Este espaço, do jornalista Carlos Daniel, pretende ser de abordagem e reflexão sobre o futebol no que o jogo tem de melhor. Quinzenalmente, uma equipa será objeto de análise, com notas concretas que acrescentam atualidade.
Nunca fui um apologista da estratégia em excesso, pelo contrário. Gosto das equipas com uma ideia
definida, de preferência de iniciativa, corajosa, muito mais que das que vivem de adaptações, primeiro
em função dos próprios jogadores e depois, obsessivamente, das forças e pretensas fraquezas rivais,
coisa própria de conjuntos modestos. Não aprecio, por isso, grandes camaleões táticos, mas tal não me
impede de reconhecer que não mudar de identidade, não abdicar dos grandes princípios, não significa
ignorar que, não sendo todos iguais, alguns adversários são diferenciados.
Escrevi aqui, há quinze dias, na sequência da goleada sofrida pelo Sporting frente ao Ajax e do bom
desempenho do FC Porto em Madrid, que a perceção do que valia cada rival tinha sido determinante
para tão díspares performances. Identifiquei um Porto menos defensivo que em jogos anteriores de
Champions fora de casa (como com Juventus ou Chelsea na época passada) e inteligentemente
pressionante por perceber que o Atlético era equipa de escassa elaboração ofensiva, com excessiva
dependência de lançamentos na profundidade e lances de bola parada. Já o Sporting quis funcionar
diante do Ajax a pressionar alto (o que os holandeses solucionam fácil) e a insistir num jogo de
acelerações repetidas (mais conducentes a perdas de bola) que lhe é habitual e resulta no campeonato
português mas nunca será igualmente eficaz com adversários deste nível.
Desta vez foi o Porto a querer aplicar diante do Liverpool a mesma receita de Madrid, com os mesmos
dois médios de perfil e dois avançados (Taremi e Martínez) a tentarem cair sobre o início de construção
contrário, algo que o Liverpool resolveu fácil, também porque Klopp, além de ter melhores argumentos
ainda, viu decerto atentamente o jogo do Wanda madrileno. Assim, em lances sucessivos, Fabinho era
um homem livre para receber e ligar jogo, o que permitiu que a bola entrasse vezes demais e com
facilidade inusitada na zona dos desequilibradores “ingleses” (Salah, Mané, Jota, Curtis Jones e depois
Firmino). Sérgio Conceição ainda tentou remendar ao intervalo mas o jogo estava já em plano inclinado
e o cheiro a goleada adensava-se. O Porto gosta de levar o jogo para a dimensão física mas quando um
adversário superior o iguala também nesse aspeto as dificuldades crescem exponencialmente. Está aí
muita da explicação para o Porto lidar repetidamente mal com este adversário em concreto. Porque o
outro lado existe e voltou a aparecer por lá uma das melhores equipas do planeta.
Já o Benfica defrontou uma equipa que já foi das melhores do planeta. Escrever isto não significa retirar
mérito à vitória encarnada, tão prestigiante como justa, aliás, na única vez de que recordo em que uma
equipa portuguesa fez três golos sem resposta ao colosso catalão. O Barcelona tem jogadores de nível
superior, sobretudo no meio campo que poderia ser de sonho (Busquets, Frenkie De Jong, Pedri, com o
menino Gavi a aparecer e joga tanto) mas que soçobra num coletivo confundido entre o futebol
associativo que esses médios reclamam, na profundidade que favorece Memphis ou no jogo que
cruzamento que é a única forma de utilizar com sucesso Luuk de Jong. Sendo uma equipa de risco, de
linhas subidas mas que define mal no ataque, este Barça expõe-se numa fragilidade óbvia na transição
defensiva, pelo que se tornou o adversário ideal para este novo e mais forte Benfica explorar numa
noite para a história. Jorge Jesus tem hoje um plantel robustecido, com jogadores de qualidade
internacional em todas as posições, sendo a defesa apenas um exemplo eloquente, agora que Lázaro dá
a qualidade que faltava do lado direito e que Otamendi comanda com exuberância ao centro, mantendo
intactos os atributos, técnicos, físicos e também de liderança, o que dá imenso jeito em jogos assim. A
crítica rendeu-se a Darwin e Rafa que, tal como Yaremchuck, estiveram nas sete quintas perante a
dificuldade do Barça em proteger a profundidade defensiva. As três setas ofensivas encarnadas são uma
arma ainda mais forte em jogos assim mas não irão funcionar do mesmo modo perante adversários mais
competentes defensivamente e mais eficazes em dar sequência aos momentos de posse.
