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    O sítio dos Gverreiros
    António Costa
    2022/09/25
    E1
    "O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

    O futebol de competição de clubes deu lugar aos jogos das seleções. Alguns países agendaram encontros particulares, ao passo que outros tinham jogos inseridos nas diferentes competições. Neste contexto, para Portugal havia uma decisiva jornada dupla, prevista para esta pausa.

    O selecionador Fernando Santos elaborou a lista dos seus escolhidos para estes trabalhos, num grupo que, maioritariamente, deverá marcar presença na convocatória no surreal Mundial de Inverno (para nós, europeus) que se disputará no final deste ano civil, no longínquo Catar. Esta escolha envergonha muita gente e afastou várias pessoas do futebol através da justiça, uma vez que este foi sempre um processo nada claro, em que muita gente «encheu os bolsos». Esta nuvem negativa fica adensada com a elevada quantidade de pessoas que perderam a vida na construção dos estádios que servirão de palco da competição, onde uma espécie de escravatura significou um retrocesso civilizacional que não dignifica nada, nem ninguém.

    Voltemos a Portugal e aos seus jogos decisivos. O selecionador tinha nas suas opções o nome de Rafa e foi surpreendido com a indisponibilidade do jogador. Os motivos aduzidos pelo atleta são do foro pessoal e respeitáveis, ainda que o timing da decisão não fosse o melhor, pois, se tivesse comunicado atempadamente a sua decisão ter-se-iam evitado alguns constrangimentos. 

    Recomposto o grupo, com algumas baixas significativas, a seleção lusa foi até à Chéquia e goleou, com alguma surpresa, por 0-4, mostrando estar dentro das decisões dos próximos dias. Agora, haverá um determinante Portugal vs Espanha, em Braga, que ditará quem segue para a final four da Liga das Nações, onde o empate ou a vitória apuram a nossa seleção. A Pedreira está esgotada há algum tempo e não será por falta de apoio que a nação valente irá fraquejar. Deixem rolar a bola e que vençam os mais competentes, com os meus votos para que esses sejam os portugueses.

    Muito se tem escrito, nos últimos tempos, sobre dois episódios que envolveram adeptos do Benfica, em Famalicão, e o Porto, no Estoril. Por razões de segurança, os clubes da casa, enquanto responsáveis pela organização dos eventos desportivos no seu recinto, definiram como regra que na zona de adeptos da equipa da casa não podem estar adeptos adversários com adereços que os identifiquem como tal, algo que me parece aceitável, uma vez que as regras são para cumprir, sempre que estão definidas. Se estão bem ou mal é um assunto de avaliação e correção, sempre em direção ao futuro.

    Sobre este tema, alguns responsáveis do país, quer do futebol, quer do governo, parecem viver num mundo paralelo, onde o onírico se mistura com a realidade, criticando ferozmente estas «ofensas» à liberdade individual esquecendo que a liberdade de um termina quando começa a do outro. Claro que se fossem clubes de menor dimensão envolvidos não existiria esta indignação que veio a público, em mais uma discriminação das muitas que existem neste país.

    Veremos agora os próximos episódios sobre este assunto, mas estou em crer que o tempo apagará rapidamente das memórias tamanha indignação. Como adepto de futebol, penso que existe muito a evoluir ao nível da liberdade individual, em que cada pessoa deve poder usar os adereços que quiser, mas, onde os clubes podem definir as zonas de permanência dos adeptos nos seus estádios. A rivalidade é fundamental e não creio que a sua eliminação ajude o futebol, ao passo que as melhorias comportamentais podem representar um bom caminho a seguir.

    O regresso das competições dos clubes está a poucos dias de acontecer. O SC Braga retoma a liga portuguesa no Dragão, ante um FC Porto que está aquém do esperado. Já os Gverreiros do Minho fizeram um período de competição até esta paragem que orgulha os braguistas, pelo que não espanta que a equipa tenha sentido, desde o início, um apoio muito grande dos seus adeptos.

    A próxima deslocação, ao Porto, tem preços que deveriam fazer refletir os responsáveis de todos os clubes, pois os tempos que correm são de dificuldades para todos e os preços definidos são demasiado caros para o nível médio de vida do país. Assim, a necessidade de levar mais gente aos estádios, de modo a tornar mais vendável o espetáculo futebol, não se compadece com os preços obscenos que se definem, com decisões impensadas, tomadas por quem não costuma pagar bilhetes, nem assistir aos jogos no «meio do povo».



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