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Paolo Maldini: Il Capitano

Texto por Mário Rui Mateus
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Nascido a 26 de Junho de 1968, Paolo Maldini é filho de uma grande referência do clube milanês: Cesare Maldini, capitão da equipa rossonera, campeã europeia em 1963. Apesar das ligações ao clube de San Siro, o jovem Paolo, que nascera onze meses antes da segunda vitória do AC Milan na Taça dos Campeões Europeus (1), não teve no AC Milan o seu primeiro amor. O seu herói, que tinha direito a um poster que ocupava lugar de destaque na parede do seu quarto era o avançado Roberto Bettega, avançado e referência da Juventus e internacional pela Squadra Azzurra

Maldini não só idolatrava Bettega como, para desgosto de seu pai, era adepto dedicado da Vecchia Signora. No entanto, Cesare não desistiu e muito provavelmente por influência sua, o miúdo então com dez anos pôde prestar provas no clube rossonero, onde demonstrou ser um promissor lateral esquerdo. Poucos podiam imaginar que aquele rapaz só sairia do clube passado três décadas, depois de levantar a Champions League, a quinta da sua carreira, a sétima da história do clube... 

Crescer entre Os Imortais de Sacchi

Fez o seu trajeto 'normal' nas camadas jovens dos milaneses, tendo conquistado a Coppa Italia Primavera em 1984/85. Na mesma temporada, com apenas 16 anos, fez a estreia na equipa principal, pela mão do técnico sueco Nils Liedholm. Na visita à Udinese, um jogo que terminou 1x1, o jovem Maldini entrou ao intervalo para substituir o lesionado Sergio Battistini. Apesar deste encontro disputado, foi a época 1985/86 que marcou o início da segunda era Maldini no emblema rossonero.

Já com 17 anos, Paolo Maldini herdou a camisola 3 do seu pai e assumiu um lugar cativo na defesa milanesa, primeiro à direita e posteriormente à esquerda. Franco Baresi, Mauro Tassotti e Alessandro Costacurta completavam este autêntico muro. Ainda sem títulos para comemorar, Paolo Maldini estreou-se a marcar pelo clube de Milão, em 1986/77, dando a vitória tangencial (0x1) na deslocação ao terreno do Como.

Uma das melhores equipas de sempre, Os Imortais de Sacchi @Getty /
Em 1987/88, o recém-eleito presidente Silvio Berlusconi trouxe o treinador Arrigo Sacchi para a capital da Lombardia e, com ele, vieram os holandeses Ruud Gullit, Marco van Basten e Frank Rijkaard (na época seguinte). O elenco dos milaneses ia subindo de qualidade: Carlo Ancelotti, Roberto Donadoni e, mais tarde, Demetrio Albertini deram consistência ao meio-campo, mas lá atrás residia uma das forças principais. No cerne de tudo isto, Paolo Maldini solidificava-se cada vez mais como jogador, com antecipações astutas, desarmes que tinham tanto de graciosos como de eficazes e uma enorme capacidade de sair a jogar com a classe que lhe ficou caraterística.

Esta força defensiva ficou bem ilustrada nos números obtidos na Serie A: 14 golos sofridos. Sem surpresa, começaram a chover títulos nacionais e internacionais em Milão, inclusive Taças dos Campeões. no meio do sucesso, Paolo Maldini atingiu a marca dos 100 jogos na Liga Italiana, estreou-se pela Seleção A da Squadra Azzurra e foi distinguido como o melhor jogador Sub-23 a atuar na Europa, pela revista italiana Guerin Sportivo.

Continuar o legado n' Os Invencíveis de Capello

O tempo de Arrigo Sacchi acabou por se esgotar e Fabio Capello ascendeu ao leme rossonero. Paolo Maldini continua intocável, assim como o sucesso coletivo para o qual muito contribuía. Depois dos Imortais de Sacchi, foi tempo dos Invencíveis de Capello, que se sagraram campeões italianos em 1991/92, sem qualquer desaire concedido. Outro feito incrível do AC Milan foi a conquista da Champions de 1993/94: na final, os milaneses golearam o Dream Team de Johan Cruyff por 4x0, num jogo em que Maldini e Companhia (sem Baresi e Costacurta) pararam categoricamente Romário e Hristo Stoichkov.

