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    História da edição

    Champions 19/20: Todo-poderoso Bayern à Luz da pandemia

    Texto por Ricardo Lestre
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    A época 2019/20, neste caso a da Liga dos Campeões, ficou marcada por dois símbolos antagónicos: o Bayern Munique, que não deu a mínima hipótese à concorrência, e a terrível pandemia da Covid-19 que colocou o mundo em pânico e obrigou a mudanças extraordinárias face à rápida propagação de um vírus completamente desconhecido. Os bávaros tiveram no antigo adjunto Hansi Flick um dos principais motivos da temporada arrebatadora e voltaram à glória europeia sete anos depois do último título. Na final disputada no Estádio da Luz, precedida de todo um formato diferente (final eight), a equipa alemã eliminou um milionário Paris SG de Neymar, Mbappé e companhia que, até então, nunca tinha estado tão perto de vencer o troféu mais desejado pela nova administração.

    Os bávaros construíram um trajeto implacável logo na fase de grupos: seis jogos, seis vitórias, 24 golos marcados e cinco sofridos. Foram aplicadas pesadíssimas derrotas a Tottenham (2x7), que ajudou ao despedimento de Pochettino e à posterior contratação de José Mourinho, e Crvena zvedza (0x6) que, de certa forma, cimentaram o estatuto de líder inquestionável - para a Liga Europa seguiu o Olympiacos de Pedro Martins e companhia. O Paris SG, por sua vez, não ficou nada atrás. Comandados por Thomas Tuchel, os gauleses superaram o Real Madrid no grupo A e aplicaram, inclusive, um 3x0 aos blancos no Parque dos Príncipes com uma grande exibição de Di María. Para além disso, tal como o adversário da final, não sofreram uma única derrota nessa fase.

    @Getty /
    O SL Benfica, único representante luso - o FC Porto sucumbiu na fase de qualificação frente ao Krasnodar -, terminou, com algum sofrimento à mistura, no terceiro lugar e com acesso à Liga Europa. Num grupo com RB Leipzig, Lyon e Zenit, os encarnados acabaram por pagar caro os jogos fora de casa, sendo que precisaram da última jornada - e de uma goleada (3x0) caseira contra os russos - para assegurarem a vaga. 

    A edição 2019/20 marcou, também, a estreia da Atalanta na maior competição europeia de clubes, dando seguimento ao brilhante trabalho de Gian Piero Gasperini. Os italianos, que até foram goleados em Zagreb na primeira jornada, tiveram de se aplicar num grupo com o Manchester City de Bernardo Silva e Cancelo e o Shakhtar Donetsk de Luís Castro. As partidas entre as três equipas mais fortes do grupo foram sempre bem disputadas, mas os homens de Bérgamo só conseguiram o segundo lugar depois do triunfo na última jornada em Donetsk, por 0x3. De resto, os ingleses foram donos e senhores do grupo C, onde não perderam uma única vez.

    Napoli e Liverpool reeditaram a 'rivalidade' de 2018/19 e voltaram a encontrar-se na fase de grupos. Os italianos deram um excelente réplica e ficaram um ponto atrás do Liverpool, campeão em título, com um Red Bull Salzburg - que perdeu Haaland a meio - a não facilitar na concorrência. Os italianos ficaram um ponto atrás da equipa red, mas venceram em Nápoles (2x0) e empataram a uma bola em Anfield (1x1), fechando o grupo C em beleza.

    Intensos, uma vez mais, foram os duelos entre Juventus, de CR7, e Atlético de Madrid, de João Félix e Diego Simeone. A Juve terminou invicta e só empatou, na jornada inaugural, no Wanda Metropolitano (2x2), mas venceu em Turim (1x0) e terminou com mais seis pontos do que os colchoneros. Estes duelos marcaram, também, o pós-duelo dos oitavos de final da edição passada, com o curioso festejo de Cristiano Ronaldo como provocação ao técnico argentino.

    Por fim, o Valencia, de Guedes e Thierry Correia, contra todos os prognósticos, terminou em primeiro lugar e atirou o Ajax para a Liga Europa no grupo H, ao passo que o Barcelona, longe de convencer, terminou em primeiro do grupo F seguido por um Borussia Dortmund que ganhou alento com a chegada do 'fenómeno Haaland', relegando o Internazionale para outros caminhos.

    O formato inédito 

    A aceleração dos casos de Covid-19 provocou uma autêntica avalanche no futebol mundial e, especialmente, no europeu. A partir de março de 2020, a situação pandémica agravou-se de tal forma que obrigou, ao estilo 'efeito dominó', ao adiamento consecutivo de jogos e interrupção de vários campeonatos (a Ligue 1, por exemplo, não voltou a arrancar). 

    @Getty /
    A Liga dos Campeões não foi exceção. Com algumas partidas referentes aos oitavos adiadas e um interregno de vários meses, a UEFA decidiu, através de uma reunião do Comité Executivo, terminar o torneio em agosto. 

    Ficou decidido, para evitar injustiças, que os jogos restantes dos oitavos de final (segunda mão) fossem disputados em casa dos respetivos clubes e, nas eliminatórias seguintes, numa final eight em Lisboa, realizada nos Estádios da Luz e Alvalade, em jogo único.

    Nos oitavos, o Manchester City deixou para trás o sempre candidato Real Madrid, o Atlético de Madrid eliminou o Liverpool de forma épica no prolongamento, o Bayern Munique conseguiu um agregado de 1x7 contra o Chelsea, o surpreendente Lyon derrubou a Juventus e a Atalanta deu seguimento ao seu conto de fadas numa eliminatória espetacular contra o Valencia (8x4 no total) que teve, ainda assim, contornos menos positivos devido à «bomba biológica» de alastramento do vírus.

    Os quartos de final também trouxeram enormes surpresas. Desde logo, a humilhação sofrida pelo Barcelona contra o Bayern Munique. Um 2x8 simplesmente histórico levou à grave crise do gigante catalão e consequente despedimento de Quique Setién, alimentando, por outro lado, os registos impressionantes dos bávaros na competição. Mas não só. O irreverente RB Leipzig de Nagelsmann bateu o Atlético de Madrid e, também não menos espantoso, o Lyon ultrapassou o candidato City.

    Por fim, nas meias-finais não houve azo a facilitismos. O Bayern vergou o Lyon por 0x3 com um bis de Gnabry - época irrepreensível do alemão - e o PSG venceu o RB Leipzig pelo mesmo resultado. Na final e à sua imagem, o Bayern, fruto de um golo de Coman (curiosamente formado no PSG), levantou a sexta Champions League do seu palmarés, confirmando a inquestionável superioridade sobre todos os outros adversários.

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