Determinantes, em qualquer tipo de jogo, serão sempre Weigl e João Mário, pelo que acrescentam de
qualidade no passe e na definição de ritmos, retirando a equipa de um jogo vertiginoso que Jesus
sempre apreciou mas em que o risco de perda de bola (nos pés de Rafa e Darwin sobretudo) aumenta
muito, comprometendo o momento defensivo. O Benfica está forte e confiante mas o maior risco para o
próximo grande jogo europeu será o de ceder à tentação das saídas rápidas sucessivas para o ataque,
não percebendo que do outro lado estará uma equipa de muito maior competência a defender e
eficácia a atacar. O Bayern de Munique não só é diferente como é claramente melhor que o actual
Nunca fui um apologista da estratégia em excesso, pelo contrário. Gosto das equipas com uma ideia definida, de preferência de iniciativa, corajosa, muito mais que das que vivem de adaptações, primeiro em função dos próprios jogadores e depois, obsessivamente, das forças e pretensas fraquezas rivais, coisa própria de conjuntos modestos. Não aprecio, por isso, grandes camaleões táticos, mas tal não me impede de reconhecer que não mudar de identidade, não abdicar dos grandes princípios, não significa ignorar que, não sendo todos iguais, alguns adversários são diferenciados.
Escrevi aqui, há quinze dias, na sequência da goleada sofrida pelo Sporting frente ao Ajax e do bom desempenho do FC Porto em Madrid, que a perceção do que valia cada rival tinha sido determinante para tão díspares performances. Identifiquei um Porto menos defensivo que em jogos anteriores de Champions fora de casa (como com Juventus ou Chelsea na época passada) e inteligentemente pressionante por perceber que o Atlético era equipa de escassa elaboração ofensiva, com excessiva dependência de lançamentos na profundidade e lances de bola parada. Já o Sporting quis funcionar diante do Ajax a pressionar alto (o que os holandeses solucionam fácil) e a insistir num jogo de acelerações repetidas (mais conducentes a perdas de bola) que lhe é habitual e resulta no campeonato português mas nunca será igualmente eficaz com adversários deste nível.
Desta vez foi o Porto a querer aplicar diante do Liverpool a mesma receita de Madrid, com os mesmos dois médios de perfil e dois avançados (Taremi e Martínez) a tentarem cair sobre o início de construção contrário, algo que o Liverpool resolveu fácil, também porque Klopp, além de ter melhores argumentos ainda, viu decerto atentamente o jogo do Wanda madrileno. Assim, em lances sucessivos, Fabinho era um homem livre para receber e ligar jogo, o que permitiu que a bola entrasse vezes demais e com facilidade inusitada na zona dos desequilibradores “ingleses” (Salah, Mané, Jota, Curtis Jones e depois Firmino). Sérgio Conceição ainda tentou remendar ao intervalo mas o jogo estava já em plano inclinado e o cheiro a goleada adensava-se. O Porto gosta de levar o jogo para a dimensão física mas quando um adversário superior o iguala também nesse aspeto as dificuldades crescem exponencialmente. Está aí muita da explicação para o Porto lidar repetidamente mal com este adversário em concreto. Porque o outro lado existe e voltou a aparecer por lá uma das melhores equipas do planeta.
