornou-se o Annus Mirabilis dos verde-e-brancos, com o clube a conquistar as cinco competições em que participou: a Taça de Glasgow, a Taça da Escócia, a Taça da Liga, a Liga Escocesa e a «cereja no topo do bolo», a «joía da coroa» do historial do clube, a conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus.
     
    Os «Leões de Lisboa»
     
    Billy McNeill ergue a Taça dos Campeões Europeus no Estádio Nacional em Lisboa.
    Foi na cidade de Lisboa, mais concretamente no Estádio Nacional no Jamor, que o Celtic se tornou o primeiro clube britânico a chegar à final da Taça dos Campeões. Pela frente encontrava-se o Inter de Milão, campeão em 1964 e 1965. Desde a primeira edição da competição, que a Taça dos Campeões era um feudo dos clubes latinos. Em onze anos, só tinham vencido clubes de Espanha, Itália e Portugal, e apenas em duas ocasiões um dos finalistas não viera da chamada Europa Latina.
     
    O Celtic chegou a Lisboa sem favoritismo, e os 45 mil espetadores que lotavam o Jamor, não ficaram surpreendidos com o golo inaugural de Mazzola, na conversão de uma grande penalidade aos sete minutos. O resultado ficaria assim até ao segundo tempo...
     
    Tommy Gemmell e Stevie Chalmers deram a volta e o Celtic conquistava a Europa, depois de um jogo em que os escoceses tinham sido infinitamente superiores ao colosso milanês. Os onze heróis, pela bravura e valia, tornavam-se os «Leões de Lisboa», e foram recebidos na Escócia como verdadeiros heróis. Depois da conquista do mundial pela Inglaterra, o Celtic demonstrara em Lisboa a ascensão do futebol britânico, e o passo seguinte seria dado pelo Manchester United um ano mais tarde...
     
    Os anos setenta
     
    Três anos depois do sucesso em Lisboa, os Bhoys chegaram a mais uma segunda final. Gemmel colocou o Celtic na frente, mas o Feyenoord reagiu e chegou ao empate já na segunda parte. 
     
    Jock Stein, o pai do Celtic campeão da Europa e eneacampeão escocês
    No tempo extra, Kindvall fez o segundo dos holandeses, e o Celtic já não teve forças para reagir. No centro do relvado de San Siro, os «Leões de Lisboa» sentiram o reverso da medalha, e tiveram que assistir a celebração dos jogadores do Feyenoord. Nascia o período de domínio holandês no futebol europeu...
     
    A nível interno, o Rangers conseguia quebrar o domínio do Celtic em 1975. A geração dourada que dominara o futebol escocês por mais de uma década chegara ao fim, e o Celtic preparava-se para ceder novamente o domínio do futebol na Escócia para o velho rival protestante, que conseguira impedir o decacampeonato dos católicos.
     
    Os rapazes de Stein conquistaram pela última vez o campeonato em 1977, fechando um ciclo. Nesse mesmo ano, a estrela Kenny Dalglish saiu para Liverpool, depois de ter ajudado os verde-e-brancos em oito campeonatos. 
     
    Kenny Dalglish, o maior craque da história dos verde-e-brancos, venerado em Parkhead, mesmo décadas depois de se ter mudado para Liverpool.
    Jock Stein, «abandonou o leme» em 1978, sucedendo-lhe Billy McNeill. E os títulos regressariam, com mais três conquistas entre 1979 e 1982.
     
    «Oitentas» e «noventas»
     
    Durante os anos oitenta, o Celtic foi perdendo o predomínio para o Aberdeen de Alex Ferguson e mais tarde para o Rangers. Entre 1989 e 1997, os azuis de Glasgow igualaram o recorde de nove campeonatos do Celtic. E como miraculosamente, quebraram a malapata em 1998, evitando que os rivais conquistassem um histórico e humilhante décimo campeonato consecutivo. Dois pontos separaram os dois rivais no fim do campeonato, muito por culpa dos golos decisivos do sueco Henrik Larsson.
     
    Novo milénio 
     
    Martin O´Neill tornou-se o manager da equipa em 2000 e foi o responsável por nova era dourada do clube. Na primeira década do novo milénio, os verde-e-brancos conquistaram seis Ligas, além de voltarem a uma final europeia, perdida para o FC Porto, em Sevilha, num dramático 2x3.
     
    Henrik Larsson, entre Vítor Baía e Jorge Costa, aguarda pela bola, num dos dois golos que apontou na final de Sevilha.
    Com o regresso à ribalta, o Celtic começou a ser presença constante na Champions League, enquanto a nível interno, a rivalidade com o Rangers parecia não ter fim...
     
    Contudo, em 2012, um tribunal escocês declarou a insolvência do Glasgow Rangers, que assim se viu relegado dos grandes palcos, deixando o velho rival Celtic sem rival no futebol escocês, sozinho, numa solitária corrida rumo ao futuro...Seguiram-se anos de claro domínio do Celtic a nível interno. Sem o seu rival para batalhar consigo, os católicos foram colecionando títulos atrás de títulos e entre 2012 e 2016 - altura em que o Rangers regressou à elite do futebol escocês - venceram uma Taça da Liga, quatro campeonatos e uma Taça da Escócia.
     
    Em 2016/17, os dois rivais voltaram a pisar os mesmos palcos, mas o Rangers ainda estava em «reconstrução» e o Celtic foi aproveitando para se adicionando mais alguns títulos ao seu já vasto palmarés, seguiram-se mais quatro títulos de campeão escocês - e quatro taças da Escócia e quatro Taças da Liga, vencendo os 12 títulos que havia para disputar a nível interno entre 2016 e 2020 -, mas o Rangers ia crescendo a olhos vistos e aproximando-se dos níveis apresentados antes da crise de 2012, até que conseguiu mesmo acabar com a hegemonia do seu rival.
     
    Em 2020/21, o Celtic até começou muito bem e o equilíbrio reinava no Scottish Championship, mas uma péssima fase entre novembro e dezembro, que até começou com uma derrota frente ao Rangers (0x2) e ditou o adeus à Liga Europa, ditou o afastamento por completo para o 2º lugar e um ano para esquecer. O campeonato ficou para o rival Rangers, que terminou com mais 25 pontos (!) que o Celtic e as Taças ficaram as duas para o St. Johnstone.

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    motivo:
    MA
    Celtic FC
    2015-03-14 17h32m por Macho_CelticFC
    Celtic FC Melhor Clube De Todos Os Tempos
    MA
    Celtic FC
    2015-03-14 16h49m por Macho_CelticFC
    Celtic FC Melhor Clube De Todos Os Tempos Melhor Equipa Da Escocia Forza Celtic FC
    MA
    Celtic FC
    2015-03-14 16h32m por Macho_CelticFC
    Celtic FC Melhor Clube De Todos Os Tempos E Melhor Clube Da Escocia Forza Celtic FC
    MA
    Celtic FC
    2015-03-14 00h00m por Macho_CelticFC
    Celtic FC Melhor Clube Do Mundo E Melhor Clube De Todos Os Tempos Melhor Da Escocia Forza Celtic FC
    DI
    Celtic de Glasgow
    2013-07-12 05h52m por Diamond_1994
    Uma das melhores equipas de todos os tempos
    Estádio
    Celtic Park
    Lotação60411
    Medidas110x75
    Inauguração1892