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    Frederico Barrigana: Mãos de Ferro

    Texto por João Pedro Silveira
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    Natural de Alcochete, ainda menino começou a trabalhar como corticeiro no Montijo. Lá cresceu, com o sonho da bola, de fugir a um destino de pobreza. Desde miúdo que jogava com os amigos e colegas, sendo franzino e ágil, menos dotado de pés, começou a ser escolhido para a baliza.

    Foi como guarda-redes que começou a jogar por um clube local, os Onze Unidos do Montijo, mas seria pelo Sporting que começou a "fintar" o destino. Chegado ao Lumiar em 1943, deu nas vistas, ao ponto de João Azevedo, o guarda-redes titularíssimo da baliza leonina, considerar que de todos os guarda-redes do Sporting, só o miúdo seria capaz de um dia lhe roubar o lugar no onze.

    Tapado pelo «monstro das balizas» que era Azevedo, Frederico Barrigana era a quarta opção de Joseph Szabo para substituir Azevedo, atrás de Dores, Martins e de Szabo, o filho do «mister».

    A Guerra a mudar-lhe o destino

    Curiosamente, a Segunda Guerra Mundial traria uma mudança positiva para a vida de Barrigana. No FC Porto, o guarda-redes Béla Andrasik desaparecera da Cidade Invicta sem deixar rasto. Os dirigentes portistas, preocupados, pensaram que tinha partido de férias, mas como não tinham guarda-redes, contactaram os dirigentes do Sporting para pedirem um guarda-redes dos muitos e bons que existiam no Lumiar.

    @Domínio Público
    Com 21 anos, Barrigana recebeu guia de marcha para o Porto. Ao mesmo tempo, descobria-se que Andrasik era um espião que trabalhara para os ingleses, tendo sido descoberto pela contraespionagem da Gestapo e, temendo ser preso pela polícia secreta de Salazar e ser entregue aos alemães, fugiu sem deixar rasto...

    Símbolo portista

    Sportinguista de pequenino, magoado com Szabo, tornou-se portista de coração, tendo um especial prazer em defrontar os leões. Não sucedeu a Azevedo na baliza leonina, mas sucedeu-lhe na Seleção Nacional. O seu génio irascível era reconhecido. Era homem de ferver em pouca água que dizia que «quando perco fico aborrecido e doente. Não sei perder! (...) Até a treinar-me não gosto de sofrer golos...»

    O FC Porto vivia tempos complicados, em crise à sombra dos feitos leoninos e normalmente ultrapassado na classificação pelos rivais lisboetas, Sporting, Benfica, Belenenses e até Atlético. Em 1947, o Vasco da Gama, do Brasil, tentou a sua contratação, oferecendo-lhe dez vezes mais do que ganhava no FC Porto.

    A notícia da proposta brasileira espalhou-se pelos cafés da Cidade Invicta, mas Barrigana, fiel ao seu coração, prometeu que não trocava o Porto por nada e partiu para as termas das Pedras Salgadas, para regressar em grande forma na época seguinte.

    Acabou por abandonar o clube em 1955, depois de ter defendido a azul e branca em 259 ocasiões, e a seleção em doze. Yustrich dispensou-o, considerando-o velho e ultrapassado, triste ainda jogou durante duas épocas no Salgueiros, antes de pendurar as botas, mas ficara a mágoa de se despedir do FC Porto sem conquistar um título.

    Ironia do destino, o FC Porto voltaria a festejar um título na primeira época sem Barrigana, precisamente sob a orientação de Yustrich.

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    Fotografias(1)

    Barrigana (POR)

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