Já o Benfica defrontou uma equipa que já foi das melhores do planeta. Escrever isto não significa retirar mérito à vitória encarnada, tão prestigiante como justa, aliás, na única vez de que recordo em que uma equipa portuguesa fez três golos sem resposta ao colosso catalão. O Barcelona tem jogadores de nível superior, sobretudo no meio campo que poderia ser de sonho (Busquets, Frenkie De Jong, Pedri, com o menino Gavi a aparecer e joga tanto) mas que soçobra num coletivo confundido entre o futebol associativo que esses médios reclamam, na profundidade que favorece Memphis ou no jogo que cruzamento que é a única forma de utilizar com sucesso Luuk de Jong. Sendo uma equipa de risco, de linhas subidas mas que define mal no ataque, este Barça expõe-se numa fragilidade óbvia na transição defensiva, pelo que se tornou o adversário ideal para este novo e mais forte Benfica explorar numa noite para a história. Jorge Jesus tem hoje um plantel robustecido, com jogadores de qualidade internacional em todas as posições, sendo a defesa apenas um exemplo eloquente, agora que Lázaro dá a qualidade que faltava do lado direito e que Otamendi comanda com exuberância ao centro, mantendo intactos os atributos, técnicos, físicos e também de liderança, o que dá imenso jeito em jogos assim. A crítica rendeu-se a Darwin e Rafa que, tal como Yaremchuck, estiveram nas sete quintas perante a dificuldade do Barça em proteger a profundidade defensiva. As três setas ofensivas encarnadas são uma arma ainda mais forte em jogos assim mas não irão funcionar do mesmo modo perante adversários mais competentes defensivamente e mais eficazes em dar sequência aos momentos de posse. Determinantes, em qualquer tipo de jogo, serão sempre Weigl e João Mário, pelo que acrescentam de qualidade no passe e na definição de ritmos, retirando a equipa de um jogo vertiginoso que Jesus sempre apreciou mas em que o risco de perda de bola (nos pés de Rafa e Darwin sobretudo) aumenta muito, comprometendo o momento defensivo. O Benfica está forte e confiante mas o maior risco para o próximo grande jogo europeu será o de ceder à tentação das saídas rápidas sucessivas para o ataque, não percebendo que do outro lado estará uma equipa de muito maior competência a defender e eficácia a atacar. O Bayern de Munique não só é diferente como é claramente melhor que o actual Barcelona. O outro lado dará nova prova de existência. E a prova será ainda mais difícil.
Barcelona. O outro lado dará nova prova de existência. E a prova será ainda mais difícil.Nunca fui um apologista da estratégia em excesso, pelo contrário. Gosto das equipas com uma ideia
definida, de preferência de iniciativa, corajosa, muito mais que das que vivem de adaptações, primeiro
em função dos próprios jogadores e depois, obsessivamente, das forças e pretensas fraquezas rivais,
coisa própria de conjuntos modestos. Não aprecio, por isso, grandes camaleões táticos, mas tal não me
impede de reconhecer que não mudar de identidade, não abdicar dos grandes princípios, não significa
ignorar que, não sendo todos iguais, alguns adversários são diferenciados.
Escrevi aqui, há quinze dias, na sequência da goleada sofrida pelo Sporting frente ao Ajax e do bom
desempenho do FC Porto em Madrid, que a perceção do que valia cada rival tinha sido determinante
para tão díspares performances. Identifiquei um Porto menos defensivo que em jogos anteriores de
Champions fora de casa (como com Juventus ou Chelsea na época passada) e inteligentemente
pressionante por perceber que o Atlético era equipa de escassa elaboração ofensiva, com excessiva
dependência de lançamentos na profundidade e lances de bola parada. Já o Sporting quis funcionar
diante do Ajax a pressionar alto (o que os holandeses solucionam fácil) e a insistir num jogo de
acelerações repetidas (mais conducentes a perdas de bola) que lhe é habitual e resulta no campeonato
português mas nunca será igualmente eficaz com adversários deste nível.
Desta vez foi o Porto a querer aplicar diante do Liverpool a mesma receita de Madrid, com os mesmos
dois médios de perfil e dois avançados (Taremi e Martínez) a tentarem cair sobre o início de construção
contrário, algo que o Liverpool resolveu fácil, também porque Klopp, além de ter melhores argumentos
ainda, viu decerto atentamente o jogo do Wanda madrileno. Assim, em lances sucessivos, Fabinho era
um homem livre para receber e ligar jogo, o que permitiu que a bola entrasse vezes demais e com
facilidade inusitada na zona dos desequilibradores “ingleses” (Salah, Mané, Jota, Curtis Jones e depois
Firmino). Sérgio Conceição ainda tentou remendar ao intervalo mas o jogo estava já em plano inclinado
e o cheiro a goleada adensava-se. O Porto gosta de levar o jogo para a dimensão física mas quando um
adversário superior o iguala também nesse aspeto as dificuldades crescem exponencialmente. Está aí
muita da explicação para o Porto lidar repetidamente mal com este adversário em concreto. Porque o
outro lado existe e voltou a aparecer por lá uma das melhores equipas do planeta.
