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    Fabio Cannavaro: O Muro de Berlim

    Texto por Vasco Sousa
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    Golos, assistências, técnica. Normalmente, os prémios individuais no futebol vão para os jogadores que reúnem estas características. Mas, em 2006, foi um jogador que dominava como poucos a arte de defender a ser eleito o melhor jogador do Mundo: Fabio Cannavaro é o seu nome.

    Filho de Nápoles

    Nascido em Napoli em 1973, cedo chegou ao clube local (do qual era adepto em criança), sendo um habitual apanha bolas nos jogos da equipa, nos tempos vitoriosos de Maradona. Para além do astro argentino, Cannavaro era fã de Ciro Ferrara, defesa central dos napolitanos. Nas camadas jovens, inicialmente começou por alinhar como médio defensivo, passando depois a jogar como defesa central. O seu nome começou a ser falado quando num treino frente à equipa principal do Napoli teve uma entrada mais dura sobre Diego Maradona, que gerou críticas dos colegas do jogador argentino. Contudo, foi o próprio Maradona a serenar os ânimos e a incentivar o jovem Fabio a continuar competitivo.

    Com 18 anos, Cannavaro estreou-se pela equipa principal dos napolitanos, num jogo frente ao Modena, na Taça. Nessa sua primeira época, o jovem central só realizou três jogos, mas em 1993/94 já assumiu a titularidade. No final dessa temporada, venceu o Europeu Sub 21 na final frente a Portugal. Nessa equipa da Squadra Azzurra pontificavam, entre outros, Toldo, Panucci ou Pippo Inzaghi.

    Sucesso em Parma

    Em dificuldades financeiras, o Napoli vendeu Cannavaro ao Parma em 1995. Foi em Parma que o central italiano mais tempo jogou. Foram sete épocas, em que conquistou três títulos, foi considerado o melhor defesa da Serie A e chegou a capitão de equipa. Em 1999, conquistou o seu principal título no clube: juntamente com Buffon, Thuram, Dino Baggio, Verón ou Crespo, conquistou a Taça UEFA.

    Foi precisamente ao serviço do Parma que se estreou pela seleção principal italiana, em 1997, isto depois de ter conquistado novamente o Euro Sub 21 em 1996 (numa prova em que foi considerado o melhor jogador) e ter participado nos Jogos Olímpicos de Atlanta. Em 1998, era já indiscutível na Squadra Azzurra, formando dupla de centrais com Nesta, dois jogadores que fizeram história no futebol italiano.

    Gigantes italianos

    Em 2002, com o Parma a atravessar uma crise financeira, foi contratado pelo Inter. Em Milão esteve apenas duas épocas, e não foi totalmente feliz. A equipa oscilava, Cannavaro sofreu algumas lesões e nunca conseguiu render a 100%. Foi, assim, contratado pela Juventus, em 2004, onde reencontrou os seus ex-colegas do Parma Buffon e Thuram. Foram duas excelentes temporadas em Turim, com grandes exibições e estatuto de ídolo dos adeptos da Juve.

    O quente 2006

    @Getty /
    Chegamos então ao verão de 2006. A Juventus tinha conquistado o bicampeonato, mas um escândalo de corrupção (conhecido por Calciocaos) motivou a perda dos dois títulos e a descida da Juventus. Foi num clima bem pesado que a Itália se preparava para o Mundial 2006. Os italianos não acreditavam muito na equipa: para além do escândalo que envolvia todo o futebol transalpino, as provas anteriores tinham terminado em pesadelo para a Squadra Azzurra. Em 2000, quando os italianos já festejavam o título de campeão europeu, sofreram um golo no último lance de jogo, acabando depois por perder a final no prolongamento. Em 2002, os italianos foram eliminados no Mundial pela Coreia do Sul, num dos jogos mais polémicos da história da competição. Já em 2004, a Itália caiu logo na fase de grupos, depois do suspeito empate a dois golos entre a Suécia e a Dinamarca.

    Mas 2006 ficaria na história do futebol italiano. Já como capitão da equipa, depois do abandono de Maldini em 2002, Cannavaro liderou a Itália até ao seu quarto título de campeão mundial. O central italiano foi muito elogiado ao longo de toda a competição, onde foi totalista e não viu um único cartão. À medida que a competição avançava, mais evidente era o papel decisivo de Cannavaro, com os jogos das meias-finais (inesquecível o lance do segundo golo da Itália, graças à competência do seu capitão) e na final da prova. Cannavaro integrou a equipa ideal do Mundial e foi ele quem levantou a taça de campeão mundial. Por essa altura ganhou a alcunha de “Muro de Berlim”.

    2006 não ficaria por aqui para Cannavaro: após a descida da Juventus, transferiu-se para o Real Madrid e no final do ano seria eleito, aos 33 anos, Melhor Jogador do Mundo pela FIFA, um prémio que normalmente vai para as mãos dos mais virtuosos e goleadores, e não para aqueles que se destacam por evitar os golos dos adversários.

    Os últimos passos

    No Real Madrid ficaria três épocas, conquistando dois títulos de campeão, mas foi na capital espanhola que o seu declínio futebolístico começou. Em 2008/09 (depois de ter falhado o Euro 2008 devido a lesão), foram por demasiadas evidentes as suas dificuldades, principalmente a nível da velocidade, que levaram os merengues a sofrer vários golos. Voltou à Juventus, sem grande sucesso e com uma relação conturbada com os tiffosi, participando ainda no desastroso Mundial 2010 da Itália, e terminou a carreira nos Emirados Árabes Unidos, em 2011.

    Pouco depois de ter anunciado o final da carreira, Cannavaro iniciou uma nova carreira, a de treinador, com experiências no continente asiático. Ainda assim, foram as suas performances como jogador e, principalmente, aquele maravilhoso verão de 2006, que tornaram o seu nome como incontornável no futebol mundial. Passados todos estes anos, ainda mais nenhum defesa venceu a Bola de Ouro...

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    Fabio Cannavaro (ITA)
    Fabio Cannavaro (ITA)

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