A última vez que escrevi para este espaço foi logo após a histórica e brilhante vitória no Estádio do Dragão, por 3-2. Desde então, em quatro jogos disputados, o melhor que conseguimos foi um insonso empate, nos Barreiros, com o rival Nacional, sendo que ainda nos foi possível contribuir para a primeira vitória (e única até à data) do Portimonense e para os primeiros três pontos caseiros do Famalicão.
Apesar de não ser um treinador consensual, Lito Vidigal tem conseguido apresentar resultados nas equipas por onde treinou, mesmo praticando um futebol muito pouco apelativo. Nesse sentido, percebe-se o porquê da sua contratação: nas duas últimas épocas os verde-rubros tiveram notórias dificuldades em fazer um campeonato tranquilo, vendo-se intrometido na luta pela manutenção até às últimas jornadas, pelo que, com Lito, o objetivo seria inverter esta tendência. Contudo, finda a 7ª jornada, os resultados estão à vista. Como era esperado, a qualidade de jogo é inexistente, sendo totalmente dominado, quer em casa quer fora, por todas as equipas, tendo apenas 7 pontos somados (menos que nas épocas de Nuno Manta Santos e Cláudio Braga). E não se perspetivam grandes melhorias.
Com o mesmo discurso, jogo após jogo, Lito Vidigal parece querer ver aquilo que ninguém vê. Não se compreende quando afirma ver uma evolução na equipa. Mesmo atuando com 7 jogadores de campo com perfil defensivo, somos a 5ª pior defesa do campeonato, não sofrendo golos apenas contra o Nacional, o que demonstra um processo defensivo deficiente. Em relação ao ataque, este pura e simplesmente não existe - os nossos golos foram obtidos em lances do bola parada ou por inspiração individual (Pinho e Nanu). De resto, tem sido um deserto de ideias em termos táticos com escolhas polémicas de onzes iniciais bem como de substituições no decorrer do jogo. Neste momento, apenas Pinho e Correa conseguem fazer dois passes seguidos, o que é manifestamente pouco. E, mesmo assim, Correa tem sido sistematicamente substituído por Tamuzo, um jogador esforçado mas talhado para o contra-ataque.
Lito tem de saber reconhecer os seus erros e ultrapassar a sua teimosia para conseguir dar a volta à situação. Compreende-se que o plantel tenha sido montado para outro estilo de jogo (aqui, o erro é de quem contratou...), contudo, é preciso perceber a matéria prima que se tem e construir a partir daí. O Marítimo até nem tem um plantel assim tão mau, é possível que seja dos melhores das últimas épocas, mas há que aproveitar as suas virtudes. Jogadores como Rafik, Milson, Alipour, Ruben Macedo, Hermes, Moreno, Caio Secco, mal têm tido oportunidades na equipa? Porquê?
Infelizmente, aquilo que se está a passar é uma repetição dos anos anteriores. Não parece que seja uma crise passageira tal como também não parece que o treinador fique até o final da época. É uma questão de tempo. Só esperemos que não seja tarde demais.