O melhor da sua geração e uma das maiores figuras do futebol, Johan Cruyff ficou para a história por ser um dos grandes revolucionários do jogo moderno, como o conhecemos agora. Aliada às suas qualidades técnicas, o holandês superiorizava-se aos adversários graças à sua inteligência, provavelmente, a mais evoluída até à data.
Nos relvados, revigorou a Laranja Mecânica, conduzindo-a à final do Mundial de 74. Foi responsável por colocar o Ajax nos livros da história com a conquista de três Ligas dos Campeões de forma consecutiva e a construção de uma hegemonia na Holanda. O destino quis que o seu futuro fosse na Catalunha, onde representou o Barcelona e acabou por se tornar o treinador da "Dream Team" dos culé, equipa que redifiniu o futebol.
Mas a história podia ter sido muito diferente. No verão de 1970, depois de uma época desastrosa do FC Porto, que terminou com a pior classificação de sempre dos dragões no campeonato (9º), o presidente Afonso Pinto de Magalhães sabia que tinha de fazer algo para limpar a imagem e voltar a trazer esperança aos portistas.
Nessa altura, o jovem Johan Cruyff começava a despontar no Ajax e o dirigente dos dragões via no holandês uma potencial estrela para fazer frente a Eusébio, o grande craque do eterno rival. Numa tentativa de trazê-lo para a cidade Invicta, o dirigente dos dragões convocou uma Assembleia Geral para apresentar uma proposta aos sócios.
«Se os seis mil associados que disseram sim à Direção se subscreverem com mil escudos cada um, poderemos comprar não o Eusébio, mas um jogador de real valor», sugeriu Pinto de Magalhães.
Os adeptos do FC Porto responderam da melhor forma e o valor recolhido chegou aos 6 mil contos. Com as expectativas dos adeptos em alta, no dia 3 de junho de 1970, o clube anunciou que tinha entrado em contacto com o Ajax para a contratação de Johan Cruyff. Os dragões iam contar com a maior promessa do futebol europeu nos seus quadros.
Para além disso, e apesar de estar a par do interesse do FC Porto, Cruyff não viu com bons olhos a ausência das competições europeias que, por consequência do nono lugar na temporada anterior, era uma realidade nas Antas. No Ajax, o holandês jogava a Liga dos Campeões e acabou por recusar a transferência.
Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe. Para a história fica a data em que os dragões estiveram perto de garantir um dos melhores jogadores de sempre. O quão diferente poderia ter sido a história.