Já o Benfica defrontou uma equipa que já foi das melhores do planeta. Escrever isto não significa retirar
mérito à vitória encarnada, tão prestigiante como justa, aliás, na única vez de que recordo em que uma
equipa portuguesa fez três golos sem resposta ao colosso catalão. O Barcelona tem jogadores de nível
superior, sobretudo no meio campo que poderia ser de sonho (Busquets, Frenkie De Jong, Pedri, com o
menino Gavi a aparecer e joga tanto) mas que soçobra num coletivo confundido entre o futebol
associativo que esses médios reclamam, na profundidade que favorece Memphis ou no jogo que
cruzamento que é a única forma de utilizar com sucesso Luuk de Jong. Sendo uma equipa de risco, de
linhas subidas mas que define mal no ataque, este Barça expõe-se numa fragilidade óbvia na transição
defensiva, pelo que se tornou o adversário ideal para este novo e mais forte Benfica explorar numa
noite para a história. Jorge Jesus tem hoje um plantel robustecido, com jogadores de qualidade
internacional em todas as posições, sendo a defesa apenas um exemplo eloquente, agora que Lázaro dá
a qualidade que faltava do lado direito e que Otamendi comanda com exuberância ao centro, mantendo
intactos os atributos, técnicos, físicos e também de liderança, o que dá imenso jeito em jogos assim. A
crítica rendeu-se a Darwin e Rafa que, tal como Yaremchuck, estiveram nas sete quintas perante a
dificuldade do Barça em proteger a profundidade defensiva. As três setas ofensivas encarnadas são uma
arma ainda mais forte em jogos assim mas não irão funcionar do mesmo modo perante adversários mais
competentes defensivamente e mais eficazes em dar sequência aos momentos de posse.
Determinantes, em qualquer tipo de jogo, serão sempre Weigl e João Mário, pelo que acrescentam de
qualidade no passe e na definição de ritmos, retirando a equipa de um jogo vertiginoso que Jesus
sempre apreciou mas em que o risco de perda de bola (nos pés de Rafa e Darwin sobretudo) aumenta
muito, comprometendo o momento defensivo. O Benfica está forte e confiante mas o maior risco para o
próximo grande jogo europeu será o de ceder à tentação das saídas rápidas sucessivas para o ataque,
não percebendo que do outro lado estará uma equipa de muito maior competência a defender e
eficácia a atacar. O Bayern de Munique não só é diferente como é claramente melhor que o actual
Barcelona. O outro lado dará nova prova de existência. E a prova será ainda mais difícil.Nunca fui um apologista da estratégia em excesso, pelo contrário. Gosto das equipas com uma ideia
definida, de preferência de iniciativa, corajosa, muito mais que das que vivem de adaptações, primeiro
em função dos próprios jogadores e depois, obsessivamente, das forças e pretensas fraquezas rivais,
coisa própria de conjuntos modestos. Não aprecio, por isso, grandes camaleões táticos, mas tal não me
impede de reconhecer que não mudar de identidade, não abdicar dos grandes princípios, não significa
ignorar que, não sendo todos iguais, alguns adversários são diferenciados.
Escrevi aqui, há quinze dias, na sequência da goleada sofrida pelo Sporting frente ao Ajax e do bom
desempenho do FC Porto em Madrid, que a perceção do que valia cada rival tinha sido determinante
para tão díspares performances. Identifiquei um Porto menos defensivo que em jogos anteriores de
Champions fora de casa (como com Juventus ou Chelsea na época passada) e inteligentemente
pressionante por perceber que o Atlético era equipa de escassa elaboração ofensiva, com excessiva
dependência de lançamentos na profundidade e lances de bola parada. Já o Sporting quis funcionar
diante do Ajax a pressionar alto (o que os holandeses solucionam fácil) e a insistir num jogo de
acelerações repetidas (mais conducentes a perdas de bola) que lhe é habitual e resulta no campeonato
português mas nunca será igualmente eficaz com adversários deste nível.
