A Tasca do Silva é o espaço de opinião sobre e à volta do FCP, dinamizado por Paulo Silva, um dos podcasters responsáveis por A Culpa é do Cavani, o podcast de referência do universo portista.
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Apesar das várias vezes que o presidente falou nas malvadas cláusulas, nas múltiplas declarações em que se tem desdobrado (se não soubéssemos que só há eleições em 2024, diríamos que está em pré-campanha), só a muito próxima saída de Francisco Conceição será, efetivamente, concretizada pelo valor da cláusula que lhe permite rescindir o seu contrato com o FCP. Quer dizer, isto se pudermos considerar, no mercado atual, que 5 milhões de euros é uma cláusula de rescisão. Assim de repente, parece mais o preço de um mini-prato ao balcão.
A verdade é que nem Luis Díaz nem Fábio Vieira foram negociados pelas respetivas cláusulas. E Vitinha também não. Ah e tal, eram 40 e foram 40. Menos 4 para o amigo Jorge, ali ao canto. No meu tempo, 40 menos 4 eram 36. O presidente lá explicou que isso foi porque o Jorge é que fez o grande favor de convencer os franceses do Catar – ou serão cataris de Paris? – que o Jorge, o de Lima Pinto da Costa, não estava a brincar e o negócio só se fazia se alguém pagasse os juros dos 40, dado que tinham que entrar já porque pão na mesa, já se sabe. De todo o modo, são 36, ponto final na história e até nem me importo de explicar a um árabe afrancesado como se espeta um gelado na testa, se me pagarem 4 milhõezitos. Olha, é quase a cláusula do Chico, hein?
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O facto de Francisco valer 5 milhões tem poucas explicações possíveis, mas todas bastantes simples: ou bem que a estrutura técnica do FCP é superlativamente incompetente e nunca reparou, até ao último ano do contrato, que naquele metro e meio de pessoa se concentrava a maior – sim, a maior! – promessa da formação portista e, portanto, vá de deixar correr o marfim; ou bem que estes 5 míseros milhões são só a primeira tranche, a isenta de comissões e repartições, dos muitos milhões que todos os interessados, incluído os, de momento, lesados, irão oferecer-se de bodo ao longo dos próximos anos.
Assim à laia de um artigo qualquer de O Jogo, a fazer contas ao quanto já valeu o Olival, daqueles que fazem os papalvos rejubilarem. Aí está malta que não precisa nada dos meus serviços para enfiar gelados na testa. Lá se vão 4 milhões, Silva. Entretanto, a culpa disto é capaz de ser do pai do Dalot, do clã Esteves, do treinador, dos media, do futebol português, de Lisboa e, depois desta crónica, muito provavelmente do Cavani.
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Pelo meio destas atividades circenses, a bola já vai rolando, abençoado seja Nosso Senhor. As brechas no plantel são evidentes, tanto quanto o facto de novos petizes – alô Gonçalo, alô Danny boy – se perfilarem na linha de buffet, acicatando o apetite dos gordos comilões que já se devem estar a babar com as mais-valias e os prémios por objetivos e os segundos lugares que para eles são títulos de campeão, assim a pressão alta e o engenho do Conceição que, por agora, nos sobra, o permitir.
David Carmo é um negócio de muitos milhões e que renderá outros tantos, de bom que ele é. Falta-me o lateral direito, o esquerdo também, o Vitinha, o Fábio e o Chico. Não é pouco nem é muito, é isto. E lá vamos à procura dos Pêpês que custarão várias vezes 5 milhões, comissões incluídas, e que, poucos anos depois, venderemos por ainda mais milhões, maiores comissões incluídas. Pela cláusula, sempre pela cláusula, bradará o presidente do cimo do seu trio elétrico eleitoral, atrás dos super arautos que lhe abrem caminho. À bordoada, se necessário for.
No mínimo, mas mesmo no mínimo dos mínimos, que a jogar à bola ganhe o Porto. Até breve.