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Liga dos Campeões 2008/2009
Grandes jogos

Chelsea x Liverpool: Um clássico instantâneo

Texto por Jorge Ferreira Fernandes
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Rivais e protagonistas de várias batalhas históricas durante a primeira década do novo século, Liverpool e Chelsea como que se transcendiam ao ouvir o hino da Champions. Três meias finais já tinham marcado o percurso destes dois grandes clubes ingleses, mas em nenhuma dessas ocasiões se assistiu a um espetáculo tão vibrante, imprevisível e apaixonante como aquele que mais de 40 mil tiveram oportunidade de vivenciar em 2009. 

Terá sido mesmo uma das eliminatórias de quartos de final mais emocionantes da história da Liga dos Campeões. O 1x3 que o Chelsea trouxe de Anfield até fazia prever uma gestão mais do que tranquila para os blues, mas não foi nada disso que aconteceu. A passagem às meias nunca esteve totalmente segura, o Liverpool, por duas vezes, chegou a estar a um golo da histórica remontada e acabou tudo numa divisão a quatro. Que sufoco!

Golos e mais golos

Esperava-se, quando o sorteio ditou novo duelo entre Chelsea e Liverpool, que, tal como as eliminatórias de 2005, 2007 ou 2008, este fosse também um duelo equilibrado, de muita incerteza e de resultado aberto até ao final. A primeira mão contrariou algumas dessas previsões, com o conjunto de Hiddink a construir uma vantagem larga, importante e possivelmente fatal para Benítez e companhia. 

Importa ainda refletir sobre os números desta eliminatória, especialmente se tivermos como termo de comparação os anos em que Mourinho e Benítez jogavam por um lugar na final. Se aí as partidas eram marcadas pela tática, pelo rigor, pela capacidade defensiva, pelo pormenor, em 2009 o paradigma mudou completamente. Basta para isso lembrar o agregado de 7x5 ou o número de remates feitos pelas duas equipas na partida de Anfield - 13 para os reds, 19 para os blues.  

Mas, o passado ainda mais passado que fique para trás, viajemos para o dia de todas as decisões, a terça de 14 de abril de 2009. A marcar logo o lançamento do jogo o facto de duas lendas estarem de fora. Ao contrário do que se esperava, o Chelsea sentiu bem mais falta do comandante Terry atrás do que o Liverpool a falta do capitão, líder Steven Gerrard. Os reds foram sempre uma equipa objetiva, perigosa, com capacidade para criar ocasiões em catadupa, os blues raramente assentaram e tremeram demasiado face a Kuyt, Torres e companhia. Nem Cech escapou à razia...

E falar no gigante checo é, neste caso, sobretudo, falar em Fábio Aurélio. Sim, porque este autêntico assalto do Liverpool começou bem cedo e foi liderado pelo defesa brasileiro, ator secundário nos anos de Benítez em Anfield Road. Sem que ninguém contasse com tal ideia, o lateral bateu direto para a baliza um livre que todos pensavam ter como destino a área, sobretudo Cech, que abriu demasiado o seu poste mais próximo. Pouco depois, mais um livre, mais um golo, desta vez de grande penalidade, pelo consagrado Xabi Alonso. Afinal, o milagre era mesmo possível.

Reina foi surpreendido por Drogba @Getty /

Quando Drogba, num momento de alguma felicidade, mas também de muita ratice, bateu Reina para acalmar os ânimos dos londrinos, já o Liverpool tinha desperdiçado um par de oportunidades para o terceiro e decisivo golo. O marfinense deixou a ferida aberta e, ao cheirar o sangue, este Chelsea de altos e baixos foi capaz, ele próprio, de virar o marcador para o 3x2. E, sobre essa fase louca (uma de várias) da partida, há um aviso obrigatório para aqueles que nos seguem nestas linhas: o golo de Alex é imperdível de tão bonito e improvável. 

Não estava tudo decidido. De repente, e num abrir e piscar de olhos de três minutos, o Liverpool voltou a aproveitar o caos junto à baliza de Cech para deixar a meia final e o confronto com o Barcelona de Guadiola a apenas um único golo. Kuyt e Lucas abriram a esperança, mas Lampard, como sempre, estava lá para ajudar e para decidir a favor do seu Chelsea. Um remate histórico, tal como outros que construíram a lenda do atual treinador em Stamford Bridge. 

Morreu, desta forma, o sonho de Benítez em repetir na cidade eterna a felicidade e a lenda construída em Istambul. O Chelsea avançava, mais uma vez, para os últimos quatro da Champions e este 4x4 não foi o último jogo marcante na época europeia dos blues. Faltava a mãe de todas as polémicas

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jogos históricos
U Terça, 14 Abril 2009 - 19:45
Stamford Bridge
Medina Cantalejo
4-4
Didier Drogba 51'
Alex 57'
Frank Lampard 76' 89'
Fábio Aurélio 19'
Xabi Alonso 28' (g.p.)
Lucas Leiva 81'
Dirk Kuyt 83'
Estádio
Stamford Bridge
Lotação41798
Medidas103x67m
Inauguração0