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    João Havelange: o Senhor FIFA

    Texto por João Pedro Silveira
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    Presidente da FIFA entre 1974 e 1998, o brasileiro João Havelange é o principal dirigente do organismo máximo do futebol, tendo revolucionando o desporto e abraçado o futebol indústria e "acabando" com a inocência dos velhos tempos. Polémico, frontal, frio, decidido, Havelange levou o futebol aos quatro cantos do mundo, tornando o mundial da FIFA na competição mais mediática do planeta.

    Infância feliz

    Jean-Marie Faustin Goedefroid Havelange nasceu no Rio de Janeiro, a 8 de maio de 1916, filho de Faustin Havelange, um belga que emigrara para o Brasil e aí fizera fortuna como armeiro.
     
    Faustin radicara-se na Cidade Maravilhosa, onde adquiriu uma grande fazenda que ocupava uma área que se estende pelos atuais bairros das Laranjeiras, Cosme Velho e Santa Teresa.
     
    Membro da elite carioca, o pequeno Jean-Marie cresceu rodeado de mordomias. Muito bom aluno, estudou nos melhores colégios, teve uma educação prendada e clássica, mas nunca descurou a atividade atlética, praticando natação e outros desportos desde novo.
     
    Entre as diversas atividades em que acompanhava a família contam-se os passeios pelo Jardim Botânico ou as regatas a que assistiam na Baía de Guanabara. Fluminense desde pequeno, não dispensava visitar as Laranjeiras e era com orgulho que vestia as cores tricolores, na natação e no polo aquático, mas também no futebol, onde brilhava na "zaga" das camadas jovens.
     
    A paixão pela bola assustou o pai, que preferia a natação e que lhe proibiu a carreira futebolística, virando-se um dia para o filho com a singela frase: «Tu vais deixar o futebol». Dito e feito: as chuteiras foram penduradas e a natação era o seu caminho.
     
    Sucessos desportivos e profissionais
     
    Com apenas 20 anos, Havelange participou nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, nas famosas olimpíadas em que Jesse Owens humilhou Adolf Hitler. Representando o Brasil na natação, nas provas de 400 e 1500 metros livres, onde não passou das eliminatórias, viu-se impossibilitado de participar nos jogos de 1940 e 1944 por culpa da Segunda Guerra Mundial.
     
    @Domínio Público
    Dentro de água, João, como os amigos o tratavam para facilitar as conversas, sentia-se no seu meio natural. Campeoníssimo, venceu por duas vezes a travessia do Tietê, que nesses anos vinte do século passado ainda estava muito longe de ser o rio "domado" que é nos nossos dias. 

    Voltaria a participar nas olimpíadas de 1952, em Helsínquia, desta feita no polo aquático, onde a seleção brasileira terminou na 13.ª posição. Quatro anos depois capitaneou a delegação brasileira nas olimpíadas de Melbourne. Um ano antes ainda conquistara a medalha de bronze no torneio pan-americano de polo aquático. 
     
    Mas não foi só nas piscinas que Havelange teve sucesso pois, uma vez terminados os estudos gerais com distinção, entrou na prestigiada escola de Direito da Universidade Federal Fluminense, onde se graduou com 24 anos.
     
    Licenciado, trabalhou como assessor jurídico da Auto Viação Jabaquara, uma conhecida empresa carioca de camionagem, tendo mais tarde assumido a presidência da Viação Cometa, uma "rival" da Jabaquara. Mais tarde diversificou os seus investimentos, tornando-se dono da Orwec Química e da Metalurgia Ltda, o que fez dele um dos homens de negócios mais respeitados do país e um administrador de referência no panorama empresarial, tanto do Rio de Janeiro como de São Paulo. 
     
    Homem do desporto
     
    Depois de se ter mudado do Rio de Janeiro para São Paulo, jogou polo e nadou ao serviço de clubes paulistas, tornando-se presidente da Federação Paulista de Natação já depois do fim da guerra, em 1948. 
     
    Voltando para o Rio em 1952, tornou-se presidente da Federação Metropolitana de Natação e assumiu a presidência da Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
     
    Em 1956, assumiu a presidência da CBD que era, à época, um órgão que superintendia os principais desportos do Brasil, entre eles o futebol que só se autonomizou quando a CBD se extinguiu para dar lugar às diversas federações, como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Figura destacada do dirigismo, foi com naturalidade que, em 1963, se tornou membro do Comité Olímpico Internacional.
     
    Homem do futebol
     
    Abandonou a direção da CBD em 1973 e, um ano mais tarde, abraçou o projeto da sua vida, a presidência da FIFA. Ao derrotar o inglês Stanley Rouss no congresso da FIFA em 1974, Havelange tornou-se no primeiro não europeu a assumir o cargo.
     
    A sua visão do futebol era revolucionária. Homem de negócios, senhor de uma intuição brilhante, ao que se somavam muitos anos de dirigismo desportivo, Havelange era o homem certo no local certo para transformar o futebol de um desporto inocente, numa "indústria" com uma capacidade de gerar receitas como poucas no mundo.
     
    @Getty / Kevork Djansezian
    Há muito que Havelange percebera que o futebol era o único desporto global, ou quase, com uma competição - o Mundial - devidamente organizada, já com tradição e um público alvo sem igual no planeta.
     
