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    Union Saint-Gilloise

    Texto por Ricardo Miguel Gonçalves
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    Foi nos últimos anos do século XIX, em 1897, que nasceu uma das principais organizações da história do futebol belga: o Royale Union St. Gilloise.

    Não é o clube mais antigo - essa é uma distinção que pertence ao Royal Antwerp (1880) - nem o mais titulado (Anderlecht), mas os 11 troféus de campeão belga conquistados, bem cedo na sua história, deixaram um vazio nos mais saudosistas adeptos do futebol desse país, que suspiram agora de alívio. Afinal, o gigante está de volta.

    Um clube de topo

    O início da história do Royale Union não é nada menos do que sensacional. Desde o município de Saint-Gilles, les unionistes ascenderam rápido à elite do futebol local e no ano de 1904, apenas sete após a sua fundação, já se sagrava campeão da Bélgica.

    Esse foi o primeiro dos 11 títulos de campeão que conquistaria. Todos eles até ao ano de 1935, o que destacou o amarelo e azul como as cores do sucesso no futebol belga. Afinal foi este, de longe, o clube mais feliz da era que precedeu a segunda guerra mundial.

    Stade Joseph Marien, em Forest @St. Gilloise
    Com o avançar dos anos, e com tanto sucesso acumulado, o clube foi atraindo muitos adeptos. Uma organização popular, que recebia muito apoio da classe operária do sul de Bruxelas. Os bons resultados também ditaram algumas presenças felizes em provas europeias, antes de estas serem oficiais.

    Também atingiu a histórica marca de 60 jogos consecutivos sem perder, entre 1933 e 1935. O recorde dura até ao dia de hoje, e vale a alcunha de Union 60 (que também dura até hoje), mas coincidiu com o final da melhor versão do clube.

    Pós-guerra e queda

    Foi já depois do clube se ter mudado para a cidade vizinha de Forest que o panorama começou a mudar. 

    O pós-guerra viu o clube ganhar uma voz anti-fascista como algo que une um grupo já forte de adeptos, mas, por outro lado, perder a capacidade de se sagrar campeão nacional.

    Continuava a ser competitivo e até voltou a ser presença regular nas provas europeias entre 1958 e 1963. Na edição de 58/60 da Taça das Cidades com Feiras até chegou às meias-finais da prova, depois de superar a Roma a duas mãos, mas essa foi uma altitude da qual se afastou rapidamente.

    No Stade Joseph Marien, uma relíquia de anfiteatro inaugurado em 1919 e que é hoje considerado um dos mais belos do país (embora cada vez mais atípico), o ano de 1963 foi de tristeza: o Royal Union caiu para o segundo escalão.

    Saint-Gilloise está mais perto da sua melhor versão @Getty / BSR Agency

    O gigante acordou (e floresceu)

    A descida de divisão deixou muitas marcas no clube, que levou décadas a reerguer-se. O passar dos anos tornou o regresso à elite numa miragem, especialmente depois da queda para as divisões amadoras em 1980. Mas não seria mais que um longo hiato numa história ainda por terminar...

    Foi em 2015 que o Royale Union Saint-Gilloise voltou às luzes dos relvados profissionais. O regresso à ribalta era bem recebido pelos adeptos, mas era necessário ir mais longe e construir um projeto que o permitisse, de forma sustentável.

    É aí que entra em cena Tony Bloom, presidente do Brighton & Hove Albion, da Premier League, que se tornou no acionista maioritário e entregou as chaves da supervisão ao seu amigo e parceiro de negócio Alex Muzio, principal responsável pela monitorização diária do clube.

    Com aposta em jovens e uma ideia de jogo arrojada, o Saint-Gilloise arrasou a competição na II Liga Belga, sob o comando de Felice Mazzu. Um 3x5x2 sem timidez na área adversária devolveu sorrisos aos adeptos e sagrou-se campeão com mais 18 pontos que o segundo classificado.

    E se a campanha de promoção teve uma grande nota artística, então o que dizer da temporada de regresso à elite belga? Em 2021/22, 49 anos depois da última participação no primeiro escalão, os amarelos e azuis atuaram como se de mais um ano se tratasse.

    Mantiveram a espinha campeã e, apesar da subida de dificuldade, terminaram a fase regular da temporada em primeiro lugar (um feito nunca alcançado por uma equipa recém-promovida). Um par de resultados infelizes nos play-offs viu a equipa falhar o título, terminando em segundo lugar, mas mesmo assim valeu um bilhete para a qualificação para a Liga dos Campeões. Histórico!

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