Desta vez foi o Porto a querer aplicar diante do Liverpool a mesma receita de Madrid, com os mesmos
dois médios de perfil e dois avançados (Taremi e Martínez) a tentarem cair sobre o início de construção
contrário, algo que o Liverpool resolveu fácil, também porque Klopp, além de ter melhores argumentos
ainda, viu decerto atentamente o jogo do Wanda madrileno. Assim, em lances sucessivos, Fabinho era
um homem livre para receber e ligar jogo, o que permitiu que a bola entrasse vezes demais e com
facilidade inusitada na zona dos desequilibradores “ingleses” (Salah, Mané, Jota, Curtis Jones e depois
Firmino). Sérgio Conceição ainda tentou remendar ao intervalo mas o jogo estava já em plano inclinado
e o cheiro a goleada adensava-se. O Porto gosta de levar o jogo para a dimensão física mas quando um
adversário superior o iguala também nesse aspeto as dificuldades crescem exponencialmente. Está aí
muita da explicação para o Porto lidar repetidamente mal com este adversário em concreto. Porque o
outro lado existe e voltou a aparecer por lá uma das melhores equipas do planeta.
Já o Benfica defrontou uma equipa que já foi das melhores do planeta. Escrever isto não significa retirar
mérito à vitória encarnada, tão prestigiante como justa, aliás, na única vez de que recordo em que uma
equipa portuguesa fez três golos sem resposta ao colosso catalão. O Barcelona tem jogadores de nível
superior, sobretudo no meio campo que poderia ser de sonho (Busquets, Frenkie De Jong, Pedri, com o
menino Gavi a aparecer e joga tanto) mas que soçobra num coletivo confundido entre o futebol
associativo que esses médios reclamam, na profundidade que favorece Memphis ou no jogo que
cruzamento que é a única forma de utilizar com sucesso Luuk de Jong. Sendo uma equipa de risco, de
linhas subidas mas que define mal no ataque, este Barça expõe-se numa fragilidade óbvia na transição
defensiva, pelo que se tornou o adversário ideal para este novo e mais forte Benfica explorar numa
noite para a história. Jorge Jesus tem hoje um plantel robustecido, com jogadores de qualidade
internacional em todas as posições, sendo a defesa apenas um exemplo eloquente, agora que Lázaro dá
a qualidade que faltava do lado direito e que Otamendi comanda com exuberância ao centro, mantendo
intactos os atributos, técnicos, físicos e também de liderança, o que dá imenso jeito em jogos assim. A
crítica rendeu-se a Darwin e Rafa que, tal como Yaremchuck, estiveram nas sete quintas perante a
dificuldade do Barça em proteger a profundidade defensiva. As três setas ofensivas encarnadas são uma
arma ainda mais forte em jogos assim mas não irão funcionar do mesmo modo perante adversários mais
competentes defensivamente e mais eficazes em dar sequência aos momentos de posse.
Determinantes, em qualquer tipo de jogo, serão sempre Weigl e João Mário, pelo que acrescentam de
qualidade no passe e na definição de ritmos, retirando a equipa de um jogo vertiginoso que Jesus
sempre apreciou mas em que o risco de perda de bola (nos pés de Rafa e Darwin sobretudo) aumenta
muito, comprometendo o momento defensivo. O Benfica está forte e confiante mas o maior risco para o
próximo grande jogo europeu será o de ceder à tentação das saídas rápidas sucessivas para o ataque,
não percebendo que do outro lado estará uma equipa de muito maior competência a defender e
eficácia a atacar. O Bayern de Munique não só é diferente como é claramente melhor que o actual
Nunca fui um apologista da estratégia em excesso, pelo contrário. Gosto das equipas com uma ideia
definida, de preferência de iniciativa, corajosa, muito mais que das que vivem de adaptações, primeiro
em função dos próprios jogadores e depois, obsessivamente, das forças e pretensas fraquezas rivais,
coisa própria de conjuntos modestos. Não aprecio, por isso, grandes camaleões táticos, mas tal não me
impede de reconhecer que não mudar de identidade, não abdicar dos grandes princípios, não significa
ignorar que, não sendo todos iguais, alguns adversários são diferenciados.
