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Rabah Madjer: o mago argelino

Texto por João Pedro Silveira
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Rabah Mustapha Madjer nasceu em Hussein Dey nos arredores de Argel, na então colónia francesa da Argélia a 15 de dezembro de 1958. Quatro anos depois de Madjer nascer, a sua Argélia natal conquistou a independência após um logo conflito. Com a paz, a vida voltou à normalidade nas cidades, e como muitos miúdos no norte de África, Madjer já pôde crescer a jogar à bola pelas ruas da medina.

Qualquer espaço amplo era um campo, duas pedras eram uma baliza, com uns jornais enrolados numa meia fazia-se uma bola. E como tal, a história do menino Rabah é igual à de muitos outros jogadores magrebinos. 

Aos 14 anos passou a jogar pelas escolas do Onalait d’Hussein-Dey. Dois anos depois estreou-se com a camisola do NA Hussein Dey, iniciando a sua carreira profissional.

Em 1978 o clube vence a final da Taça da Argélia e qualifica-se para a Taça africana dos Vencedores das Taças.

Para surpresa de muitos, no ano seguinte chega à final da competição onde perde os dois jogos com os guineenses do Horoya AC.

O mundial de Espanha

Depois do «quase sucesso» com a sua equipa, Madjer torna-se fundamental na caminhada da Argélia para o mundial de Espanha em 1982 ao apontar o último golo da vitória por 2x1 sobre a Nigéria, que confirmou a primeira presença dos magrebinos num Campeonato do Mundo.

Nos campos de Espanha não se esperava muito dos africanos, mas a verdade é que logo no primeiro encontro no El Molinón, em Gijón, a Argélia surpreendeu toda a gente e venceu a RFA por 2x1 com um golo do inevitável Madjer - o primeiro de sempre da Argélia numa fase final -.

Depois de uma derrota com a Áustria no segundo jogo (0x2) a Argélia precisava de vencer a última partida para chegar à fase seguinte e esperar pelo resultado do jogo entre austríacos e alemães.

Uma vitória suada por 3x2 sobre o Chile - depois de ter estado a vencer por 3x0 - parecia bastar para os argelinos fazerem a festa.

Mas no dia seguinte a RFA venceu a Áustria por 1x0, um resultado que qualificava as duas seleções europeias.

O mundo presenciou, escandalizado, a um triste espetáculo em que duas equipas chutavam a bola para o outro lado do campo até ao apito final, para no final festejarem o apuramento.

Após este vergonhoso encontro, a FIFA tornou obrigatório que as partidas das últimas jornadas fossem sempre jogadas ao mesmo tempo.

O salto para a Europa

Depois da surpreendente prestação da Argélia no Campeonato do Mundo o nome de Madjer tornou-se conhecido fora de África e rapidamente foi contratado por um clube francês, o RC Paris. Em dois anos no Racing Madjer completou 50 jogos nos quais apontou 23 golos, despertando o interesse do Tours FC, para onde se mudou em 1985.

Entretanto, em 1986 a Argélia qualificava-se para um novo mundial, desta feita o do México. A sua carreira não foi famosa. Depois de um empate com a Irlanda do Norte por 1x1 na estreia, as esperanças caíram por terra após duas derrotas, com o Brasil (0x1) e com a Espanha (0x3).
Apesar de não ter feito um Mundial ao nível de 1982, Madjer voltou a despertar o interesse do mercado e desta vez saiu de França para jogar em Portugal, no FC Porto, talvez sem imaginar o alcance de tal passo na carreira...

Um calcanhar para a história

 

Em 1987 o FC Porto fez história e pela primeira vez chegou à final da Taça dos Campeões. Pela frente estava o Bayern München, um gigante do futebol europeu.

Após uma primeira parte fraca dos azuis e brancos, o Bayern ganhava por 1-0 e todos acreditavam que o destino estava traçado.

Contudo Madjer, Futre e companhia tinham outras ideias...

E aos 77 minutos uma jogada de Juary pela direita é magistralmente finalizada por Madjer com um mágico calcanhar.

Como que não satisfeito com um dos mais belos golos de sempre, Madjer avança pelo lado esquerdo e centra para Juary fazer o 2-1 apenas dois minutos depois.

O FC Porto era Campeão Europeu e Madjer tornava-se uma estrela na Europa.

 

No ano seguinte os dragões conquistaram a Taça Toyota em Tóquio, batendo o Peñarol na final e novamente o golo decisivo foi da autoria do argelino. No fim foi premiado como o melhor jogador em campo e recebeu um carro da marca nipónica como prémio.

Depois seguiu para Valência onde o esperava um contrato milionário. Mas desta vez, Madjer não foi feliz em Espanha e regressou ao Porto depois de só fazer 14 jogos e apontar 4 golos.

Regressou então à cidade do Porto, a uma casa onde fora feliz. Vitoriado e amado pelos adeptos, vestiu de azul e branco até 1991, ano em que foi tentar a carreira no SC Qatar, onde terminou a sua carreira no final da época.

Em 1987 o FC Porto fez história e pela primeira vez chegou à final da Taça dos Campeões. Pela frente estava o Bayern München, um gigante do futebol europeu. Após uma primeira parte fraca dos azuis e brancos, o Bayern ganhava por 1x0 e todos acreditavam que o destino estava traçado. Contudo Madjer, Futre e companhia tinham outras ideias...

