Novo ciclo, novos sonhos

A época passada do SC Braga terminou dentro de um expectável quarto lugar. Contudo, a determinada altura pareceu possível e, até, bastante acessível chegar mais acima e conquistar um lugar no pódio, especialmente devido à excelência da segunda volta, se retirarmos as últimas quatro jornadas. Esta é, obviamente, uma avaliação parcial dentro da época, uma vez que se restringe ao ano de 2025, se retirarmos as nefastas derradeiras quatro jornadas. Entre a jornada 17 e a 30 o SC Braga teve um percurso de verdadeiro candidato ao título, falhando quando não podia falhar, nesses jogos finais. Famalicão e Casa Pia, fora de casa, e Santa Clara e SL Benfica na Pedreira não deram qualquer triunfo a uma equipa que estava muito habituada a ganhar. Estes resultados empurraram a equipa para fora do pódio, ficando então alojada no já habitual quarto (lugar), onde costuma dormir muitas épocas ao longo das últimas duas décadas. Pode dizer-se, sem sobranceria, que no final a classificação soube a pouco, uma vez que era perfeitamente possível ter subido um lugar, pois, a primeira volta abaixo das expectativas deixou de lado ambições maiores, para isso tendo contribuído em larga escala o erro factual em que se traduziu a contratação de Daniel Sousa e toda a planificação deficiente da temporada.

Carlos Carvalhal foi chamado de urgência ao clube do coração para emendar um percurso que se antevia como muito duvidoso e sombrio, numa avaliação bastante precoce feita a partir dos sinais que a equipa dava no início das competições oficiais, a que se juntava uma pré-época que deixava no ar muita apreensão no universo braguista. O técnico foi incapaz de dizer não e, assim, socorreu o SC Braga num momento de bastante aflição, de onde saiu de modo airoso, mesmo admitindo que o final pudesse ter dado melhor alojamento do que aquele quarto que lhe foi destinado.

A nova temporada arrancou com outro treinador, que se rodeou de uma equipa técnica quase toda nova, transitando apenas da equipa anterior os nomes de Orlando Silva e Eduardo Carvalho, para dar seguimento evolutivo às funções que desempenhavam. Carlos Vincens é o nome que chega a Braga carregado de sonhos e ambições, que também fazer sonhar a Legião do Minho, num novo ciclo, com novos sonhos para todos. António Salvador não foi de modas e ofereceu três épocas de contrato, com vista a ser efetuado um trabalho consistente que possa conduzir os brácaros ao topo no futuro próximo. Veremos se o Presidente arsenalista, agora menos impulsivo, é capaz de ser mais sensato que os adeptos nos momentos em que as coisas possam não corresponder às expectativas. Atualmente, as redes sociais eliminaram as fronteiras da crítica, tantas vezes de modo escondido num nick name, e o acesso fácil a esse mundo, onde a crítica é muitas vezes gratuita, traduz-se tantas vezes em ações impensadas, capazes de derrubar o que se está a construir.

O treinador espanhol, que agora dá os seus primeiros passos em Braga, vem de um período de plena convivência laboral com Pep Guardiola e pode aportar para a época brácara essa experiência acumulada ao longo dos anos, agora como líder de uma equipa técnica que ele próprio ajudou a construir. Que os Deuses da religiosa Brácara Augusta acompanhem a sua performance e que os adeptos saibam que um resultado negativo não deve significar o fim de um qualquer trajeto desportivo. Afinal, amanhã existe sempre um novo dia e uma nova oportunidade que pode superar o que de negativo se passou.

A equipa técnica da equipa B do SC Braga também mudou, tendo saído Custódio Castro, para disputar o primeiro escalão como responsável técnico do Alverca, e entrado Simão Freitas, proveniente da vizinha cidade de Guimarães, como um Doutor repleto de estudos e vontade de vencer, neste novo desafio de fazer crescer os meninos da Cidade Desportiva. Esta equipa técnica inclui também Rui Fonte, cujo passado em Braga nunca foi esquecido, sendo também ele mais um elemento efetivo da Legião do Minho, dado o amor que o próprio confessou publicamente. Desejo felicidades às novas equipas técnicas e que os sorrisos integrem o futuro próximo do universo braguista.

Uma nota final fora do universo braguista, para referir a eliminação precoce de Portugal, no Europeu de Sub-21, disputado na Eslováquia. Uma vez mais a seleção lusa ficou aquém do que o seu potencial recomendava, em mais uma competição liderada por Rui Jorge sem vencer qualquer título no longo percurso efetuado. Este treinador deveria ser um caso de estudo devido à sua longevidade num cargo bastante apetecível, sem ganhar qualquer competição. É mesmo estranho este mundo da bola, em que a maioria dos treinadores tem uma avaliação permanente, em contraste com Rui Jorge que demorou demasiado tempo como responsável técnico sem que nada o justificasse, aparentemente.