As gentes de Vila do Conde durante anos viram o seu clube viver à sombra do rival Varzim. "Encurralados" entre as zonas de influência do FC Porto e dos varzinistas, os verde-e-brancos cresceram à custa do esforço e suor de gerações de jogadores, treinadores, dirigentes e sócios.
Gente do mar e da lavoura, uniu esforços para tornar o Rio Ave aquilo que é hoje, um clube considerado um exemplo no aproveitamento das suas escolas, uma "casa" onde os anos passam e a sua força se reforça...
Esta é a história do Rio Ave, desde as suas origens humildes até ser um membro praticamente permanente do clube dos grandes.
Origens humildes
No dia 10 de maio de 1939, José Maria Amaro, José Saraiva Dias, Ernesto Braga, Albino Cunha e João Raposo, fartos que estavam de Vila do Conde não ter nenhum clube de futebol digno da localidade, após muito trabalho, esforço e sacrifício, que envolveu a aglutinar de vontades, angariação de sócios e fundos, aquisição de equipamentos, bolas, chuteiras, balizas, fundaram o Rio Ave Futebol Clube. No campo improvisado por detrás da Capela da Senhora do Desterro, o campo do Velódromo, iniciaram os seus treinos e jogaram os primeiros jogos.
Para mais facilmente se filiarem na A.F. Porto, os dirigentes alugaram um terreno situado na Av. Júlio Graça que ficou conhecido como o Campo da Avenida. Devidamente regularizado e com campo estabelecido, o Rio Ave lançou-se nos campeonatos regionais, ganhando a promoção à III Divisão nacional logo em 1941/42, para, na época seguinte, subir à II Divisão.
O clube foi crescendo e ganhando adeptos em Vila do Conde e em núcleos populacionais próximos. Com um crescente número de sócios, foi vivendo sem grande destaque nos escalões inferiores, muito longe da relevância que o rival Varzim tinha no panorama nacional.
Só em 1979/80 é que os verde-e-brancos subiram ao primeiro escalão. Cedo a visita a Vila do Conde tornou-se sinónimo de problemas, inclusive para os três grandes.
Chegada ao clube dos grandes
Após descer no ano de estreia, o Rio Ave voltou em 1981/82 para conseguir um extraordinário 5º lugar, que por pouco não deu apuramento para as competições europeias.
Em 1984, o clube chegou pela primeira vez à final da Taça de
Portugal, onde perdeu no Jamor com o
FC Porto. Meses mais tarde, inaugurou o novo Estádio dos Arcos em Vila do Conde, defrontando e vencendo o
Sporting por 3x2.
Depois de despromoções em 1985 e 1988, o Rio Ave só voltou à I Liga em 1997, após conquistar o seu primeiro título de campeão da II Liga em 1996, o segundo troféu da história do clube, depois da conquista do Campeonato da 2ª Divisão em 1986.
1997 foi o ano em que começou a longa relação entre Carlos Brito e o Rio Ave. À 14ª jornada, Brito substituiu Henrique Calisto quando a equipa só tinha 3 pontos. No fim da época, os vilacondenses eram 15º com 35 pontos, após uma das mais extraordinárias recuperações da história do Campeonato português.
Crescimento sustentado
Entre 1997 e 2011, o Rio Ave foi ganhando um espaço seguro entre os grandes do futebol nacional, disputando 9 campeonatos da I Liga contra 5 épocas passadas no escalão inferior. Na Taça, não voltou a conseguir repetir a façanha de 1984, tendo estado contudo muito perto nas duas vezes em que chegou às meias-finais da Taça (2000, 2010).
Depois, já no tempo de António Silva Campos, Nuno Espírito Santo chegou aos «Arcos» pela mão do empresário Jorge Mendes, para guiar um projeto que prometia reestruturar o clube vila-condense. Depois de uma primeira época segura, o segundo ano de Espírito Santo à frente dos verde-e-brancos (2013/14) revelou-se histórico, com o Rio Ave a conseguir o feito de se qualificar para a final tanto da Taça de
Portugal, como da Taça da Liga, eliminando o SC Braga em ambas as competições.
Nas duas finais, o clube de Vila do Conde seria vencido pelo
Benfica, perdendo a Taça da Liga em Leiria, fruto dos golos de Rodrigo e Luisão e perdendo a final da Taça no Jamor, por 1x0, trinta anos passados da epopeia dos "barbudos".
A presença na final da Taça de
Portugal permitiu ao Rio Ave mais dois feitos: a estreia nas competições europeias e a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, novamente contra os encarnados.
Desta feita em Aveiro, e já com Pedro Martins ao leme, o Rio Ave empatou a zero bolas com as águias, acabando por perder a taça no desempate por grandes penalidades. Contudo, dias antes, o Rio Ave fizera história ao bater o IFK Gotemburgo por 0x1 fora, na estreia nas competições europeias, dando um passo decisivo para eliminar os suecos e ultrapassar com sucesso a sua primeira etapa europeia.
[Texto escrito em 2011 e revisto em 2014]