O texto desta semana tem uma vertente atrativa, ou a falta dela, no atual momento futebolístico dos Gverreiros do Minho, cujo charme anda distante de outros tempos. Pode ser uma questão temporal. Veremos se assim é.
O SC Braga teve um encontro na Choupana que foi vencido por números claros, que até surpreenderam, se atendermos que a um quarto de hora do final o nulo persistia e ameaçava assumir contornos definitivos. Contudo, em poucos minutos houve uma espécie de soltura do ketchup nos golos que andavam distantes da equipa arsenalista e tudo se simplificou. Esperava-se que o SC Braga fosse capaz de trabalhar sobre o triunfo em terras madeirenses e conseguisse mostrar-se mais solto no palco europeu, frente aos israelitas do Maccabi Tel Aviv, na estreia da fase regular da liga Europa.
Em Braga, somam-se lesões atrás de lesões e, às vezes, o plantel mais parece um conjunto de pacientes à espera de atendimento médico ou de tratamento de fisioterapia. Espero, com sinceridade, que os responsáveis analisem o que de mal tem acontecido para que tantos jogadores fiquem fora das opções devido a lesão, com a agravante de alguns atletas a serem reincidentes no boletim clínico.
A Pedreira não se engalanou como noutras noites europeias, mas foram bravos os Gverreiros que estiveram nas bancadas, mostrando que uma Legião nunca abandona os seus soldados, nem o seu comandante. O duelo foi uma surpresa, dado que de Israel chegou uma equipa predisposta a complicar a vida bracarense, como se viu no relvado, para surpresa geral.
Foi num contexto de alguma dificuldade, devido a uma conjuntura de indisponibilidades diversas, que Carlos Carvalhal preparou a estreia neste novo formato da Liga Europa. Os israelitas aproveitaram mais um erro defensivo individual para se adiantarem no marcador, enervando ainda mais as bancadas que já de si apresentavam índices de ansiedade que não se recomendam. A partida seguia apressadamente para o seu fim, em contraste com os israelitas que não tinham qualquer vontade de acelerar o ritmo de jogo, colocando tanto gelo que arrefecia os débeis corações braguistas, quando as boas notícias chegaram para os lados de Braga. O encanto do futebol levou a uma parte final épica por parte dos brácaros, com expoente máximo em Bruma que após algumas críticas se tornou no herói ao marcar dois golos nos minutos finais, quando a crença já estava em níveis muito baixos e algumas pessoas já tinham saído do estádio antes. Nunca irei entender a pressa de sair de um espetáculo antes de ele terminar. Mentalidades, que se repetem por muitos e muitos estádios.
Estava conseguido um triunfo europeu muito difícil pela forma como apareceu, depois de muita transpiração e pouca inspiração braguista no relvado, o que tornou esta equipa pouco atraente, onde tudo parecia acontecer com muito esforço. Porém, como disse Carlos Carvalhal, “ainda bem que a equipa está a ganhar” porque os tempos não são nada fáceis em Braga e onde tudo é conseguido com muito suor e pouca leveza. Por isso, faço votos para que a alegria e a confiança subam ao relvado com os jogadores de modo a tornar o futebol arsenalista mais atrativo e elegante, em consonância com os hábitos gerais dos últimos longos anos.
Como nota final, endereço os meus parabéns a Carlos Carvalhal pelo jogo 800 na sua carreira de treinador, um número sublinhado com vitória, obtida com uma reviravolta épica, que a equipa conseguiu oferecer-lhe. Faço votos para que a senda vitoriosa se estenda já hoje na Pedreira, frente ao Rio Ave, onde o foco deve estar bem presente, sem vir à memória por um simples minuto o próximo embate europeu a disputar na Grécia.