Há jogadores que identificamos com um clube. Outros, identificamos com a seleção. É esse o caso de Miroslav Klose. A sua carreira, em termos de clubes, foi boa, mas foi a marca deixada na seleção alemã, principalmente em Campeonatos do Mundo, que eternizou o nome do ponta de lança germânico.
Klose nasceu na Polónia em 1978, numa altura em que os polacos vivam o seu melhor momento futebolístico de sempre. Filho de um jogador de futebol e de uma jogadora de andebol, abandonou a Polónia nos primeiros meses de vida, uma vez que o pai foi jogar para França. A família do pai era Aussiedler (pessoa com antecedentes familiares na Alemanha, que pode voluntariamente voltar para o país, um direito consagrado após a 2.ª Guerra Mundial, que obrigou muitas famílias a abandonarem a Alemanha) e, assim, Miroslav Klose e a família adotaram a nacionalidade alemã e foram viver para a Alemanha. Foi, assim, no país germânico que Klose começou a dar os primeiros pontapés na bola. Foi formado no Blaubach-Diedelkopf e passou pelo Homburg, sendo contratado pelo Kaiserslautern, estrando-se na Bundesliga com 21 anos.
A sua ascensão foi meteórica: depois de só ter realizado dois jogos em 1999/2000, ganhou a titularidade na época seguinte, terminando a temporada com 11 golos e ajudando o clube a atingir as meias-finais da Taça UEFA. As suas boas exibições levaram Rudi Voller, antigo avançado alemão campeão do mundo, a chamá-lo à seleção – e Klose mostrou imediatamente que ia deixar marca, ao marcar nos dois primeiros jogos, frente a Albânia e Grécia.
O 1.º Mundial
Em 2001/02, melhorou os seus números, acabando a época com 16 golos e foi chamado ao Mundial da Coreia e do Japão. No plantel dos germânicos, Klose rivalizava por um lugar de ponta de lança com Bierhoff e Jancker. Dois hat-tricks em jogos de preparação convenceram Voller a conceder-lhe a titularidade – e não se arrependeu.
Ficou mais duas épocas no Kaiserslautern e teve uma participação dececionante no Euro 2004, jogando apenas 34 minutos. Mas, após o torneio, transferiu-se para o Werder Bremen e impôs-se: 17 golos em 2004/05 e 31 em 2005/06 (melhor registo da carreira) fizeram dele, novamente, o avançado número um alemão.
Melhor Marcador do Mundial
Campeão da Bundesliga
Continuou mais uma época no Werder Bremen e em 2007 assinou pelo Bayern, num mercado que levou para Munique outros craques como Ribéry, Zé Roberto ou Luca Toni. Formou com o italiano uma poderosa dupla atacante que valeu o título aos bávaros e na época seguinte reencontrou Klinsmann como treinador, numa época sem o título mas em que Klose marcou 20 golos. Pelo meio, sagrou-se vicecampeão europeu pela Alemanha em 2008, marcando dois golos na prova, na fase a eliminar, frente a Portugal e Turquia.
2014, o ano dos recordes e da consagração
Depois de uma época dececionante em 2010/11 (apenas seis golos marcados), Klose resolveu mudar de ares e rumou a Itália, para representar a Lazio. Tinha já 33 anos e muitos não acreditavam no seu sucesso. 16 golos na primeira época e um golo no Euro 2012 mostravam que o alemão ainda tinha muito para dar. Depois de mais uma época de bom nível, em 2013/14 Klose marcou apenas oito golos e levantaram-se muitas dúvidas quanto à sua convocatória para o Mundial do Brasil. Joachim Low manteve a confiança no ponta de lança e Klose respondeu afirmativamente. Havia dois recordes que o avançado podia bater: ser o melhor marcador de sempre da Alemanha e o melhor goleador da história dos Campeonato do Mundo. No último jogo amigável antes do torneio, Klose marcou o seu 69.º golo e ultrapassou Gerd Muller como maior goleador de sempre da Alemanha. Já no segundo jogo dos alemães no Campeonato do Mundo, Klose saltou do banco para empatar o jogo frente ao Gana e igualou o registo de Ronaldo. Apesar de continuar no banco nos dois jogos seguintes, foi titular frente à França, nos quartos de final. A Alemanha venceu, mas Klose ficou em branco.
Klose abandonou a seleção mas ainda continuou mais duas épocas na Lazio, marcando mais 24 golos até se despedir, em 2016.
Quando se fazem listas dos melhores avançados de sempre, Klose raramente é equacionado. Mas o seu legado no futebol é inquestionável: Pelé, Messi, Cristiano Ronaldo, Gerd Muller, Ronaldo ou tantos outros goleadores estão atrás do avançado alemão em termos de golos em Mundiais. Haverá prova maior da qualidade de um jogador do que a maior competição de futebol do Mundo?