Escrevi aqui, há quinze dias, na sequência da goleada sofrida pelo Sporting frente ao Ajax e do bom
desempenho do FC Porto em Madrid, que a perceção do que valia cada rival tinha sido determinante
para tão díspares performances. Identifiquei um Porto menos defensivo que em jogos anteriores de
Champions fora de casa (como com Juventus ou Chelsea na época passada) e inteligentemente
pressionante por perceber que o Atlético era equipa de escassa elaboração ofensiva, com excessiva
dependência de lançamentos na profundidade e lances de bola parada. Já o Sporting quis funcionar
diante do Ajax a pressionar alto (o que os holandeses solucionam fácil) e a insistir num jogo de
acelerações repetidas (mais conducentes a perdas de bola) que lhe é habitual e resulta no campeonato
português mas nunca será igualmente eficaz com adversários deste nível.
Desta vez foi o Porto a querer aplicar diante do Liverpool a mesma receita de Madrid, com os mesmos
dois médios de perfil e dois avançados (Taremi e Martínez) a tentarem cair sobre o início de construção
contrário, algo que o Liverpool resolveu fácil, também porque Klopp, além de ter melhores argumentos
ainda, viu decerto atentamente o jogo do Wanda madrileno. Assim, em lances sucessivos, Fabinho era
um homem livre para receber e ligar jogo, o que permitiu que a bola entrasse vezes demais e com
facilidade inusitada na zona dos desequilibradores “ingleses” (Salah, Mané, Jota, Curtis Jones e depois
Firmino). Sérgio Conceição ainda tentou remendar ao intervalo mas o jogo estava já em plano inclinado
e o cheiro a goleada adensava-se. O Porto gosta de levar o jogo para a dimensão física mas quando um
adversário superior o iguala também nesse aspeto as dificuldades crescem exponencialmente. Está aí
muita da explicação para o Porto lidar repetidamente mal com este adversário em concreto. Porque o
outro lado existe e voltou a aparecer por lá uma das melhores equipas do planeta.
Já o Benfica defrontou uma equipa que já foi das melhores do planeta. Escrever isto não significa retirar
mérito à vitória encarnada, tão prestigiante como justa, aliás, na única vez de que recordo em que uma
equipa portuguesa fez três golos sem resposta ao colosso catalão. O Barcelona tem jogadores de nível
superior, sobretudo no meio campo que poderia ser de sonho (Busquets, Frenkie De Jong, Pedri, com o
menino Gavi a aparecer e joga tanto) mas que soçobra num coletivo confundido entre o futebol
associativo que esses médios reclamam, na profundidade que favorece Memphis ou no jogo que
cruzamento que é a única forma de utilizar com sucesso Luuk de Jong. Sendo uma equipa de risco, de
linhas subidas mas que define mal no ataque, este Barça expõe-se numa fragilidade óbvia na transição
defensiva, pelo que se tornou o adversário ideal para este novo e mais forte Benfica explorar numa
noite para a história. Jorge Jesus tem hoje um plantel robustecido, com jogadores de qualidade
internacional em todas as posições, sendo a defesa apenas um exemplo eloquente, agora que Lázaro dá
a qualidade que faltava do lado direito e que Otamendi comanda com exuberância ao centro, mantendo
intactos os atributos, técnicos, físicos e também de liderança, o que dá imenso jeito em jogos assim. A
crítica rendeu-se a Darwin e Rafa que, tal como Yaremchuck, estiveram nas sete quintas perante a
dificuldade do Barça em proteger a profundidade defensiva. As três setas ofensivas encarnadas são uma
arma ainda mais forte em jogos assim mas não irão funcionar do mesmo modo perante adversários mais
competentes defensivamente e mais eficazes em dar sequência aos momentos de posse.
