"O meu mundo aos quadrados” é uma coluna de opinião que pretende fugir ao império comunicacional dos três grandes, sob a perspetiva de um adepto do futebol pela positiva, profissional e transparente, que por acaso é boavisteiro.
Não vou fazer qualquer análise subjetiva ao jogo de ontem. Sobre isso já foram escritos centenas de artigos e estão a ser televisionadas centenas de horas de debates.
A minha crónica de hoje é apenas sobre o lance do segundo golo do jogo de ontem.
Bem sei que provavelmente o Boavista acabaria por perder o jogo na mesma, mas essa não é a questão. O objetivo desta crónica não é reindivicar o ponto potencialmente perdido, mas sim fazer uma reflexão sobre o que conduziu àquele (e a tantos outros) flagrante erro de arbitragem.
É um facto que o segundo golo do Benfica - o golo “saca-rolhas” - resulta de um gravíssimo erro da equipa de arbitragem, incompreensivelmente subscrito pelo VAR.
Sejamos claros: não se trata de um lance de análise subjetiva, de intensidade ou de centímetros. Trata-se de uma falta evidente que seria imediatamente assinalada caso dela não tivesse resultado um golo para o Benfica.
Não estou com isto a dizer que o árbitro Jorge Sousa - que btw acho um péssimo árbitro - estivesse comprado ou coagido a interceder em nosso prejuízo ou em benefício do Benfica, de todo.
Acredito sim que o que levou a esta decisão - e a tantas outras em favor dos mesmos clubes a cada jornada - foi o verdadeiro problema do futebol português: o rolo compressor montado pela oligarquia dominante (Porto, Benfica e Sporting) constituído pelo poder exercido sobre os meios de comunicação social, sistema financeiro, governo(s) e autarquias.
Digo-o sem qualquer reserva: o que levou Jorge Sousa e o VAR a não assinalarem aquela falta foi o receio de serem esmagados por este rolo compressor nas semanas que se seguem.
A verdade é que é muito mais fácil aos árbitros beneficiarem estas três equipas do que prejudicá-las, até porque o benefício já é encarado com “normalidade” tendo em conta a força relativizadora dos adeptos da equipa beneficiada.
A responsabilidade de quem é afinal?
1. A principal responsabilidade é, claro está, das direções do Porto e Benfica (e Sporting no passado), que tudo fizeram para moldar o sistema à medida das suas necessidades, e que apenas discutem - ruidosamente - a forma de o inquinar mais a seu favor.
2. Das direções dos restantes clubes (G15) que se têm revelado incompetentes na defesa dos superiores interesses colectivos em detrimento do interesse individual imediato.
3. Da Liga, que não tem sido capaz de agregar os interesses da maioria dos clubes, assim como não tem sido capaz de denunciar e condenar alguns comportamentos estranhos entre clubes.
4. Das CDs da Liga e da FPF que continuam a ser a vergonha do futebol português, pela forma discricionária como aplicam - e a quem aplicam - as suas sanções.
5. Do(s) sucessivos Governo(s), que cobardemente persistem na desvalorização do futebol em Portugal, e mais especificamente do seu papel enquanto regulador através da Secretaria de Estado do Desporto (e do IPDJ sob a sua égide), e que continuam a avalizar mecanismos extraordinários de regulação de dívidas ao Porto, Benfica e Sporting, em bancos intervencionados.
6. Da hipocrisia dos governantes, que continuam a sentar-se ao lado daqueles que, comprovadamente, já prejudicaram os interesses do Estado em centenas de milhões de euros, como se nada fosse.
7. Dos meios de comunicação social falidos, que se prostituem diariamente na guerra de audiências, afunilando a agenda sobre apenas três clubes e, dessa forma, desvirtuando o natural desenvolvimento da base de apoio dos restantes clubes em Portugal.
8. Das autarquias, incapazes de trabalharem com os clubes de forma a promoverem efetivamente a ligação dos seus munícipes aos clubes, como alternativa ao esquema habitual de investimento em infraestruturas (às custas do erário público).
No fundo, a responsabilidade acaba por ser de todos nós que assistimos, impávidos e serenos, semana após semana, a este triste espetáculo que é o futebol português sem nada fazermos.
