1. Começaram os Jogos Olímpicos do ano passado. Em condições normais, saberia os horários das participações dos nossos atletas e das nossas equipas e quais as expectativas de medalhas. Mas não sei. Como aconteceu com Europeu de futebol, também do ano passado, ando distraído e tudo me passa ao lado, como se não acontecesse. Um cenário embotado, tingido de cinzento, em que os dias não correm, as horas passam por entre números de internados e infetados e mortos. Suspenso.
2. Exceto o Futebol Clube do Porto. O FCP não me acontece, é-me. Não há névoa messiânica ou bruma apocalíptica que me distraiam. O FCP contínua brilhante, diríamos que o Sol que conseguimos sempre vislumbrar sob o manto de fumo de um grande incêndio. Por isso, sei as horas e os dias, encontro redes alternativas para me ligar ao Mundo e acompanhá-lo, suspendo tainadas e desligo do imenso nevoeiro em que vamos deixando transcorrer o presente. Sei que é Paixão e, como todos os apaixonados, sinto-me grato por esse oásis, mesmo quando me sinto maltratado e ignorado. Acarinho-lhe os defeitos e sigo embevecido.
3. E hoje o FCP volta. Pela hora das tristes notícias, o FCP estará de novo em campo e eu estarei distraído, mas agora ao contrário. Ontem já fui aquecendo, ao ritmo da B e de um projeto por fim tão interessante. Deixemo-lo para depois.
Se ignorarmos todas as condicionantes próprias de uma pré-época, se todos já cá estivessem e estivessem prontos, o FCP poderia entrar esta noite com: Marche; Manafá, Pepe, Mbemba, Zaidu; Uribe, Sérgio, Corona, Otávio; Diaz e Taremi. Para um football manager die hard, consigo perceber que fosse uma ligeira desilusão. Para mim, é uma vantagem importante.
Mas sabemos que ainda falta muito para o final de agosto e que tudo pode mudar. Não é menos verdade que já passou muito desde dia 1 de junho. As lacunas que apontaria a esta equipa permanecem inalteradas e isso, queiramos ou não, diminui o nosso avanço. As soluções aparecerão, mas virão num tempo que nos colocará a par dos que mudarem muito. Desperdiçámos, por motivos vários, a nossa vantagem. Mas isso que importa, quando os primeiros onze entrarem no relvado, azuis, brancos, imortais?
Que comecem os jogos!