Rio de incidências negativas

A recente eliminação do SC Braga ocorrida no reduto do SL Benfica não abalou a Legião do Minho, apesar de significar a perda de um objetivo definido. E foi com este pensamento que os braguistas rapidamente esgotaram os bilhetes disponíveis para Vila do Conde, onde se jogava mais uma cartada importante na eventual luta pelo pódio, que não tem passado abertamente os muros do balneário brácaro.

Em relação aos sorteios das taças, por vezes dizemos que não há coincidências, mas o elevado número de duelos a eliminar frente às águias nos últimos anos deixam-nos motivos de sobra para pensar que há coisas que coincidem diabolicamente através das bolas, quentes ou frias, nesses sorteios que determinam as competições internas além da liga portuguesa.

O jogo da luz já passou, mas fica na memória de todos mais uma má prestação de João Pinheiro sempre que apita um jogo entre benfiquistas e bracarenses, parecendo haver aqui algo para além das meras coincidências, porque são diversos os trabalhos negativos e influentes verificados ao longo das últimas épocas desportivas.

O jogo de Vila do Conde tem representado, ao longos dos tempos, um recinto duro para as hostes braguistas, pelo que a previsão era de trabalho árduo e sem esperar qualquer facilidade para chegar ao triunfo. A preparação do encontro tinha sido diferenciada nas duas equipas, uma vez que se o Rio Ave vinha de uma semana limpa, nos lados de Braga tinha existido esse duelo da luz, que deixara as marcas de uma eliminação indesejada na prova rainha.

O jogo começou com um erro involuntário tremendo do menino Lukas Hornicek, que saiu da baliza e no momento de pontapear uma bola inofensiva escorregou e falhou a ação prevista, deixando isolado o avançado rioavista para um dos golos mais fáceis até hoje por si obtidos. Era difícil pedir pior começo de um duelo que se antevia complicado.

Porém, a equipa brácara reagiu e rapidamente repôs a igualdade, perdida na infelicidade inicial do seu jovem guardião, através de um bom desenho ofensivo que Fran Navarro se encarregou de concretizar. Contudo, a noite tinha ainda mais acontecimentos negativos para os lados de Braga, pois a lesão prematura de Roger revelou não haver, por agora, uma alternativa credível, e a lesão de Bambu, em pleno segundo tempo quando já estavam esgotadas as substituições, deixou os arsenalistas a jogar duas dezenas de minutos em inferioridade numérica.

Isto, numa altura em que procuravam recuperar o que tinham entregado ao adversário, ou seja, o resultado, onde a eficácia primou pela falta de comparência nas chances de golo criadas. Foi uma noite em que Vila do Conde pôde ver um rio de incidências negativas para o SC Braga em vez de um Rio Ave forte como opositor, o que deixou resignados os seus adeptos, tristes por tão nefasto desfecho do encontro.

A liga portuguesa tem agora um duelo direto na Pedreira na luta pelo pódio, entre SC Braga e FC Porto, onde o conjunto de Carlos Carvalhal irá surgir aparentemente enfraquecido pelas ausências, por lesão, de Victor Carvalho e Zalazar, vindas do passado, e de Roger, que viu interrompido um período em que a influência positiva na equipa era por demais evidente. A estas faltas junta-se a de Fran Navarro no lote dos indisponíveis, em função dos regulamentos em vigor. Assim, neste contexto, é importante que o público consiga ajudar a equipa neste momento que pode reacender a luta pelo pódio ou deixar esse desiderato mais distante pontualmente.

As ausências no conjunto braguista podem permitir a Carlos Carvalhal a junção de mais algum elemento proveniente da Cidade Desportiva, como forma de compensar algum equilíbrio ofensivo perdido, quer no mercado de janeiro, quer nas lesões que assolam o plantel. É agora a altura de os Gverreiros do Minho começarem a preparação do futuro com os pés bem assentes no presente, olhando corajosamente para a frente, com a certeza de que atrás vem muita gente desejosa de ver os insucessos brácaros.

Uma nota final para o fim anunciado da caminhada europeia das equipas portuguesas, uma vez que se o Sporting CP, o FC Porto e o SC Braga já abandonaram as noites com jogos internacionais e o SL Benfica está perigosamente encaminhado para o precipício. Assim, neste momento só o Vitória SC consegue ver algumas abertas mais no céu do apuramento, porque a missão benfiquista se prevê como uma montanha de difícil superação. Este fraco desempenho global deve merecer uma reflexão alargada sobre a falta de competitividade internacional das equipas portuguesas.