A Tasca do Silva é o espaço de opinião sobre e à volta do FCP, dinamizado por Paulo Silva, um dos podcasters responsáveis por A Culpa é do Cavani, o podcast de referência do universo portista.
1. Numa nem por isso muito interessante entrevista, publicada hoje no jornal “Record”, o presidente da FPF aponta como objetivo primordial do futebol nacional chegar ao 5º lugar do ranking da UEFA, único caminho para garantir 3 equipas, pelo menos julga ele, na renovada Champions de ainda mais milhões, a partir de 2024, salvo erro. Peça chave para que tal aconteça, segundo Fernando Gomes, é a reformulação das competições profissionais, de maneira a aliviar o calendário das equipas que disputam competições internacionais. Parece tudo muito lindo, mesmo que não haja uma palavra para o que são os verdadeiros problemas básicos – infraestrutura e qualidade dos recursos humanos – das provas nacionais. Aliás, resolvidas estas duas questões, teríamos um redimensionamento natural dos calendários, porque a exigência de bons campos, bons árbitros e bons dirigentes obrigaria a que tudo se compatibilizasse com a realidade do país, que já sabemos que é pequeno, mesmo que tenha o maior centro comercial da Europa, a mais gigantesca árvore de Natal do mundo ou a tigelada que dava para alimentar uma nação. Esse é um traço nosso e temos que viver com ele, até porque já nos levou longe.
Mas deixemos por um momento estas questões de lado e foquemos na prioridade do senhor presidente do Campeão da Europa em título: proteger as equipas que amealham pontos nas competições europeias.
Já pararam de rir? Eu também. Deixem só enxugar as lágrimas e vamos lá ver como tem corrido isso.
2. Sendo mais ou menos pacífico que o FCP contribui com mais pontos – e títulos, já agora – que os outros para a tão almejada e definitiva meta de ultrapassar a França no ranking, é capaz de ser boa ideia - digo eu, mas eu sou uma pessoa muito nervosa - não fazer do nosso único, e crónico, representante na Champions a cobaia da Liga.
Ora vejamos, o Porto joga no baldio do Jamor. Interdita-se e intervenciona-se na semana seguinte, que isto não é sítio para se jogar à bola. O Porto joga no batatal do Funchal. Inspeciona-se logo a seguir e conclui-se que nem para treinar serve. As decisões são boas e a nós, portistas, resta-nos agradecer a atenção com que nos seguem. O FCP a alumiar o caminho do desporto da nação, mais uma vez.
E não pensemos que é apenas no caso da infraestrutura. Também foi um jogador do FCP o pioneiro da suspensão por simulação de penalty – Lisandro Lopez, caso não se lembrem – uma coisa que nunca antes tinha acontecido, nem nunca mais aconteceu em relvados portugueses. Atualizamos esta senda de inovação, expulsando pela primeira vez um jogador por ter rematado à baliza – Luis Díaz, em Braga, seus esquecidos. Pá, não deve ser por acaso que são ambos sul-americanos. O Diamantino é que os conhece.
No sábado, o FCP jogará um jogo decisivo e, pela primeira vez esta época, terá 5 dias – cinco! – para o preparar. Na quarta, joga a segunda-mão da meia-final da Taça; no fim de semana joga para o campeonato; e na terça vai a Turim defender as cores de Portugal, como é hábito.
Sim senhor, para proteção não está nada mal, caro presidente. Nós é que somos uns pieguinhas. Cá estaremos para lhe dar o seu 5º lugar no ranking, até porque não parece que possa contar com muito mais do que nós. Havia de pensar nisso.
3. À hora que escrevo, Alfredo Quintana continua a lutar para defender o livre de sete metros que a vida lhe assinalou. E pronto, uma frase apenas e tudo o que ficou atrás é vento, não interessa. Até que Alfredo acorde.