O Estádio Nacional de Santiago recebeu uma das finais menos lembradas de sempre. Mesmo sem Pelé, o favoritismo do Escrete era inquestionável. Do outro lado, a Checoslováquia parecia ser fraca oposição para os brasileiros. Alguns ainda recordavam 1954 e a diferença que havia entre húngaros e alemães (1), lembrando que a Checoslováquia fizera bem melhor que a Alemanha em 1954, conseguindo empatar o Brasil a zero na primeira fase.
Os mais pragmáticos lembravam que o Brasil estava avisado e que a Checoslováquia não tinha hipóteses. Os próprios checoslovacos não estavam muito confiantes, cientes da superioridade do adversário. O treinador Rudolf Vytlačil montou o seu 4x3x3 para tentar parar a esperada avalanche canarinha.
Sem contarem com jogadores geniais como o «Anjo das pernas Tortas» (2), os europeus confiavam nas luvas de Viliam Schrojf para manterem as redes invioláveis e na qualidade de Josef Masopust, fantástico médio do Dukla de Praga ainda hoje lembrado como o melhor jogador checo de todos os tempos.
Reviravolta
Tal como na final de quatro anos antes, o Brasil começou a perder. Um passe longo de Adolf Scherer chegou a Masopust que não teve problemas para bater Gilmar. 1x0, a Checoslováquia saía na frente!
Lembrando que a história nem sempre se repete, os jogadores brasileiros pegaram na bola e, dois minutos depois, Amarildo aproveitava um erro de Schrojf para empatar o jogo. 1x1, pouco durara a vantagem dos homens da Europa de Leste.Os checoslovacos acusaram o toque e reorganizaram-se, conseguindo aguentar os brasileiros até que o soviético Nikolay Latyshev apitou para o intervalo.
Contudo, no segundo tempo, os 68,679 espetadores presentes no Estádio Nacional puderam confirmar a grandiosidade do futebol de Garrincha e companhia.
Zito e Vavá fizeram mais dois golos, novamente com erros de um desalentado Schrojf, conseguindo a conquista do bicampeonato e confirmando que, mesmo sem o magistral Pelé, o Brasil estava claramente à frente da concorrência.
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(1) Em 1954 a Hungria perdeu a final do mundial com a RFA por 2x3 depois de ter vencido por 8x3 na primeira fase da prova.
(2) «Anjo das Pernas Tortas» era uma das mais famosas alcunhas de Garrincha.
3-1 | ||
Amarildo 17' Zito 69' Vavá 78' | Josef Masopust 15' |