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    João Pinto: O Camisola 2

    Texto por Vasco Sousa
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    Camisola 2, capitão do FC Porto. Não há um portista que, com estas características, não saiba de quem se fala. João Pinto foi o mais emblemático dos capitães dos dragões e o jogador com mais jogos realizados pelos azuis e brancos.

    Nascido em Vila Nova de Gaia, João Pinto começou a jogar futebol aos 12 anos, no Oliveira do Douro. Aos 14, chegou ao FC Porto, onde terminou a formação. Em 1981, com 19 anos, é chamado para um jogo da equipa principal pela primeira vez, mas não chega a jogar. O austríaco Herman Stessl era o treinador dos dragões.

    Os primeiros passos

    É precisamente o treinador austríaco quem promove a estreia do jovem lateral direito. O palco: Estádio da Luz. O FC Porto perde por 2x0 frente ao Benfica em jogo da 1.ª mão da Supertaça Cândido de Oliveira (viraria a eliminatória na 2.ª mão) e o jogo não podia ser mais emblemático: ao longo de toda a carreira, João Pinto e o FC Porto tiveram no Benfica o seu maior rival, com alguns duelos históricos e, por vezes, a ultrapassar o razoável em termos de agressividade.

    Terminaria a época com apenas 11 jogos, mas a partir de 1982/83, com José Maria Pedroto no banco, começou a jogar com regularidade, terminando a temporada como titular. O então jovem jogador relegou para o banco Gabriel, o dono da posição de lateral direito no FC Porto durante quase uma década.

    Com velocidade e uma grande capacidade de luta, João Pinto cedo se tornou um dos mais queridos jogadores por parte dos adeptos do FC Porto. Se existe a expressão “jogar à Porto”, João Pinto foi, talvez, o maior exemplo. Com espírito de solidariedade e sacrifício, chegou a jogar vários meses com um dedo do pé partido. Foi, durante mais de uma década, indiscutível na lateral direita dos azuis e brancos, num dos períodos de maior fulgor do clube portuense.

    Pinto da Costa, eleito presidente do FC Porto, tinha o objetivo de levar o FC Porto a uma final europeia. Em 1984, os portistas atingiram a final da Taça das Taças, perdendo para a poderosa Juventus. João Pinto foi titular na final, sentindo pela primeira vez o sabor de uma final europeia.

    Na época seguinte, João Pinto conquista o primeiro de nove campeonatos ganhos ao serviço dos portistas, conquistando o bicampeonato em 1985/86.

    A glória europeia

    Por ser campeão, o FC Porto foi o representante português na Taça dos Campeões Europeus. Sob orientação de Artur Jorge, os portistas não eram considerados favoritos na competição, mas os jogadores acreditavam num inédito título. João Pinto era uma das figuras e um dos líderes da equipa e foi um dos totalistas na campanha europeia. Depois de um grande e difícil trajeto, o FC Porto atingia a final da Taça dos Campeões. O Bayern era o adversário e visto como o grande favorito e os portistas sofreram uma grande contrariedade: o capitão Fernando Gomes lesiona-se poucos dias antes da final e é baixa para a final de Viena. Assim, é João Pinto quem entra em campo com a braçadeira de capitão do FC Porto.

    Na final, o FC Porto consegue uma reviravolta e vence o Bayern por 2x1. A alegria é enorme por parte de todos os jogadores, mas a imagem que fica para sempre é João Pinto agarrado à taça e a correr, parecendo uma criança com um novo brinquedo. Os companheiros tiveram dificuldades em convencer o capitão a entregar-lhes a Taça...

    Na época seguinte, João Pinto conquistou mais dois títulos internacionais, a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental.

    João Pinto continuou como titular e figura da equipa até meio da temporada 1995/96, altura em que Bobby Robson começou a apostar em Secretário para a posição de lateral direito. O final da carreira estava cada vez mais perto e 1996/97 foi a sua última temporada. O FC Porto conquistou o tricampeonato pela primeira vez na história, em mais um marco na carreira do histórico camisola 2 no clube.

    Recordista também na Seleção

    Mas não foi só no FC Porto que João Pinto deixou a sua marca: depois de se estrear pela Seleção aos 21 anos, foi internacional durante 13 anos. Participou no Euro 84, torneio em que foi considerado o melhor lateral direito, e no México 86, onde não chegou a jogar por não estar nas melhores condições físicas. Em 1994, num jogo frente ao Liechtenstein, cumpriu a 67.ª internacionalização, passando a ser, na altura, o mais internacional pela Seleção.

    Depois do fim da carreira, continuou com ligação ao FC Porto, como treinador das camadas jovens e adjunto da equipa principal, e posteriormente com um cargo na direção.

    Recordista de jogos ao serviço do FC Porto (587), com 24 títulos conquistados ao serviço dos portistas, incluindo provas nacionais, europeias e mundiais. João Pinto é uma verdadeira lenda do FC Porto. Um jogador de amor à camisola, de dedicação a uma só camisola. O seu legado no clube: a camisola 2, que utilizou durante toda a temporada, tem um peso enorme, significando a mística e a liderança.

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    Comentários

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    motivo:
    João Pinto
    2019-11-21 14h40m por DragonKing
    Memória que tenho, entre outras, muito forte deste CAPITÃO, é o agarrar da camisola junto ao peito sempre que festejava ou era insultado pelos adversários.
    Sentia o emblema que "carregava" ao peito.
    Parabéns
    2019-11-21 14h15m por aldantrop
    Parabéns ao grande Capitão. Um exemplo de dedicação e empenho. Poucos jogadores conseguiram rentabilizar o seu (reduzido) talento como o grande João Pinto. Desde cedo lhe apontaram limitações e dificuldades e ele conseguiu provar que, a esse nível, "prognósticos só no fim". Por mim, vou recorda-lo sempre a correr com a Taça de Campeão Europeu pelo Prater fora.
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