No passado dia 6 de Janeiro, um jogo de iniciados entre uma equipa lisboeta e outra alentejana culminou com agressões entre pais na bancada. Não se sabe, ou pelo menos não tenho conhecimento, da causa nem tão pouco se seriam familiares de atletas do mesmo clube ou de clubes diferentes.
As redes sociais potenciam as partilhas de informação mais rápido do que alguma vez imaginámos, mas também têm o seu lado negativo. Não só a comunicação social dá as suas opiniões, como também qualquer adepto, que muitas das vezes é mal interpretado ou, pura e simplesmente, “chingado” por a sua opinião ser diferente da de outro.
A falta de cultura desportiva neste país é gritante e preocupante. Desde que me lembro de ver futebol (princípio dos anos 90), este clima de ódio já existia, ora entre clubes, dirigentes, jogadores, etc… e com o passar dos anos piorou cada vez mais. Porém, a comunicação social tinha outra forma de estar no panorama desportivo deste país.
A Comunicação Social tem um papel muito importante nas nossas vidas, mas há que ter limites na forma de informar o cidadão. Muitos são os casos, principalmente neste desporto que move multidões, em que uma qualquer opinião de um comentador é logo apelidada de facciosismo só porque não vai ao encontro da opinião do adepto de outro clube. Não se percebe como se convidam opinadores, alocados aos clubes grandes, para comentar o que quer que seja sobre o desporto-rei, sabendo-se de antemão que a opinião vai sempre ao encontro do seu clube.
É de realçar que o IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing), divulgou este mês um estudo em que a razão de tanta violência associada ao desporto seja provocada pelos média, por não promoverem de forma positiva, notícias sobre o futebol. Fazendo zapping pelos canais do cabo pelas 22 horas, vemos por exemplo a CMTV, praticamente todos os dias, com um painel de "adeptos" que defendem a qualquer custo os seus clubes, adeptos que pouco ou nada percebem do futebol propriamente dito.
É óbvio que tudo o que é polémico é sinal de audiências para os canais televisivos e isso por si só gera milhares aos órgãos de comunicação social, mas não há a possibilidade de colocar um "meio-termo" na "coisa"?
Devemos todos nós refletir que efeito/causa irá ter todo este clima que se tem instalado no futebol, junto das crianças que legitimamente têm o sonho de um dia vir a ser jogador profissional. Crescer num ambiente em que o fanatismo, a ganância e a violência, onde se semeia o ódio contra os seus adversários, terão repercussões no futuro destes jovens atletas, não só desportivamente, mas pessoalmente.
Todos aqueles que partilham nas redes sociais vídeos do fora-de-jogo mal assinalado, da expulsão perdoada, do golo anulado, etc… estão a contribuir para o constante clima que se vive no futebol. Coloquem a mão na consciência porque todos nós já o fizemos, uns menos, outros mais, mas todos, seja de que clube for, já o fez.