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    Gheorghe Hagi: O Maradona dos Cárpatos

    Texto por João Pedro Silveira
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    Falar do futebol romeno é falar de Gheorge Hagi, Giga, como é conhecido por amigos e ex-colegas, unanimemente considerado como o melhor jogador que a Roménia já viu nascer. 
     
    Desde cedo se destacou no trato que dava ao esférico. O seu enorme talento levou a Federação Romena a conduzi-lo ao Luceafărul Bucareste, uma escola para grandes talentos, onde chegou com quinze anos. Contudo, a dificuldade de adaptação à vida longe da família e dos amigos, fê-lo regressar mais tarde ao Farul Constanta, clube onde começara a carreira e onde debutou como sénior em 1982.
     
    Na época seguinte, depois de ser sondado pelo Universidade de Craiova, mudou-se novamente para a capital, mas desta vez para o modesto Sportul Studenţesc, que lhe abriu as portas, depois de se precaver no contrato, contra eventuais problemas de saúde que se temia que o pequeno Gheorge sofria.
     
    Apesar da desconfiança inicial, a verdade é que Hagi ganhou logo lugar no onze do Sportul, tornando-se na principal referência e estrela da equipa. As boas exibições conduziram-no à seleção, estreando-se em 1983 num empate a zero com a Noruega, acabou por fazer parte dos convocados da Roménia no Euro 84 em França.
     
    Num grupo que contava com a campeã europeia e vice-campeã mundial Alemanha Federal, e ainda a Espanha e Portugal, a Roménia acabou por ficar eliminada logo na primeira fase, Hagi só jogou no segundo jogo - derrota por 1x2 com os alemães - mas o seu lugar na seleção nacional estava conquistado. 
     
    O salto para o Steaua
     
    O assédio dos grandes da capital (Steaua e Dinamo) acentuou-se, especialmente depois do Sportul discutir o título com o Steaua na temporada de 1985/86. O vice-campeonato abriu as portas - e a cobiça - da Europa para Hagi e companhia. O jovem jogador conquistava o prémio de melhor marcador da liga romena pela segunda vez consecutiva. 
     
    Depois da vitória a Taça dos Campeões Europeus em Sevilha, sobre o Barcelona, o Steua qualificou-se para jogar a Supertaça europeia contra os soviéticos do Dinamo de Kiev. O grande clube da capital contactou o Sportul, com vista ao empréstimo de Hagi para esse jogo só. O contrato era específico quando falava em apenas um jogo, mas o golo de Hagi, único da partida que garantiu mais um troféu aos «militares», abriu as portas a um novo contrato e Hagi mudou-se de armas e bagagens para o gigante da capital, onde pegou de estaca na equipa, conquistando um tricampeonato nas três primeiras épocas em que jogou de vermelho e azul.
     
    Diversos clubes europeus tentaram contratar a estrela romena, mas seria a Juventus que estaria mais perto de o conseguir, através de um negócio polémico que envolvia o financiamento de um hospital na Roménia. Os valores do negócio, a dimensão mediática da transação, a saída de um herói nacional para um clube estrangeiro, ainda para mais controlado por uma grande empresa «capitalista» fizeram o governo de Nicolae Ceausescu intervir no processo e impedir a transferência de Hagi para o colosso italiano.
     
    O sucesso em Itália e a mudança para Madrid
     
    Impedido de sair para Itália, acabou por chegar a terras transalpinas, em Junho de 1990, vestindo a camisola da sua seleção que ia disputar o Campeonato do Mundo. A Roménia voltava a um mundial, vinte anos depois de ter tido uma passagem discreta pelo mundial do México.
     
    Em Itália, a Roménia encontrava pela frente a campeã Argentina, a sempre poderosa União Soviética e os Camarões. Hagi não jogou na estreia, vitória por 2x0 sobre os soviéticos, mas já lá liderou a equipa na derrota com os africanos e no empate com a Argentina, que garantiu a passagem aos oitavos de final, onde a Roménia acabou por cair no desempate por grandes penalidades, contra a República da Irlanda.
     