Determinantes, em qualquer tipo de jogo, serão sempre Weigl e João Mário, pelo que acrescentam de
qualidade no passe e na definição de ritmos, retirando a equipa de um jogo vertiginoso que Jesus
sempre apreciou mas em que o risco de perda de bola (nos pés de Rafa e Darwin sobretudo) aumenta
muito, comprometendo o momento defensivo. O Benfica está forte e confiante mas o maior risco para o
próximo grande jogo europeu será o de ceder à tentação das saídas rápidas sucessivas para o ataque,
não percebendo que do outro lado estará uma equipa de muito maior competência a defender e
eficácia a atacar. O Bayern de Munique não só é diferente como é claramente melhor que o actual
Barcelona. O outro lado dará nova prova de existência. E a prova será ainda mais difícil.
definida, de preferência de iniciativa, corajosa, muito mais que das que vivem de adaptações, primeiro
em função dos próprios jogadores e depois, obsessivamente, das forças e pretensas fraquezas rivais,
coisa própria de conjuntos modestos. Não aprecio, por isso, grandes camaleões táticos, mas tal não me
impede de reconhecer que não mudar de identidade, não abdicar dos grandes princípios, não significa
ignorar que, não sendo todos iguais, alguns adversários são diferenciados.
Escrevi aqui, há quinze dias, na sequência da goleada sofrida pelo Sporting frente ao Ajax e do bom
desempenho do FC Porto em Madrid, que a perceção do que valia cada rival tinha sido determinante
para tão díspares performances. Identifiquei um Porto menos defensivo que em jogos anteriores de
Champions fora de casa (como com Juventus ou Chelsea na época passada) e inteligentemente
pressionante por perceber que o Atlético era equipa de escassa elaboração ofensiva, com excessiva
dependência de lançamentos na profundidade e lances de bola parada. Já o Sporting quis funcionar
diante do Ajax a pressionar alto (o que os holandeses solucionam fácil) e a insistir num jogo de
acelerações repetidas (mais conducentes a perdas de bola) que lhe é habitual e resulta no campeonato
português mas nunca será igualmente eficaz com adversários deste nível.
Desta vez foi o Porto a querer aplicar diante do Liverpool a mesma receita de Madrid, com os mesmos
dois médios de perfil e dois avançados (Taremi e Martínez) a tentarem cair sobre o início de construção
contrário, algo que o Liverpool resolveu fácil, também porque Klopp, além de ter melhores argumentos
ainda, viu decerto atentamente o jogo do Wanda madrileno. Assim, em lances sucessivos, Fabinho era
um homem livre para receber e ligar jogo, o que permitiu que a bola entrasse vezes demais e com
facilidade inusitada na zona dos desequilibradores “ingleses” (Salah, Mané, Jota, Curtis Jones e depois
Firmino). Sérgio Conceição ainda tentou remendar ao intervalo mas o jogo estava já em plano inclinado
e o cheiro a goleada adensava-se. O Porto gosta de levar o jogo para a dimensão física mas quando um
adversário superior o iguala também nesse aspeto as dificuldades crescem exponencialmente. Está aí
muita da explicação para o Porto lidar repetidamente mal com este adversário em concreto. Porque o
outro lado existe e voltou a aparecer por lá uma das melhores equipas do planeta.
Já o Benfica defrontou uma equipa que já foi das melhores do planeta. Escrever isto não significa retirar
mérito à vitória encarnada, tão prestigiante como justa, aliás, na única vez de que recordo em que uma
equipa portuguesa fez três golos sem resposta ao colosso catalão. O Barcelona tem jogadores de nível
superior, sobretudo no meio campo que poderia ser de sonho (Busquets, Frenkie De Jong, Pedri, com o
menino Gavi a aparecer e joga tanto) mas que soçobra num coletivo confundido entre o futebol
associativo que esses médios reclamam, na profundidade que favorece Memphis ou no jogo que
cruzamento que é a única forma de utilizar com sucesso Luuk de Jong. Sendo uma equipa de risco, de
linhas subidas mas que define mal no ataque, este Barça expõe-se numa fragilidade óbvia na transição
defensiva, pelo que se tornou o adversário ideal para este novo e mais forte Benfica explorar numa
noite para a história. Jorge Jesus tem hoje um plantel robustecido, com jogadores de qualidade
internacional em todas as posições, sendo a defesa apenas um exemplo eloquente, agora que Lázaro dá
a qualidade que faltava do lado direito e que Otamendi comanda com exuberância ao centro, mantendo
intactos os atributos, técnicos, físicos e também de liderança, o que dá imenso jeito em jogos assim. A