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    França 1938
    Grandes jogos

    Suíça x Alemanha: Um telefonema para o Führer

    Texto por João Pedro Silveira
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    Em março de 1938, a Alemanha anexara a Áustria. Era o Anschluss, a anexação pacífica da Áustria e a sua integração política no III Reich. Como todos os símbolos nacionais austríacos, a seleção austríaca de futebol também deixou de existir.
     
    A seleção, já qualificada para o Mundial de 1938, acabou por não tomar lugar na prova. Os melhores jogadores austríacos passaram a defender a equipa do Reich. Também no futebol, a cúpula do regime nazi punha em prática um dos principais slogans do nacional-socialismo alemão: «ein Volk, ein Reich, ein Führer!» (1)
     
    A 3 de abril, a equipa austríaca tinha defrontado a alemã, em Viena, num jogo de despedida da seleção e num momento de festa e celebração da unificação, o Anschlussspiel
     
    Sindelar, a estrela austríaca, liderou a equipa da casa a uma vitória que humilhou os nazis, recusando-se, depois, a jogar pela Mannschaft alemã. 
     
    Expectativas

    Sepp Herberger podia não contar com Sindelar, mas comandava um conjunto de jogadores capazes de rivalizar com qualquer seleção do mundo. 
     
    Se o Homem de Papel se recusara a vestir a camisola alemã, muitos dos seus colegas que tinham brilhado ao serviço do Wunderteam austríaco aceitaram jogar pela seleção do Reich e reforçaram a equipa alemã que assim passou a ser uma das favoritas do Mundial em França.
     
    Dois anos antes, a Áustria fora medalha de prata nos Jogos de Berlim, no mundial anterior, alemães e austríacos tinham chegado às meias-finais da provoca, caindo às mãos, respetivamente de checoslovacos e italianos. 
     
    A nova NationalMannschaft era uma espécie de «dream team» ariano que viajou para terras gaulesas, onde lhe calhou defrontar a Suíça nos oitavos de final, no primeiro jogo da prova. As expectativas estavam altas e em Berlim, a presença alemã no mundial era tema de conversa constante. 
     
    Um empate a uma bola gelou as expectativas germânicas, mas cinco dias depois, a Alemanha parecia estar preparada para eliminar a incómoda Suíça. 
     
    Adolf Hitler, que não era um grande fã de futebol, fez questão de ouvir o relato do encontro, para assim acompanhar as incidências da partida. 
     
    Mesmo sem saberem que o führer os acompanhava à distância, os alemães entraram a todo o gás, ampurrando a equipa helvética para trás. O famoso «ferrolho suíço» criado pelo austríaco Karl Rappan, e que funcionara tão bem no primeiro encontro, sucumbiu logo aos nove minutos ao golo de Willy Hahnemann. Quando Ernst Loertscher apontou um autogolo aos 22 minutos, a história do jogo parecia decidida. 
    Ernst Loertscher 22 (p.b.) 
     
    A facilidade com que a equipa dominava o encontro, deixou Hitler descansado e confiante ao ponto de achar que não havia necessidade de ouvir o resto da partida, tendo pedido que o informassem apenas do resultado final. 
     
    O problema é que depois do führer desligar o rádio, a equipa suíça renasceu dos escombros e acabou por virar o jogo para 4x2, eliminando os alemães do mundial...Se o «Homem de Papel» se recusou a vestir a camisola alemã, muitos dos seus colegas que tinham feito parte da celebrada wunderteam austríaca aceitaram jogar pela seleção do Reich e reforçaram a equipa alemã, que assim passou a ser uma das favoritas do mundial em França. 
     
    Dois anos antes, a Áustria fora medalha de prata nos Jogos de Berlim e, no Mundial anterior, alemães e austríacos tinham chegado às meias-finais da prova, caindo, depois, às mãos de checoslovacos e italianos, respetivamente.
     
    A nova NationalMannschaft era uma espécie de dream team ariano que viajou para terras gaulesas e onde defrontou a Suíça nos oitavos-de-final, o primeiro jogo da prova. As expectativas estavam altas e, em Berlim, a presença alemã no Mundial era tema de conversa constante. 
     
    «Ferrolho Suíço»
     
    Um empate a uma bola gelou as expectativas germânicas, mas, cinco dias depois, no jogo de desempate, a Alemanha parecia estar preparada para eliminar a incómoda Suíça. 
     
    Adolf Hitler, que não era um grande fã de futebol, fez questão de ouvir o relato do encontro para assim acompanhar as incidências da partida. 
     
    Mesmo sem saberem que o Führer os acompanhava à distância, os alemães entraram a todo o gás, empurrando a equipa helvética para trás. O famoso «ferrolho suíço» criado pelo austríaco Karl Rappan, e que funcionara tão bem no primeiro encontro, sucumbiu logo aos nove minutos ao golo de Willy Hahnemann. Quando Ernst Loertscher apontou um autogolo aos 22 minutos, a história do jogo parecia decidida. 
     
    @Getty / Keystone
    A facilidade com que a equipa dominava o encontro deixava Hitler descansado e confiante ao ponto de achar que não havia necessidade de ouvir o resto da partida, tendo pedido que o informassem apenas do resultado final. 
     
    O problema é que, depois do Führer desligar o rádio, a equipa suíça renasceu dos escombros e acabou por virar o jogo para 4x2, eliminando os alemães da competição... Em Berlim foi preciso tomar uma decisão. Quem seria o desafortunado que iria informar o Führer da derrota alemã? Desse momento não há memória, mas por certo ninguém invejou aquele que foi o portador de tão inesperada notícia ao líder germânico.
     

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    (1) «Um Povo, um Império, um Líder!»

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    jogos históricos
    U Quinta, 09 Junho 1938 - 18:00
    Parc des Princes
    Ivan Eklind
    4-2
    Ernst Lörtscher 22' (p.b.)
    Eugen Walaschek 42'
    Alfred Bickel 65'
    André Abegglen 76' 79'
    Willy Hahnemann 9'
    Estádio
    Parc des Princes
    Lotação48583
    Medidas105x68
    Inauguração1897