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    Euro 1960
    História

    A ditadura de Franco e o Europeu de futebol

    Texto por João Pedro Silveira
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    Nacionalistas vs Comunistas

    Nos quartos-de-final calhara em sorte à Espanha defrontar a União Soviética, tendo o sorteio ditado que o primeiro jogo seria disputado em Moscovo.
     
    Em Madrid os dirigentes da Federação (RFEF) ficaram sem saber o que fazer, uma vez que o regime de Franco tinha cortado qualquer tipo de relação com a U.R.S.S. desde a Guerra Civil espanhola (1936-39), quando os soviéticos tinham apoiado os comunistas espanhóis a lutar ao lado da causa republicana contra os nacionalistas. 
     
    Após a vitória dos franquistas no conflito cortaram-se relações diplomáticas com a União Soviética, e apesar da neutralidade espanhola durante a II Guerra Mundial, o governo de Madrid nunca escondeu as suas simpatias com as forças do nazi-fascismo, e chegou inclusive a enviar a célebre «divisão azul» para combater ao lado do exército nazi na Batalha de Estalinegrado durante a invasão da Rússia.
     
    O Ditador espanhol decidiu que a Espanha abandonava a competição, recusando liminarmente que «la fúria» pisasse solo soviético.
    No pós-guerra as relações mantiveram-se no zero. Aos cidadãos espanhóis era vedado o contacto com qualquer cidadão soviético, ou qualquer visita aos países de leste. O contacto entre os países comunistas e a Espanha de Franco era inexistente. 
     
    O boicote de 1960
     
    Após o sorteio, colocados perante uma situação politicamente explosiva, os responsáveis da RFEF, contactaram o governo para saber o que fazer.
    Rapidamente o assunto chegou à mesa do Generalíssimo, que após uma reunião da cúpula política com os dirigentes da Federação Espanhola, decidiu que a Espanha abandonava a competição, recusando liminarmente que «la fúria» pisasse solo soviético.
     
    Com o abandono espanhol, a UEFA atribuiu a vitória aos soviéticos que seguiram em frente para se sagrarem campeões da Europa em Paris.
     
    1964: a cruzada contra os «vermelhos»
     
    Quatro anos depois, os espanhóis ganharam a organização da fase final, e a União Soviética qualificou-se para Espanha. A UEFA teve que negociar vistos especiais para a delegação soviética, e fizeram-se figas em Basileia (sede da UEFA) e Madrid, para que soviéticos ou espanhóis ficassem pelo caminho, porque oficialmente, a interdição para as equipas espanholas defrontarem equipas soviéticas, ainda estava de pé.
     
    Os soviéticos bateram a Dinamarca em Barcelona, seguindo depois para Madrid com o objetivo de jogar a final com a Espanha
     
    Entretanto no Palácio Real de El Pardo, o ditador Franco recusava liminarmente a hipótese da Espanha jogar a final, hipotecando a possibilidade da Espanha ser campeã. Seria o seu Ministro José Solís que o convenceria, após prolongadas reuniões e recorrendo inclusivamente a mentiras, declarações falsas, entre outros estratagemas, que o Generalíssimo aceitou que a Espanha jogasse a grande final. Para ganhar, como uma grande cruzada contra os «vermelhos»

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