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Francisco Ferreira: O Perfeito Capitão

Texto por António Ferreira Dias
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Orgulhem-se os benfiquistas: tiveram em Francisco Ferreira o mais perfeito capitão da equipa de futebol da sua história.

Médio esquerdo, bem dotado fisicamente, o meio campo era todo dele e o seu exemplo de lutador inteligente galvanizava a equipa e conquistava a simpatia das bancadas.
 
Francisco Ferreira começou no FC Porto nos infantis. Com 17 anos, fez parte da equipa sénior, na final do Campeonato de Portugal (1936/37), vencendo o Sporting por 3-2. Era o seu primeiro título de Campeão Nacional. Em 37/38 o Porto ficou em 2º lugar, Francisco Ferreira fez 10 jogos e fez-se logo notar pela sua valentia, numa entrega total em todos os jogos.
 
Duma personalidade forte que o havia de acompanhar durante a vida toda, um verdadeiro líder, pediu aumento de vencimento aos Dirigentes do Porto. «Que não aturavam malandros», etc., etc. e adeus FC Porto.
Não voltou com a palavra atrás quando o dirigente portista, Sebastião Ferreira Mendes, já lhe dava «mundos e fundos» e emprego garantido.
 
Em 1938/39 estava no Benfica, em 1940, a 28 de Janeiro, fez o seu primeiro jogo na Selecção Nacional, em 43, aos 24 anos, era capitão da equipa das «Águias» e, em 1947, o capitão da Selecção Nacional.
 
Combativo, mas leal, conquistou a admiração dos benfiquistas e dos seus adversários.
 
Em Janeiro de 1950, FC Porto-Benfica no velhinho e pelado Campo da Constituição, os lisboetas venceram por 1-0, golo de Julinho e houve sururu. Um jogador do Benfica (Jacinto?) entrou duro sobre um portista. O costume: discussões, recriminações mútuas, etc., etc.
 
O grande capitão Francisco Ferreira abeira-se do colega faltoso, põe-lhe as mãos nos ombros, abana-o levemente, numa atitude de quem parece dizer "isto não se faz".
 
Atitudes como esta, digam-me lá se as vêem hoje nos relvados de Portugal. (Em contraste com a atitude nobre de Francisco Ferreira, reatado o jogo, Barrigana um excelente guarda-redes no Porto e na Selecção, teve uma atitude reprovável. Já com a bola encaixada para a repor em jogo, resolve primeiramente pontapear as «almofadas» do Jacinto, defesa direito do Benfica; Grande penalidade e Barrigana expulso).
 
A 3 de Maio de 1949 o Benfica homenageara Francisco Ferreira. De Itália veio o campeão Torino, o maior fornecedor de jogadores à selecção transalpina.
O Benfica venceu o campeão de Itália por 4-3. O Presidente do Torino, que se tinha deslumbrado pela actuação de Francisco Ferreira no Itália 4, Portugal 1, em Génova, em 27 de Fevereiro desse ano, convidou-o a ingressar no Torino. 
Os deuses do Futebol não permitiram que o grande Francisco Ferreira abandonasse o grande Benfica.
 
No regresso a Itália, o avião (devido ao Nevoeiro?) caiu sobre a basílica de Superga morrendo toda a comitiva, atletas e dirigentes.
Profundamente abatido, Francisco Ferreira, entregou às famílias dos jogadores mortos os 50 contos que o Torino lhe oferecera.
 
Terminou a carreira no final do campeonato 51/52, com o Benfica em 2º lugar, mas vencedor da Taça de Portugal 5-4 ao Sporting num dos jogos mais emocionantes que disputou. Recebeu do Presidente da República Craveiro Lopes, a Taça de Portugal
 
Em Janeiro de 1945, outro Presidente, Óscar Carmona, quis felicitá-lo pessoalmente por mais uma grande exibição no Portugal-Espanha.
 
Francisco Ferreira: «o verdadeiro capitão na verdadeira acepção da palavra».
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Francisco Ferreira
Comentários (1)
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motivo:
Correção
2014-05-05 13h49m por cramos
A frase "No regresso de Itália" não deveria ser "No regresso a Itália"?
O avião teve o acidente pouco antes de atterar já no regresso a Itália, após o jogo em Lisboa.
Agradecimento
hm por zerozero.pt
Tem razão, corrigido! Muito obrigado.
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