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    Portugal nas Confederações: na Rússia para o bronze

    Texto por Jorge Ferreira Fernandes
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    Por vezes desvalorizada entre adeptos, jogadores ou dirigentes, a Taça das Confederações fez parte do imaginário futebolístico durante os primeiros anos do novo milénio. Disputada, a partir de 2011, um ano antes do Campeonato do Mundo, precisamente no mesmo local, a prova recebeu algumas das maiores seleções e alguns dos principais craques das últimas décadas, como Ronaldinho, Henry, Kaká ou Neymar. 

    A edição de 2017, na Rússia, ficará para a história. Não só marcou o fim da Taça das Confederações como a conhecemos, como também representou a estreia de Portugal nesta autêntica elite do futebol mundial. O campeão europeu em título chegou com estatuto e saiu com o bronze. 

    Campeã do Mundo à partida para solo russo, a Alemanha acabou por surpreender na abordagem que teve em relação à Taça das Confederações. Num teste de fogo para os menos experientes, Joachim Low decidiu deixar de fora nomes ilustres como Neuer, Kroos ou Özil, convocando apenas três campeões do Mundo. Ter Stegen, Emre Can, Leon Goretzka ou Julian Draxler eram as estrelas entre alguns nomes relativamente desconhecidos. 

    Podia ser esta uma boa notícia para Portugal, que, em teoria, ia na máxima força. Sem João Mário, lesionado, mas com quase todos os heróis do Euro 2016, como Rui Patrício, Pepe, Nani e, claro, Cristiano Ronaldo. Quase porque faltava Éder, o homem que elevou o futebol das Quinas ao patamar mais alto. E desta vez o campeão da Europa contava com jovens de qualidade, também, como Bernardo Silva, Gelson Martins ou André Silva. 

    O jogo de estreia, que acabou com um empate a duas bolas, foi o espelho da participação lusa em terras russas. Muita irregularidade, especialmente mais atrás, períodos de alguma qualidade intercalados com fases francamente negativas e equilíbrio no marcador. Basicamente, mantinham-se as mesmas qualidades e os mesmos defeitos demonstrados em França. 

    Ronaldo lá picou o ponto em mais uma competição @Getty / Buda Mendes

    Se a qualidade não era muita, os resultados acabaram por permitir a Portugal cumprir os serviços mínimos de seguir em frente e de estar entre as últimas quatro equipas da Taça das Confederações. O triunfo pela margem mínima contra a anfitriã Rússia foi o mote para que o campeão europeu guardasse a sua única boa exibição na prova para a derradeira ronda, diante da Nova Zelândia. As fragilidades do adversário ficaram bem à vista, num 4x0 que teve o condão de dar alguma esperança para as meias-finais. 

    No caminho da equipa de Fernando Santos aparecia o Chile, bicampeão sul-americano, primeiro com Sampaoli, em 2015, depois com Pizzi, o selecionador de então, em 2016. Ao contrário da Alemanha, os chilenos não deixaram em casa quase nenhuma das suas figuras, ainda que nenhuma delas conseguisse bater Rui Patrício no tempo regulamentar. Mais uma vez, Portugal desiludia do ponto de vista exibicional, mas levava para as grandes penalidades a decisão de participar ou não na final da Taça das Confederações. O campeão tanto se fiou na sorte que ela esbarrou em Bravo. Um 3x0, assim mesmo, nos penáltis para levar Vidal, Alexis e companhia, com justiça, até São Petersburgo. 

    Quando o México apareceu pela frente, nas meias-finais, a Alemanha era uma equipa analisada com outros olhos. As ausências tiraram qualidade e estatuto à campeã do Mundo, mas os novos intérpretes tinham qualidade e irreverência suficiente para que, em solo russo, aparecesse mais uma prova do célebre: «O futebol é onze contra onze e no fim ganha a Alemanha». Nomes como Werner, Goretzka, Stindl ou Rudy piscavam o olho a Low e ao país, que assistiu a uma bela demonstração de força e competência no 4x1 que encaminhou a Mannschaft  para o jogo decisivo da Taça. 

    Restava a Portugal lutar por terminar no último lugar do pódio. As duas experiências passadas, em Inglaterra, no Mundial dos Magriços, e na Alemanha não foram propriamente positivas. Como outras seleções, a equipas das Quinas não demonstrou nesses momentos uma predisposição para atacar da melhor forma um jogo que ninguém quer jogar. Contra o México, a qualidade, de facto, não foi muita, mas a crença e a emoção salvaram uma partida que decidiu medalha. Pepe empatou no minuto 90 e, no prolongamento, Adrien carimbou a reviravolta de grande penalidade. Era o mal-menor possível para uma equipa com queda para os momentos importantes. 

    Dois dos mais fortes candidatos à partida, Chile e Alemanha chegavam à final da moderna Zenit Arena com toda a naturalidade, depois de um percurso consistente e regular. Só um podia ganhar e, com muito equilíbrio à mistura, a Taça das Confederações acabou por ir parar às mãos da seleção mais titulada, mais forte enquanto coletivo, apesar das várias ausências de alguns dos melhores jogadores. Vidal bem tentou, o Chile foi um digno vencido, mas a Mannschaft justificou o triunfo, pela solidez, pela qualidade coletiva, pelo golo solitário de Stindl que fez toda a diferença. Low ganhava uma Taça e um fôlego importante o Mundial do ano seguinte, que acabaria por correr de forma desastrosa. 

    Uma Taça das Confederações nem sempre consensual e, ao mesmo tempo, marcante para o futebol português. A vitória no Euro deu estatuto a uma seleção com um histórico triste fado nos grandes momentos. Só participa no ensaio geral para o Mundial quem consegue marcar a diferença e entrar para a história. Nem sempre bem aproveitada, a presença na Rússia foi um bombom para a equipa das Quinas, que, nas anteriores décadas, já tinha feito por lá estar em uma ou outra ocasião. 

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