Todos nós somos atropelados por este rolo compressor.
Não vou fazer qualquer análise subjetiva ao jogo de ontem. Sobre isso já foram escritos centenas de artigos e estão a ser televisionadas centenas de horas de debates.
A minha crónica de hoje é apenas sobre o lance do segundo golo do jogo de ontem.
Bem sei que provavelmente o Boavista acabaria por perder o jogo na mesma, mas essa não é a questão. O objetivo desta crónica não é reindivicar o ponto potencialmente perdido, mas sim fazer uma reflexão sobre o que conduziu àquele (e a tantos outros) flagrante erro de arbitragem.
É um facto que o segundo golo do Benfica - o golo “saca-rolhas” - resulta de um gravíssimo erro da equipa de arbitragem, incompreensivelmente subscrito pelo VAR.
Sejamos claros: não se trata de um lance de análise subjetiva, de intensidade ou de centímetros. Trata-se de uma falta evidente que seria imediatamente assinalada caso dela não tivesse resultado um golo para o Benfica.
Não estou com isto a dizer que o árbitro Jorge Sousa - que btw acho um péssimo árbitro - estivesse comprado ou coagido a interceder em nosso prejuízo ou em benefício do Benfica, de todo.
Acredito sim que o que levou a esta decisão - e a tantas outras em favor dos mesmos clubes a cada jornada - foi o verdadeiro problema do futebol português: o rolo compressor montado pela oligarquia dominante (Porto, Benfica e Sporting) constituído pelo poder exercido sobre os meios de comunicação social, sistema financeiro, governo(s) e autarquias.
Digo-o sem qualquer reserva: o que levou Jorge Sousa e o VAR a não assinalarem aquela falta foi o receio de serem esmagados por este rolo compressor nas semanas que se seguem.
A verdade é que é muito mais fácil aos árbitros beneficiarem estas três equipas do que prejudicá-las, até porque o benefício já é encarado com “normalidade” tendo em conta a força relativizadora dos adeptos da equipa beneficiada.
A responsabilidade de quem é afinal?
1. A principal responsabilidade é, claro está, das direções do Porto e Benfica (e Sporting no passado), que tudo fizeram para moldar o sistema à medida das suas necessidades, e que apenas discutem - ruidosamente - a forma de o inquinar mais a seu favor.
2. Das direções dos restantes clubes (G15) que se têm revelado incompetentes na defesa dos superiores interesses colectivos em detrimento do interesse individual imediato.
3. Da Liga, que não tem sido capaz de agregar os interesses da maioria dos clubes, assim como não tem sido capaz de denunciar e condenar alguns comportamentos estranhos entre clubes.
4. Das CDs da Liga e da FPF que continuam a ser a vergonha do futebol português, pela forma discricionária como aplicam - e a quem aplicam - as suas sanções.
5. Do(s) sucessivos Governo(s), que cobardemente persistem na desvalorização do futebol em Portugal, e mais especificamente do seu papel enquanto regulador através da Secretaria de Estado do Desporto (e do IPDJ sob a sua égide), e que continuam a avalizar mecanismos extraordinários de regulação de dívidas ao Porto, Benfica e Sporting, em bancos intervencionados.
6. Da hipocrisia dos governantes, que continuam a sentar-se ao lado daqueles que, comprovadamente, já prejudicaram os interesses do Estado em centenas de milhões de euros, como se nada fosse.
7. Dos meios de comunicação social falidos, que se prostituem diariamente na guerra de audiências, afunilando a agenda sobre apenas três clubes e, dessa forma, desvirtuando o natural desenvolvimento da base de apoio dos restantes clubes em Portugal.
8. Das autarquias, incapazes de trabalharem com os clubes de forma a promoverem efetivamente a ligação dos seus munícipes aos clubes, como alternativa ao esquema habitual de investimento em infraestruturas (às custas do erário público).
No fundo, a responsabilidade acaba por ser de todos nós que assistimos, impávidos e serenos, semana após semana, a este triste espetáculo que é o futebol português sem nada fazermos.
Todos nós somos atropelados por este rolo compressor.