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Biografia

Roberto Carlos: O Pontapé Canhão

Texto por Vasco Sousa
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Quando existe uma votação para eleger o melhor defesa esquerdo de sempre, um dos nomes incontornáveis é Roberto Carlos. Dono de uma pujança física invejável, o jogador brasileiro notabilizou-se pelo potente remate, que lhe valeu muitos golos.

Nascido em Garça (interior de São Paulo) e com o nome em homenagem ao popular cantor brasileiro, do qual o pai era grande fã, cedo começou a jogar futebol, destacando-se no União São João. Rapidamente se destacou, ao ponto de ter sido titular no Mundial Sub 20, em 1991 (onde foi vicecampeão) enquanto ainda representava o modesto União São João, de Araras (SP).

Em agosto de 1992, a revelação do clube paulista foi emprestado ao Atlético Mineiro, numa digressão do clube de Minas Gerais na Europa, tendo dado boas indicações.

Campeão brasileiro e estreia na seleção

Em 1993 foi contratado pelo Palmeiras, equipa que tinha o patrocínio da Parmalat e que apostou forte nas contratações. Antônio Carlos, Edmundo, Flávio Conceição e Edilson; e posteriormente Rincón e Rivaldo mostraram a ambição do clube, e com resultados. O Palmeiras sagrou-se bicampeão brasileiro, numa equipa que ficou para a história.

As suas boas exibições levaram-no à seleção: em 1992, estreou-se pela Canarinha e 1993 participou na Copa America, mas acabou por não ser convocado por Carlos Alberto Parreira para o Mundial 94, perdendo a corrida para Branco e Leonardo.

A estreia na Europa

A sua velocidade, subidas no ataque e remate poderoso ganharam fama e o Inter contratou-o em 1995. Os milaneses apostavam em dois dos mais promissores laterais do mundo por essa altura (para a direita foi contratado Zanetti) mas o treinador Hodgson tinha outras ideias e via Roberto Carlos como médio/extremo esquerdo e não como defesa. Apesar da sua aventura em Itália ter começado de forma excelente, com três golos nos três primeiros jogos, o seu rendimento ficou aquém do esperado, muito devido à não adaptação à nova posição.

Gigante no Real Madrid

Após uma época em Milão, e depois de ter conquistado a medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta, Roberto Carlos transferiu-se para o Real Madrid, num negócio que envolveu a ida de Zamorano para o Inter. Os merengues apostavam forte nessa época: juntamente com o jogador brasieleiro, chegaram ao Santiago Bernabéu Illgner, Seedorf, Suker e Mijatovic, para além do conceituado treinador italiano Fabio Capello.

Campeão logo na primeira época, Roberto Carlos acabou por ficar 11 épocas no Real Madrid, numa fase dourada do clube merengue, conhecida pelos Galáticos. Ao longo dos anos, Roberto Carlos alinhou com alguns dos melhores jogadores do Mundo (Casillas, Raúl, Figo, Zidane, Ronaldo, Beckham, Owen ou Cannavaro) e tornou-se uma lenda no clube. Venceu três Ligas dos Campeões e marcou alguns golos espetaculares, com destaque para o golo “impossível” frente ao Tenerife, em 1997/98.

Em 2006/07, algumas exibições menos positivas motivaram muitas críticas e Roberto Carlos acabou por abandonar o clube. Deixou o clube com mais um título de campeão (o quarto da carreira), novamente com Capello como treinador. Realizou 527 jogos no Real Madrid (68 golos), que fazem dele o estrangeiro com mais jogos disputados pelo colosso da capital espanhola.

Sucesso com a Canarinha

Paralelamente ao sucesso no clube, Roberto Carlos viveu dias muito felizes na seleção brasileira. Estabeleceu-se como titular absoluto em 1995, ano em que foi finalista da Copa America. Em 1997, conquistou o seu primeiro título pela Canarinha (Copa America), num ano que ficou marcado por um golo inesquecível marcado à França. Um livre de muito longe, com a bola a sofrer um efeito incrível, que foi batizado de “Banana Shot” e que já foi alvo de vários estudos para perceber como foi possível aquele remate.

Estreou-se em Campeonatos do Mundo em 1998, competição em que perdeu a final para a França, mas quatro anos depois fez parte da equipa que conquistou o penta para o Brasil. Roberto Carlos foi um dos maiores destaques da Seleção e marcou um golaço, frente à China – de livre, claro.

O Mundial 2006 foi o último momento de Roberto Carlos pelo Brasil. Numa equipa recheada de talento (Ronaldinho, Kaká, Ronaldo, Adriano...) que desiludiu no torneio, o defesa foi um dos mais criticados, principalmente pela sua postura no golo de Henry, nos quartos de final, que ditou o fim da aventura brasileira na Alemanha. Esse foi o último dos seus 126 jogos pela seleção, o segundo com mais jogos pelo Brasil, tendo conquistado três títulos.

Os últimos anos

Após a saída do Real Madrid, Roberto Carlos continuou na Europa, na Turquia, ao serviço do Fenerbahçe, onde foi treinado pelo compatriota Zico. Em duas épocas e meia não conseguiu sagrar-se campeão mas ajudou a equipa a atingir os quartos de final da Champions, a melhor campanha de sempre do clube.

Regressou ao Brasil, onde representou o Corinthians, voltando para a Europa, tendo jogado no Anzhi da Rússia, onde foi alvo de racismo. Num jogo frente ao Krylya Sovetov, atiraram-lhe uma banana, num ato que o levou a abandonar o campo.

No clube russo, chegou a acumular funções de treinador-jogador, até se retirar em 2012, com 39 anos. Três anos depois, ainda voltaria a jogar, agora na Índia, onde também exerceu funções de treinador.

Com uma carreira brilhante, com quase 1000 jogos, mais de 100 golos e um total de 21 títulos (10 deles internacionais), Roberto Carlos é, indiscutivelmente, um dos maiores da história do futebol.

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Roberto Carlos (BRA)
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Comentários (2)
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RCarlos
2019-04-10 18h35m por Lewisfcp
O melhor lateral esquerdo que tive o prazer de ver jogar. .
As selecçoes do Brasil desse tempo, eram qq coisa. .
Dida, Cafú, RCarlos, Dunga, Leonardo, Denilsson, Robinho, Rivaldo, Kaká, Ronaldinho, Ronaldo, Adriano, Elber e tanto , tantos outros, até admira nao terem ganho mais vezes. . Dos melhores jogadores em todas as posiçoes e em algumas eram mesmo os melhores. .
SO
Roberto Carlos
2019-04-10 17h26m por sofintas
Que enorme craque! E muito mais do que um grande pontapé.

Este merecia claramente ter ganho uma Bola de Ouro.

Melhor lateral esquerdo que vi (desde 85 que vejo). Defendia bem - embora Maldini melhor neste aspecto -, e tinha uma influência e um brilho atacante ao nível dos grandes extremos (e como eram cracões. . . !) da altura.