Já retirados dos relvados, Maldini e Baresi mantêm uma forte ligação @Getty /
Paolo Maldini acabou por ser considerado o melhor jogador do mundo pela revista inglesa World Soccer, em 1994, e dedicou o prémio ao seu amigo e colega, Franco Baresi, que considerava ser o melhor defesa do Mundo. No entanto, o amigo Baresi acabou por retirar-se e Alessandro Nesta emergiu no miolo da defesa do AC Milan.

Paralelamente, Maldini cimentou um lugar na Seleção italiana e foi vice campeão do mundo em 1994, derrotado pelo Brasil na lotaria dos penáltis. Foi também capitão da equipa que perdeu a final do Euro em 2000, num jogo dramático em que a Itália esteve a poucos segundos de conquistar Campeonato da Europa, cedendo o empate aos 93 minutos, por culpa do golo de Sylvain Wiltord, que obrigou a um prolongamento, onde os franceses levaram a melhor, graças ao golo de ouro de David Trezeguet. 

Por fim, Il Capitano ​​​​​​

Com as saídas de Baresi e Tassotti, a braçadeira de capitão passou para Paolo Maldini, que entretanto chegou aos 400 jogos na Liga Italiana. Il Capitano teve a missão de ajudar o arranque de uma nova era nos rossoneri, mas não foi fácil. Após um jejum que insistia em durar, o antigo médio Carlo Ancelotti assumiu o comando técnico do AC Milan e um novo muro, formado por elementos como Alessandro  Costacurta, Alessandro Nesta, Paolo Maldini, Japp Stam ou Cafú ergueu-se, desta vez à frente da baliza de Dida.

Paolo Maldini vestiu a camisola do AC Milan por 902 ocasiões @Getty / FILIPPO MONTEFORTE
Este foi o ponto de partida para uma nova era dourada dos milaneses, que chegaram ao topo da Europa, com um conjunto que também contava com Clarence Seedorf, Kaká, Rui Costa, Andrea Pirlo, Andriy Shevchenko ou Pippo Inzaghi. Il Capitano voltou a erguer troféus em Itália e também nas competições europeias. Tal como um bom vinho, a idade parecia não passar por Maldini e sucederam-se as distinções individuais, que homenagearam uma autêntica lenda viva dos relvados. 

Contudo, a nível de Seleções a glória não foi idêntica à obtida com a camisola vermelha e preta. Paolo Maldini retirou-se da Squadra Azzurra no Mundial de 2002, na derrota frente à Coreia do Sul (2x1, após prolongamento). Para trás ficaram 126 jogos pelo seu país, que fazem do antigo central/lateral o terceiro mais internacional de sempre da Seleção italiana.

Os anos passaram e, para grande desgosto dos adeptos rossoneri e também do futebol, chegou o dia em que Il Capitano pendurou as chuteiras. Ao fim de 902 jogos oficiais pelo seu eterno AC Milan, Paolo Maldini terminou a carreira a 31 de maio de 2009, no triunfo por 0x2 na casa da Fiorentina. Numa vénia à sua lenda, o Milan retirou o número 3, que só pode voltar a ser usado... por um dos filhos, Daniel ou Christian Maldini.

Fica para sempre ligado a duas eras douradas do AC Milan e do futebol italiano. Ídolo de muitos jogadores e adeptos, Maldini continuou (quiçá superou) o legado do pai Cesare e gravou nas memórias de todos aqueles que o viram jogar, o defesa-modelo que todos gostariam de ter nas suas equipas.

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(1) - Em 1969 o Milan bateu o Ajax por 4x1 na final que se realizou em Madrid, conquistando o troféu, seis anos depois da final em que o pai de Maldini capitaneara os rossoneri na vitória por 2x1 em Wembley sobre o Benfica de Eusébio. 

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Paolo Maldini (ITA)
Paolo Maldini (ITA)
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