    Entretanto, na Roménia natal, a Revolução de Dezembro de 1989, derrubara Ceausescu e o regime comunista, permitindo uma nova liberdade, que entre outras coisas, permitia a saída e livre circulação para o ocidente de jogadores de futebol. Hagi foi dos primeiros a aproveitar a abertura, e depois de terminada a aventura italiana, transferiu-se para o Real Madrid
     
    4.3 milhões de dólares foram depositados na conta do Steaua e Hagi tornava-se «merengue». Em duas épocas, Hagi não conseguiu estar à altura das expectativas, não conseguindo conquistar o Campeonato, acabando por ser vendido para o Brescia. Em Itália, não conseguiu impedir o seu clube de descer à Serie B, onde seria campeão na época seguinte.
     
    Sucesso em «Terras do Tio Sam»
     
    Uma «segunda vida» do craque romeno teria lugar depois do renascimento do Campeonato do Mundo de 1994. Depois do Mundial em terras norte-americanas, onde a Roménia brilhou e chegou até aos quartos-de-final (novamente eliminada nas grandes penalidades), Hagi era uma das estrelas mais cobiçadas do planeta e voltava a Espanha, desta vez para jogar com a camisola do Barcelona, o grande rival do Real Madrid
     
    Nos states, Hagi brilhara ao mais alto nível. No palco dos palcos, perante os olhos atentos do planeta, «o Maradona dos Cárpatos» liderara a sua equipa a melhor classificação de sempre em mundiais do país do sudeste europeu. 
     
    Apesar de uma goleada sofrida às mãos da Suíça, a Roménia venceu o grupo com seis pontos, caminhando para os oitavos, onde surpreendentemente bateu a Argentina por 3x2, com mais um golo de Giga, o terceiro na prova. A aventura terminou em Palo Alto, onde no desempate através da linha de onze metros, a Roménia foi menos feliz que a Suécia.
     
    De Barcelona para Istambul
     
    Na «Cidade Condal», Hagi não foi feliz. O Barça de Cruijff, tetracampeão espanhol, não conseguiu resistir a um renascido Real Madrid. Os catalães acabaram por terminar em 4º, com o craque romeno a não conseguir cumprir as expectativas, desiludindo os adeptos, que esperavam que fosse um substituto para o dinamarquês Michael Laudrup, que trocara o clube azul-grená pelo Real Madrid
     
    Uma época volvida, o Barcelona voltou a deixar escapar o título, ficando em 3º., a sete pontos do líder Atlético Madrid. Insatisfeito, Hagi aproveitou o convite dos turcos do Galatasaray e mudou-se para a cidade do Bósforo.
     
    Na Turquia, Hagi tornou-se num símbolo do clube amarelo e vermelho, conquistando um histórico tetracampeonato entre 1997 e 2000, atingiu a imortalidade, quando liderou o Galatasaray à conquista da Taça UEFA em 2000, a primeira vitória europeia de um clube turco. Deixou os relvados em 2000/01, sendo a camisola do Galatasaray a última que envergou, como um dos melhores, se não o melhor, jogadores romenos de sempre.
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    Gheorghe Hagi (ROM)
    Gheorghe Hagi (ROM)

    Comentários

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    motivo:
    SO
    Hagi
    2019-02-05 18h54m por sofintas
    A jogar ao nível do que jogou no grande Steaua da altura e daquela excelente selecção romena, hoje ("sem golos") Hagi seria o segundo melhor jogador do mundo, apenas existe um melhor do que Hagi.

    Jogador fabuloso! E pôs-me sempre atemorizado cada vez que a bola chegava aos pés dele no Benfica - Steaua de Abril de 88, meia-final da Taça dos Campeões (130000 pessoas, e mais algumas a ter de sair. . . ficavam nas partes de acesso às bancadas. . . bilhetes na candonga, ultrapassando os 120000 da capacidade do estádio).