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    História da edição

    Champions 94/95: Os meninos de Van Gaal

    Texto por Vasco Sousa
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    Ao terceiro ano de vida, a Champions mudou de formato. O prestígio e os milhões da prova levaram a que muitos clubes e federações pedissem à UEFA para aumentar o número de equipas presentes na fase de grupos – e o organismo aceitou. O aumento foi de oito para 16 equipas, com os campeões nacionais dos países melhores classificados do ranking UEFA a terem entrada direta. Assim, históricos como Benfica, Ajax, Manchester United ou Bayern estrearam-se no novo formato da competição e a equipa holandesa não deu hipóteses à concorrência, conquistando o troféu de forma invicta.

    Na fase de grupos, o PSG foi a única equipa 100% vitoriosa, alicerçada na forma sublime do liberiano George Weah (melhor marcador da prova), vencendo inclusivamente os dois jogos frente ao poderoso Bayern. Hajduk Split e IFK Gotenborg foram as surpresas da fase de grupos: o campeão croata foi impotente para travar o Benfica de Preudhomme, João Vieira Pinto ou Caniggia, mas levou a melhor sobre os históricos Steaua e Anderlecht, enquanto a equipa sueca, com vários jogadores que tinham ficado no 3.º lugar no Mundial 94 ao serviço da Suécia, venceu um grupo que tinha no Barcelona e no Manchester United os principais favoritos. A equipa inglesa acabou por cair prematuramente na prova, depois de ter sido goleada no Camp Nou por 4x0, numa daquelas noites em que o Dream Team de Cruyff funcionou em pleno.

     

    O Benfica caiu contra o campeão Milan @Getty / Clive Brunskill
    A fase de grupos proporcionava um duelo histórico: o campeão europeu Milan defrontava o poderoso Ajax. A equipa de Amesterdão contava com Rijkaard, ex-jogador do milaneses, que fazia a última época da carreira, e com muita qualidade no plantel, com muitos jovens. Louis van Gaal, conhecido por adotar um estilo de jogo ofensivo e por não ter medo de apostar na juventude, era o técnico, e logo no primeiro jogo mostrou que era candidato ao título de campeão europeu, ao vencer o Milan por 2x0. Os holandeses voltaram a vencer a equipa milanesa pelo mesmo resultado, agora no San Siro. Agora, não havia dúvidas: o Ajax era candidato ao título.

    Nos quartos de final, o Milan afastou o Benfica com dois golos de Simone, o Bayern afastou o IFK pela regra dos golos fora, o Ajax não teve grandes dificuldades para seguir em frente ao Hajduk Split, enquanto o PSG eliminou um dos principais candidatos à conquista do troféu, o Barcelona – que, nessa época, viu o grande rival Real Madrid terminar com a hegemonia catalã na Liga Espanhola.

    Nas meias-finais, o Milan terminou com o sonho do PSG em conquistar um título europeu pela primeira vez, ao vencer os dois jogos da eliminatória (os parisienses caíram, assim, pela terceira época consecutiva numa meia-final europeia) e o Ajax não deu hipóteses ao Bayern: depois de um nulo em Munique, uma histórica goleada por 5x2 na segunda-mão.

    A final, disputada em Viena, opunha duas filosofias diferentes: de um lado, o experiente Milan, que disputava a final pela terceira época consecutiva, que adotava uma tática mais de expectativa; do outro, o irreverente Ajax, recheado de juventude – muitos dos seus jogadores nunca tinham, sequer, disputado a Liga dos Campeões.

    O jogo foi equilibrado, apesar de um Ajax mais dominador. Quando já se esperava o prolongamento, o golo do Ajax, que não podia ser mais simbólico: o veterano Frank Rijkaard subiu no terreno, desequilibrou a defesa milanesa e isolou o jovem Kluivert, que bateu Rossi, entrando assim na história: aos 18 anos, tornou-se o mais jovem de sempre a marcar numa final da Taça/Liga dos Campeões.

    A ideia de futebol positivo e da aposta na formação levou, assim, o Ajax a voltar a ser o rei da Europa 22 anos depois, com uma equipa para a história do futebol europeu, que reunia a experiência de Blind e Rijkaard, os estrangeiros Finidi e Litmanen ou os jovens Van der Sar, Seedorf, Davids, Overmars, Kanu, Kluivert e os irmãos De Boer. E Van Gaal tornava-se, igualmente, um dos treinadores de referência do futebol mundial.

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    jogos históricos
    U Quarta, 24 Maio 1995 - 19:30
    Ernst-Happel-Stadion
    Ion Crăciunescu
    1-0
    Patrick Kluivert 85'
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    Estádio
    Ernst-Happel-Stadion
    Lotação50865
    Medidas105x68
    Inauguração1931