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    Liga Portuguesa 2000/01
    Grandes Equipas

    Boavistão de Jaime Pacheco

    Texto por João Pedro Silveira
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    Foram precisos cinquenta e cinco anos para Portugal ver nascer um novo e estreante campeão. Desde que o Belenenses tinha ganho o campeonato de 1946, o país assistiu a um período de «ditadura dos três grandes» que só foi interrompido pelo Boavista de Jaime Pacheco nesse ano histórico para o futebol nacional.
     
    Foi em 2001 que o Boavista deixou de ameaçar os grandes – como tantas vezes tinha feito - para conquistar-lhes a glória e terminar a Liga Portuguesa no 1º lugar da classificação. Passados todos estes anos, também por influências administrativas, a aguerrida equipa do Bessa disputa a II Divisão B. Mas recordando os velhos tempos...
     
    Os Loureiros e a génese das vitórias
     
    … Houve muitos responsáveis na ascensão boavisteira ao topo do futebol nacional, desde os tempos de Valentim Loureiro, treinadores como José Maria Pedroto ou Manuel José, contribuíram e de que maneira para a cultura de vitória que se foi enraizando nas gentes do Bessa.
     
    As presenças constantes nas competições europeias, Liga dos Campeões inclusive, as vitórias do clube das «camisolas esquisitas» contra grandes equipas do futebol italiano, as vitórias na Taça de Portugal e os dois vice campeonatos foram sinais do que se adivinhava.
     
    Mister Pacheco
     
    Mas em 2001, sob a presidência de João Loureiro, é de total justiça destacar o nome de Jaime Pacheco como sendo o grande obreiro da vitória axadrezada.
     
    Pacheco, que enquanto jogador era raçudo e incansável, foi a liderança, a alma e a voz deste Boavistão. O técnico pegou num plantel recheado de bons jogadores, que sem serem estrelas tinham qualidade, que sem serem «velhos» eram maduros e experientes, e construiu um campeão fora das lutas de sempre, entre Benfica, FC Porto e Sporting.
     
    Foi um campeonato longo e disputado, onde o Boavista se superou aos vizinhos do FC Porto e ao Sporting – o então campeão em título – e deixou um inenarrável Benfica a 23 pontos de distância (pasme-se!) num inacreditável sexto lugar.
     
    A cidade do Porto tem um novo campeão
     
    O Boavista, nascido a 1 de Agosto de 1903, nunca tinha conhecido tamanha felicidade. A 18 de Maio de 2001, com Duarte Gomes a dirigir, aquele último apito foi o mais saudado de sempre no Bessa: a partida contra o Desportivo das Aves terminava 3-0, o suficiente para o Boavista somar os três pontos, alcançando os quatro de vantagem sobre o 2º classificado, o FC Porto, e selando as contas no topo da tabela. Havia ainda uma curta deslocação às Antas na ronda seguinte, que acabou com uma goleada dos dragões por 4-0, mas isso já não fazia diferença porque o Boavista era matematicamente campeão.
     
    Curiosamente, o Boavista tinha assumido a liderança na 17ª jornada, ao vencer em casa o FC Porto que então era o líder por 1-0, no dia 13 de Janeiro de 2001; data que ficou na história da cidade por ser o dia da grande abertura do Porto 2001, Capital Europeia da Cultura.
     
    Meses mais tarde, nessa histórica noite de 18 de Maio, e depois de uma ajudinha infeliz de José Soares, que marcou na própria baliza aos 22 minutos, foram o Pistoleiro Silva e o colega de ataque Whelliton a vestir as peles de heróis, facturando aos 49' e 64' minutos. Aos 90', então, estoirou a festa que durou até de madrugada, até ao dia seguinte, que se prolongou por toda a semana.
     
    Nessa noite, no Bessa, estavam cerca de 30.000 pessoas aplaudir o feito inédito dos axadrezados. A festa invadiu a cidade, e da Rotunda da Boavista à Avenida dos Aliados ouviu-se cantar bem alto: «o Porto tem mais encanto, vestido de preto e branco...»
     
    Nomes como Erwin Sanchez, possivelmente a estrela maior da companhia, o do guarda-redes Ricardo, o dos defesas Litos, Pedro Emanuel, Jorge Silva, Rui Óscar, Frechaut, o dos médios Petit, Gouveia, Rui Bento, Emanuel, Pedro , ou o dos avançados Elpídeo Silva, Duda, Martelinho, Jorge Couto e Demétrius, vão perdurar para sempre na memória e na história dos panteras.

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