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      História da Edição

      Champions 20/21: Navio Chelsea atracou no Porto

      Texto por Luís Rocha Rodrigues
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      Não estava no guião, como muitas incidências de outra época atípica, mas a final da Liga dos Campeões de 2021 acabou por se voltar a jogar em Portugal, no Dragão. Istambul voltou a ficar adiado, por causa de uma nova vaga da Covid-19 que assolou a Europa na primavera, e não pôde acolher uma final 100 por cento inglesa. Até lá, muita coisa aconteceu, desde o calendário prensado à queda precoce de alguns candidatos, isto praticamente sempre com os adeptos longe das bancadas.

      Na fase de grupos, jogadas num período de tempo menor que o habitual, em duas séries de três jornadas em semanas seguidas, as surpresas foram poucas. O Manchester United não passou do terceiro lugar, sucumbindo a Paris SG (lógico) e Leipzig (menos lógico), e caiu para a Liga Europa. O Inter, imbuído no regresso à luta pelo título em Itália (que conseguiria ganhar), nem à Liga Europa chegou, abrindo espaço ao apuramento do Borussia Mönchengladbach.

      Viram-se vários treinadores em prova, mas a maior curiosidade foi de um só grupo ter juntado três portugueses. Sérgio Conceição, pelo FC Porto (único representante português, depois da eliminação do Benfica contra o PAOK na pré-eliminatória), foi o mais feliz e passou, atrás do City de Guardiola, André Villas-Boas desiludiu com o Marselha, por praticamente não ter dado luta, e Pedro Martins não conseguiu evitar o último lugar do grupo, o que acabou por não ser surpresa para o Olympiacos.

      Ou seja, neste período os dois maiores motivos de interesse foram Haaland, o jovem norueguês a explodir em Dortmund e a fazer seis golos nos primeiros quatro jogos (acabaria com 10 golos e seria o rei da edição), e o reencontro entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, no grupo G. Era para ter sido em Turim, só que a Covid-19 tirou o português das opções e o Barcelona ganharia por 0x2, com um golo do argentino; mas acabou por ser em Espanha, na última jornada, com uma exibição memorável do português, com dois golos, acompanhados de um de McKennie, o que valeu a passagem no primeiro lugar do grupo.

      Eliminatória memorável do FC Porto @Getty / Jonathan Moscrop
      Era o momento de maior fulgor de Cristiano Ronaldo em Turim, o que fazia crer que à terceira seria de vez: contratado para ajudar a Juventus a finalmente chegar ao título europeu, CR7 tinha visto Ajax e Lyon tirarem-lhe a missão ainda antes das meias-finais. Desta vez, a crença era maior, só que de dezembro a fevereiro passou uma eternidade e, quando chegou o FC Porto, uma Juve impreparada foi surpreendida no Dragão por um conjunto muito inteligente, que em Turim soube sofrer e, com 10, passar de forma épica no prolongamento.

      Essa foi, de resto, a grande surpresa dos oitavos de final. Saltou também à vista a forma tranquila como o PSG dizimou o Barcelona, muito por causa de um hat-trick de Mbappé, ou a forma como o Chelsea (Tuchel tinha acabado de chegar) aniquilou o cínico Atlético Madrid. De resto, tudo natural e uma grande eliminatória de Haaland, a tirar fora o Sevilla.

      Inglês para português ver

      Em Sevilha, ainda assim, seriam jogados os quartos de final, por FC Porto e Chelsea. Numa decisão que causou alguma controvérsia, por serem dois jogos em campo neutro, sem público, as duas equipas deslocaram-se ao Ramon Sanchéz Pizjuán em semanas seguidas. Numa, os ingleses ganharam 0x2, noutra os portugueses venceram por 0x1, com um golo fenomenal de Taremi, mais tarde eleito o melhor da competição, embora insuficiente para a equipa de Sérgio Conceição seguir em frente.

      Nessa fase, houve finais antecipadas (ou repetições de finais, para se ser mais concreto), desta vez com o PSG a superar o Bayern a duas mãos, e também com o Real Madrid a voltar a ser a besta negra do Liverpool.

      Depois de Barcelona e Bayern, só faltava ao PSG eliminar o Manchester City para fazer o pleno de eliminatórias de alto grau de dificuldade, só que Guardiola foi melhor do que Pochettino nas duas mãos, com os portugueses Rúben Dias, João Cancelo e Bernardo Silva a contribuírem e com um soberbo Mahrez a decidir, com três dos quatro golos.

      No outro duelo, a acontecer no meio do turbilhão que foi a possibilidade de criação de uma Superliga Europeia (Real Madrid, Barcelona e Juventus foram os cabecilhas do movimento), o Chelsea começou por empatar a um no Estadio Alfredo Di Stefano - por esta altura, os blancos tinham em marcha as obras de remodelação do Santiago Bernabéu - e acabou a ganhar 2x0 no seu estádio, sem espinhas, tal como já havia feito ao Atlético.

      De Bruyne saiu lesionado na final e a equipa ressentiu-se @Getty / Matthew Ashton - AMA
      A cimeira inglesa era então marcada para Istambul, que já era para ter recebido a final do ano anterior. Só que, tal como aí, a pandemia foi prejudicial, pelo que seria encontrada uma solução de recurso para que pudesse haver público. Escolheu-se o Dragão, o que também não foi bem visto pelos adeptos portugueses, privados de poderem ir aos estádios toda a época para depois, num desses estádios, se jogar a final inglesa... só com ingleses na bancada. 14.110, para sermos mais específicos.

      Kai Havertz fez o golo solitário, justificou os muitos milhões que custou e voltou a demonstrar, nove anos depois, que uma chicotada psicológica a meio da época não tem de ser necessariamente má: tal como em 2012, quando Di Matteo substituiu André Villas-Boas e acabou campeão europeu, também agora Thomas Tuchel o fez, embriagando de alegria (e não só) os milhares de blues que rumaram à Cidade Invicta.

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