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      Grandes Jogos
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      Uruguai x Gana: A mão de Deus do século XXI

      Texto por Jorge Ferreira Fernandes
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      Não faltou simbolismo e importância à eleição da África do Sul como anfitrião do Campeonato do Mundo de 2010. O primeiro Mundial no continente era uma oportunidade histórica para continuar a elevar o desporto enquanto veículo de coisas boas para uma sociedade que viveu tempos preocupantes e inaceitáveis de divisão. 

      As semanas de celebração do futebol foram especiais, sobretudo para as seleções do terceiro maior continente do planeta. Já várias tinham tido a capacidade de surpreender em campeonatos do Mundo e, desta vez, a honra pertenceu ao Gana, porta-estandarte de África na fase mais adiantada da competição. 

      Do outro lado da barricada, nos quartos de final, estava o Uruguai. O povo ganês já tinha perdido a final da CAN uns meses antes e, no relvado de Joanesburgo, voltou a haver desilusão da grande, com Luis Suárez a introduzir aos mais novos todo o significado futebolístico da Mão de Deus. 2010 foi muito 1986 e o azul mais celeste voltou a festejar. 

      Que final de Locos

      Este era um Uruguai que, para lá da capacidade coletiva, da personalidade, da agressividade, da intensidade com e sem bola, lançava para a ribalta e para o mais alto patamar do futebol mundial dois craques: Cavani e Suárez. Um no Palermo e a caminho de Nápoles já demonstrava que podia ser um caso sério, o outro não parava de marcar golos no futebol holandês, com a camisola do Ajax. Um poder de fogo que já de si podia assustar, quanto mais havendo uns metros mais atrás outro grande jogador, esse sim já uma referência. 

      Diego Forlán. O nome não engana, o talento também não. Dono de um pé direito temível, o avançado, que chegou à África do Sul como o grande herói na conquista da Liga Europa por parte do Atlético de Madrid, mostrou argumentos em todos os momentos do jogo, sendo um autêntico maestro e, ao mesmo tempo, goleador deste Uruguai que foi passando e que foi surpreendendo etapa após etapa no Mundial 2010. 

      Mas falemos do adversário, até porque foi a equipa que ficou mais perto de fazer história e atingir os últimos quatro de um Campeonato do Mundo. Esta seleção do Gana nem era das mais entusiasmantes à partida, muito menos das que tinha maior talento individual, mas Asamoan Gyan, Kevin-Prince e companhia foram passando as diferentes etapas e provando que, afinal, o continente africano podia ter um belo representante no torneio do Waka Waka de Shakira e das vuvuzelas. 

      El Loco Abreu preparado para levar o Uruguai às meias

      Em relação ao jogo propriamente dito, foi equilibrado, entretido e emocionante, ao contrário da própria competição, por vezes demasiado monótona e aborrecida. Ambas as formações procuraram sempre o golo e o resultado acabou por ser a criação de várias oportunidades junto das duas balizas, com dois golos pelo meio. Um de Muntari, campeão europeu em título pelo Inter, através da meia distância, outro do inevitável Forlán, de livre. O avançado uruguaio estava mesmo naquela fase de transformar em ouro tudo o que tocava...

      Chegamos, então, ao prolongamento, a um dos grandes momentos da fase final do Mundial 2010. Nos 30 minutos, as equipas não se abriram tanto, apostando antes numa estratégia de maior contenção, algo que não impediu o lance de todas as emoções, numa altura em que o relógio marcava 120 minutos. Após muita luta e alguma confusão, Suárez, com o pé, primeiro, e com a mão, depois, salvou a dobrar o golo decisivo do Gana, mesmo em cima da linha de golo. A expulsão foi a decisão inevitável tomada por Benquerença e, já perto do túnel de acesso, o agora avançado do Barcelona viu Gyan atirar de forma estrondosa...para a barra. Só visto porque contado ninguém acredita!

      Apesar de todo o dramatismo da situação, o avançado e referência atacante dos ganeses foi o primeiro a assumir a responsabilidade nas grandes penalidades. Não falhou, ao contrário de dois colegas seus, que nada puderam fazer para evitar a glória de El Loco Abreu, numa Panenkada histórica. Os uruguaios também sabiam jogar e bem com os pés...

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      jogos históricos
      U Sexta, 02 Julho 2010 - 19:30
      FNB Stadium (Soccer City)
      Olegário Benquerença
      1-1
      (4-2 g.p.)
      Diego Forlán 55'
      Sulley Muntari 45'
      Estádio
      FNB Stadium (Soccer City)
      Lotação91141
      Medidas111x71
      Inauguração1989