Começou a jogar futebol ainda Hitler não tinha subido ao poder na Alemanha e só «pendurou as botas» depois de Neil Armstrong já ter caminhado na lua... Confuso? Como será possível uma carreira de um jogador de futebol atravessar alguns dos momentos mais marcantes do século XX, atravessando 39 anos? Não se fala de um jogador qualquer...
Terminou a carreira novamente ao serviço do Stoke City em 1965, tinha então 50 anos... De permeio, a Rainha armou-o «Cavaleiro do Reino», tornando-se o primeiro jogador a ser distinguido com tal honra durante a carreira - as más-línguas brincam que a Rainha não quis esperar mais tempo para que Matthews finalmente se decidisse a «pendurar as botas».
Esteve presente no famoso «jogo do século» (1953), o dia em que a maravilhosa Hungria de Puskas se tornou a primeira seleção a bater a toda-poderosa Inglaterra no seu próprio solo (3x6). Passou também por Portugal, apontado o último golo da histórica goleada por 0x10, com que a Inglaterra brindou Portugal no Jamor em 1947.
Apesar da crítica ser impiedosa para o seu estilo que achavam ineficaz, lento e pouco corajoso, os adeptos adoravam-no. Com um futebol mágico, uma habilidade sem par, Matthews fintava como um brasileiro, inovando sempre o seu repertório, conduzindo a bola para área adversária com mestria.
Depois de terminada a carreira, trocou a fria Stoke pela solarenga Malta, onde em 1970, acedeu ao convite dos dirigentes do Hibernians para ajuda-los numa eliminatória com o gigante Real Madrid. Matthews não resistiu e voltou a calçar as chuteiras, ajudando os malteses a conseguirem um histórico empate a zero que travou a armada madridista.
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(1) - Em 1956, Matthews tornou-se o primeiro vencedor do «Ballon d'Or» da France Football que premiava o melhor jogador europeu do ano.