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    Na Minha Secreta Área
    Luís Rocha Rodrigues
    2017/07/31
    E5
    O Na Minha Secreta Área é um espaço de opinião do jornalista Luís Rocha Rodrigues. Nas gavetas, há sempre um bloco de notas e uma caneta para se anotar o futebol.

    Momentos definem épocas. Por mais que a continuidade e o trabalho constante determinem sucessos, há uma muito ténue fronteira que o define. Escrevo-o a propósito do Benfica e de uma pré-época que alarma o Terceiro Anel.

    Recuemos a 10 de agosto de 2014. Tinham saído vários habituais titulares da época anterior (Oblak, Garay, Siqueira, Rodrigo, Markovic, André Gomes) e a pré-temporada não podia ser mais penosa: seis derrotas em oito jogos. Artur Moraes não correspondia para a baliza e era posto em causa até pela atitude do treinador Jorge Jesus, que o deixara de mão estendida uma semana antes... na Emirates Cup (5x1 com o Arsenal, 3x1 com o Valência).

    Nessa data, as águias apresentavam-se em competição para discutir a Supertaça com o Rio Ave, em Aveiro. Jogo de maior acerto defensivo, com Eliseu acabado de chegar, Jardel a surgir ao lado de Luisão, Artur Moraes ainda na baliza, perante a demora de Júlio César, o reforço. Aos 118 minutos, na sequência de um canto vilacondense, Jardel tenta tirar a bola do perigo e, na pequena área, acerta miraculosamente na trave da própria baliza. O jogo seguiu para penáltis, Artur Moraes passou de vilão a herói e a Supertaça travava, por fim, o pessimismo encarnado.

    Mas, e se Jardel tivesse feito auto-golo? E se o Benfica tivesse, depois de seis derrotas em oito jogos, entrado a perder nessa competição frente a um adversário com histórico e nome menor? E se todo aquele respirar de alívio encarnado, que permitiu entrar no campeonato de forma mais confiante e ganhar a dianteira ao FC Porto que tanto tinha investido para dar resposta às necessidades de Lopetegui, não tivesse acontecido?

    São os tais momentos. Muito mais do que trabalho e tática. Um momento que inverteu o aspeto emocional de uma equipa que se reergueu para o bi, tal como depois para o tri e a seguir para o tetra.

    A questão é: será sempre assim?

    O Benfica volta a fazer da paciência e da confiança no projeto desportivo atual os seus grandes baluartes na forma de estar. Coerente, sem dúvida. Até porque as mudanças não são, este ano, tantas como foram nessa altura.

    Há um aspeto comum. É que, em 2014 como agora, mudam três das cinco peças mais recuadas (antes Artur, Jardel e Eliseu, agora Júlio César, André Almeida, se puder jogar, e Jardel). Luisão mantém-se e esse é um aspeto demasiado relevante para descurar, podendo ser o serenador que a equipa precisa, em conjunto com Fejsa.

    No próximo sábado, estará diante dos encarnados um Vitória de Guimarães muito mais crente numa exibição como a que fez contra o Sporting que contra o FC Porto. A oportunidade vimaranense para inserir um nome extra-Benfica, FC Porto ou Sporting é bastante considerável, atendendo às muitas tremideiras defensivas dos encarnados.

    Será, portanto, uma questão de momentos, de pormenores (de sorte, porque não?). Terá o Benfica momentos de sorte que o catapultem para um rosto de confiança na nova temporada, na qual FC Porto e Sporting estão a ganhar boas formas? Ou será a formação encarnada refém do inverso e de indicativos de que nem todas as fornadas (formação, equipa B) dão bom pão?



    Comentários

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    motivo:
    Deprimente
    2017-07-31 23h38m por amexia
    Que artigo tão deprimente. Tentar reduzir 34 jogos a um lance no início do campeonato é ridículo e mau demais.
    Se não tem capacidade para mais perto melhor é abandonar.
    Agradecimento
    hm por zerozero.pt
    Muito obrigado pelo comentário. Aceito a crítica, mas não concordo com a ideia de que a coluna reduza 34 jornadas a um momento. Nem lá perto. Trata-se apenas da inversão de um estado de espírito que, pela altura em que aconteceu, foi relevante. E, sobretudo, de um paralelo com a realidade atual do Benfica, depois de uma pré-época com várias semelhanças (em termos de perdas e de novas soluções).

    Cumprimentos
    Luís Rocha Rodrigues
    Jardel Voltou
    2017-07-31 18h40m por SLBStars
    Está de volta a dupla defensiva que para trás foi deixada no passado por motivos infelizes individuais , em sentido contrário fez brilhar no presente novos talentos que aguardavam na sombra uma oportunidade de tornarem as suas ambições em realidade , talentos esses que conquistaram os corações europeus acabando por serem levados para longe do seu progenitor , o Benfica disse adeus em curto espaço de tempo aos lapidados , o vazio permaneceu paciente por um parceiro que acabou por renascer vol...ler comentário completo »
    Jardel Voltou
    2017-07-31 18h39m por SLBStars
    Está de volta a dupla defensiva para trá no passados por motivos infelizes individuais , em sentido contrário fez brilhar no presente novos talentos que aguardavam na sombra uma oportunidade de tornarem as suas ambições em realidade , talentos esses que conquistaram os corações europeus acabando por serem levados para longe do seu progenitor , o Benfica disse adeus em curto espaço de tempo aos lapidados , o vazio permaneceu paciente por um parceiro que acabou por renascer voltando a tomar co...ler comentário completo »
    Enxergar
    2017-07-31 15h01m por noobsaibot005
    No futebol há que ver (ou tentar ver) para além dos factos. O Sporting levou 3x0 do Guimarães, e o Porto ganhou por 2x0 em Guimarães. Quem lê isto pensa: PORTO > GUIMARÂES > SPORTING. . . O futebol assim seria previsível e uma delicia para quem aposta. Mas há que ver que o Sporting inventou um 11 contra o Vitória, e mais importante que isso, quando (já com 10 jogadores) passou para um 4x4x1 com o Doumbia na frente, foi de longe a melhor equipa e teve imensas oportunidades. Portanto, em...ler comentário completo »
    Sporting vs Porto
    2017-07-31 14h32m por DJROCKER
    Quem ler até pensa que a equipa utilizada num jogo foi assim tão tão longe de qualidade entre uma e outra. . . . Simplesmente num jogo uma equipa controlou completamente o jogo sem dar oportunidade ao adversário e noutro jogo jogaram contra uma defesa a 3 inventada. . . .

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