Aos 77 minutos uma jogada de Juary pela direita foi magistralmente finalizada por Madjer com um calcanhar «mágico». Como que não satisfeito com um dos mais belos golos de sempre, Madjer avança pelo lado esquerdo e centra para Juary fazer o 2x1, dois minutos depois. O FC Porto era Campeão Europeu e Madjer tornava-se uma estrela na Europa.

No ano seguinte os dragões conquistaram a Taça Toyota (Intercontinental) em Tóquio, batendo o Peñarol, do Uruguai, na final. Novamente o golo decisivo foi da autoria do argelino e no fim foi premiado como o melhor jogador em campo, recebendo como prémio um carro da marca automóvel nipónica.

O fim da carreira: Valencia e Qatar

Depois seguiu para Valência onde o esperava um contrato milionário com o clube local. Mas desta vez, Madjer não foi feliz em Espanha e regressou pouco depois ao Porto após participar em 14 jogos e apontar quatro golos.

Vitoriado e amado pelos adeptos, vestiu de azul e branco até 1991, ano em que foi tentar a sorte no SC Qatar, seduzido pelos «petro-dólares». Foi perto das margens do golfo pérsico que Rabah Madjer, o maior jogador de sempre nascido na Argélia, terminou uma carreira de sucessos e glórias, que demonstrou ao mundo e muito particularmente aos europeus que os grandes jogadores não eram só europeus ou sul-americanos.

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Comentários (9)
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LI
Faz hoje 26 anos
2013-05-27 18h21m por lisandros
Porto venceu primeira cup dos campeoes. Somos Porto. Somos Tri Campeoes.
Genial
2012-09-28 10h02m por CDCFOREVER1
Para mim o mais genial jogador que passou no Porto!!!
Quem dera ter hoje em dia um novo "Madjer" no clube!!!
AT
MADJER
2012-04-28 23h46m por ateles
un GRANDE jogador, dos melhores que vi jogar!
Madjer e FC Porto
2012-03-04 00h25m por Platinum
Só tenho pena de não ter mais um ou dois anos na altura em que fomos campeões europeus pela 1ª vez. Mas digo-vos: se já não o era antes, fiquei portista nesse dia. Só me lembro de ir no carro do meu pai e de ouvir as buzinas e ver as bandeiras desfraldadas ao vento. Foi lindo ver o Porto cidade em festa. Obrigado ao Madjer e a todos os outros jogadores, equipa técnica, massagistas, roupeiros, porteiros, seguranças e todos os outros que contribuíram para a história do meu clube. E obri...ler comentário completo »
LI
evolva
2012-01-20 01h47m por Lil_Cisqo
clap clap clap . . . subscrevo totalmente. . . onde andavam eles qdo por ca andava scharws magnussen maniche balakov juskowiak kostadinov branco mozer ??? lolol messi ronaldo agueros e xavis?? grandes jogadores num futebol moderno mto refinado e virado po showbiz, futebol foi entre 75 e 95, depois veio o bosman e [. . . ] ed isto td. . .
RABAT MADJER-o do calcanhar «vagabundo»
2012-01-19 16h55m por Luis_FCP1980
Madjer - um nome para a História. Felizmente tive o prazer de ver jogar o Rabat, e aquele calcanhar "vagabundo" colocou-nos no TOPO do MUNDO. Depois de Viena, do Pratter, nada voltou a ser como dantes.

Claro que os invejosos e os surreais, vão tentar desculpar os seus enormes fracassos com a PALAVRA corrupção, mas com esses podem nós bem, são eles a dizer isso e nós a assobiar para o AR.

A minha primeira grande noitada aconteceu naquela final de Toquio à...ler comentário completo »
RABAT MADJER-o do calcanhar «vagabundo»
2012-01-19 16h52m por Luis_FCP1980
Madjer - um nome para a História. Felizmente tive o prazer de ver jogar o Rabat, e aquele calcanhar "vagabundo" colocou-nos no TOPO do MUNDO. Depois de Viena, do Pratter, não voltou a ser como dantes.

Claro que os invejosos e os surreais, vão tentar desculpar os seus enormes fracassos com a PALAVRA corrupção, mas com esses podem nós bem, são eles a dizer isso e nós a assobiar para o AR.

A minha primeira grande noitada aconteceu naquela final de Toquio às 0...ler comentário completo »
EV
Madjer
2012-01-19 16h26m por evolva
É sempre bom relembrar estes bons jogadores que passaram no futebol português e em espcial aqueles que brilharam um pouco mais.

Sou Sportinguista mas lembro-me perfeitamente de festejar o golo de calcanhar do Madjer na final da Champions que deu ao Porto a primeira Taça dos Campeões.

Torço sempre pelas equipas portuguesas e fico muito contente se elas ganharem.

É uma boa iniciativa do zerozero relembrar estes jogadores mas é pena que não lhe seja d...ler comentário completo »
AM
madjer
2012-01-19 16h12m por amo_te_porto
isto sim era um grande jogador, dos melhores que passaram pelo meu grande porto.
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