O Belenenses estava a poucos minutos de conquistar o tão almejado segundo título da sua história. Os foguetes estouravam nas Salésias, os adeptos cantavam e aplaudiam cada troca de bola dos «azuis», mas eis que, num ataque que parecia inofensivo, o leão Martins dispara um remate indefensável para José Pereira. Faltavam quatro minutos para o fim do jogo - e do campeonato - e os leões roubavam o título ao Belém para entregá-lo de mão beijada ao Benfica que, nesse exato momento, batia o Atlético em casa por 3x0.
Um longo caminho para o segundo título...
Após quatro vitórias consecutivas na 1ª Divisão, o Sporting desde cedo não pareceu ter força para revalidar o título, «perdendo gás» no caminho para o «penta».
A primeira volta mostrou um Benfica dominante, perseguido de perto pelo Sporting de Braga e, a uma certa distância, por Belenenses, Sporting e FC Porto... Com o avançar do «Nacional», o Braga ia atrasando-se e a luta ficava reduzida a Benfica e Belenenses, com o Sporting à espreita.Em fins de março, o Belenenses ultrapassou o Benfica, que fora derrotado nas Antas pelos azuis-e-brancos (3x0), e assumiu finalmente a liderança que guardou ciosamente até à última jornada, dia em que recebia os leões, enquanto as águias jogavam em casa contra o Atlético.
O sonho azul
Desde que fora campeão em 1945/46, o melhor que o Belém atingiu foram três terceiros lugares sempre atrás dos rivais Sporting e Benfica e sempre longe do primeiro.
Mas, nesta época, a noventa minutos do fim da prova, o sonho de conquistar pela segunda vez a competição maior do calendário desportivo português estava bem vivo. Os azuis só dependiam de si, mas tinham de se precaver, pois tinham pela frente o tetracampeão, que ainda contava com remotas possibilidades de chegar ao título.
O Belenenses comandava com 38 pontos, o Benfica era segundo com 37 e os leões tinham 36 pontos acumulados ao longo de 25 intensas jornadas. A esperança desta vez era claramente azul...
Antes do jogo, o Belenenses fora estagiar para Colares, tentando respirar os bons ares da vizinha Serra de Sintra. Os azuis descansaram, foram a banhos e ainda fizeram passeios de «charrete». Tudo corria sobre rodas...
Finalmente o grande dia...
Lisboa acordou com o dérbi na cabeça. O grande jogo estava nas conversas de todos: de Alfama ao Rossio, passando obviamente por Carnide, Campo Grande e Belém. Sportinguistas, benfiquistas, belenenses, todos só falavam da mesma coisa. Todas as conversas desse 24 de abril só iriam dar à Ajuda, mais concretamente às Salésias.
O Belenenses começou o jogo lançando-se para cima do Sporting e tentando chegar cedo ao golo. Os leões aguentavam os ataques contrários até que o argentino Pérez abriu o marcador.Entretanto, o Sporting reagiu prontamente, mostrando não querer dar-se por vencido. Travassos, que durante a semana que antecedera o dérbi fora acusado pelos benfiquistas de que iria falhar o jogo para prejudicar o Benfica, magoado com a injustiça das críticas que colocavam o seu bom nome em causa, foi à linha, cruzou e viu a bola ser cortada pela mão de Peres. Penálti! Domingos Miranda não hesitou em apontar para a marca dos onze metros.
2-2 | ||
Ricardo Pérez 3' Matateu 41' | Albano Pereira 11' João Martins 86' |