    Com o apoio do especialista de marketing, Patrick Nally, percorreu o mundo procurando patrocinadores, fechando o negócio com dois gigantes da economia mundial, a Coca-Cola e a Adidas que apareceram em grande destaque no Mundial de 1978, na Argentina. Nally e Havelange entravam pela porta grande, conseguindo o patrocínio das blue chips, tornando, num ápice, a anteriormente endividada FIFA numa máquina de gerar receitas 
     
    Revolução no mundial
     
    A Coca-cola há muito que estava ligada ao movimento olímpico, sendo patrocinadora associada desde os Jogos de Amesterdão em 1928. Por sua vez, a Adidas associara-se à FIFA, providenciando a bola oficial dos Mundiais de 1970 e 1974, a Telstar. 
     
    Contudo, Horst Dassler, filho do fundador Adolf "Adi" Dasler, queria mais. A multinacional alemã que nascera pela mão dos irmãos Dasler, na pequena Herzogenaurach na Baviera, há muito que percebera a possibilidade que o futebol representava para o grande comércio internacional. Juntar às receitas da sponsorização a possibilidade da Adidas equipar as principais seleções que participavam no Mundial fez com que o papel da marca revolucionasse o futebol mundial.
     
    Entretanto, Havelange continuava a sua revolução, reestruturando os quadros da FIFA. Em 1975, Sepp Blatter chegou à organização e construiu uma nova sede em Zurique, à altura do novo império que a FIFA se estava a tornar.
     
    O alargamento do número de presenças na fase final em 1982, tornando o jogo mais global e fazendo alinhar mais equipas de fora da Europa e América do Sul, transformou a economia do jogo.
     
    Os direitos de transmissão para a Europa foram vendidos por 400 milhões de dólares em 1987 e, onze anos mais tarde, os direitos de transmissão para todo o mundo, exceto nos Estados Unidos da América, já eram vendidos pela astronómica soma de 2,2 mil milhões de dólares.
     
    O sucesso do Mundial permitiu que surgissem os Mundiais de sub-20 e sub-17, o Mundial feminino e ainda a Taça das Confederações, tudo competições que nasceram debaixo do consulado de Havelange. 
     
    Em 1998, 32 equipas participaram no Mundial de França, precisamente o dobro dos que haviam participado no Mundial de 1974 ou 1978. Durante a sua presidência, o Mundial teve lugar na Europa, América do Sul, América do Norte e Central. A globalização continuaria com o seu delfim, Blatter, com o Mundial a chegar à Ásia (2002), África (2010) e Médio Oriente (2022). 
     
    Antes de começar o pontapé de saída do Mundial de França (1998), Havelange abandonou a presidência da organização, sendo sucedido no cargo pelo seu braço direito, Sepp Blatter.
     
    Presidente da FIFA durante 24 anos, apenas superado em anos de mandato pelo fundador Jules Rimet, Havelange tornou-se uma figura fulcral do futebol mundial. 
     
    Acabou por sair por baixo das sombras de suspeição por corrupção, tanto na FIFA como no Brasil, contudo, Blatter nomeou-o Presidente Honorário da FIFA, cargo do qual abdicou em 2014 devido a problemas de saúde. 
    Interested in sports since his childhood years, at the age of 20 Havelange competed as a swimmer at the 1936 Summer Olympics in Berlin, but failed to go beyond the heats of the 400m freestyle and 1500m freestyle events. He was also part of the Brazilian team that tied for 13th in water polo at the 1952 Summer Olympics in Helsinki.[7] He was the chef de mission of the Brazilian delegation at the 1956 Summer Olympic Games in Melbourne.Havelange was born on 8 May 1916, in Rio de Janeiro, to an affluent family; his father, Faustin Havelange, had immigrated to Brazil from Belgium, worked as an arms dealer, and owned a large estate that stretched along the present-day districts of Laranjeiras, Cosme Velho and Santa Teresa. An excellent student at school, Havelange was accepted to the prestigious Law School of Fluminense Federal University, from which he graduated at the age of 24 with a a PhD in Law.[5] He worked as a legal advisor for bus company Auto Viação Jabaquara, and became president-director of another bus company, Viação Cometa S/A.[5] He is also senior partner at chemical and metallurgical company Orwec Química e Metalurgia Ltda.[5][6]
     
    Interested in sports since his childhood years, at the age of 20 Havelange competed as a swimmer at the 1936 Summer Olympics in Berlin, but failed to go beyond the heats of the 400m freestyle and 1500m freestyle events. He was also part of the Brazilian team that tied for 13th in water polo at the 1952 Summer Olympics in Helsinki.[7] He was the chef de mission of the Brazilian delegation at the 1956 Summer Olympic Games in Melbourne.
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    Fotografias(3)

    João Havelange como atleta nos JO 1936
    Sepp Blatter, Joao Havelange

    Comentários

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    motivo:
    CO
    E corrupto
    2020-05-08 12h23m por costinhazz
    Já agora acrescentem o adjetivo corrupto.
    RIP
    2016-08-16 14h32m por ProZeroTomas
    RIP João Havelange
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