A época ainda agora terminou e já muitas mudanças surgiram em Braga, sempre num ritmo alucinante, porque a seguir a hoje existe sempre um novo dia.
O comando técnico do SC Braga mudou de rosto, tendo saído Carlos Carvalhal, que foi o bombeiro de serviço numa altura crítica do clube, e entrado Carlos Vicens, um maiorquino que vem com a escola de Guardiola bem estampada no seu currículo. Assim, em Braga houve uma troca de Carlos por Carlos, como reconhecimento de que aquele que sai fez um trabalho competente e apaixonado, deixando bases para um período que se deseja de crescimento real, e na esperança de que aquele que entra deixe uma marca positiva no Minho, em função da sua reconhecida dedicação e seriedade.
Sobre Carlos Carvalhal posso referir que em Braga já fez de tudo, desde jogador da formação, na altura em que não havia contratos profissionais nos escalões etários formativos, até se afirmar como central titular a ponto da cobiça dos autoproclamados grandes, chegando a transferir-se enquanto jogador para o FC Porto, apesar de não ter tido a carreira que se augurava por aquelas bandas. Carvalhal é e será sempre um dos nossos, sendo um adepto apaixonado pelo SC Braga, além de um bom jogador do passado e de um bom treinador do presente e do futuro, ainda que por agora longe da Pedreira. O treinador Braguista venceu uma Taça de Portugal frente ao SL Benfica, num final disputada em Coimbra que eu tive o privilégio de assistir em plena pandemia, em serviço oficial para a NEXT, na altura quem que havia o pré e o pós match dos jogos bracarenses, disputados em casa e alguns, especiais, disputados fora. Bons tempos, que a memória guarda para que o tempo não apague. Esta conquista deixou as letras do nome do técnico brácaro gravadas na bonita e longa história do SC Braga. No início da temporada agora finda, Carlos Carvalhal foi chamado de urgência para socorrer o clube do seu coração, uma vez que ele dava sinais inquietantes de adoecer gravemente, tendo respondido com sentimento e aceitado a missão de levar a bom porto um barco que parecia à deriva.
Globalmente a missão foi bem sucedida, ainda que em Braga fique sempre a sensação de que era possível ter ido mais além, seja lá com quem for, mas ainda mais com um “santo da casa”, de quem em teoria não se deve esperar milagres.
O lugar deixado vago no cargo de treinador vai ser ocupado no futuro pelo maiorquino Carlos Vicens, ainda que eu acredite que o novo timoneiro já trabalhe arduamente no projeto que se está a elaborar pelos lados da Pedreira. O contrato de três épocas formalizado indicia um período de construção de um SC Braga maior, capaz de alcançar objetivos mais altos ainda, mas é preciso que exista paciência, resiliência e união de todos para que no final tudo possa bater certo. Não podemos estar em permanência à espera de uma vitória para hoje que já devia pertencer ao passado, sem pensar que há sempre um amanhã.
A experiência acumulada do novo técnico arsenalista, aliada a opiniões de quem com ele trabalhou ou estudou, pode augurar bons ventos para os lados da Pedreira. No entanto, todos sabemos como as opiniões de circunstância desaparecem se o treinador não vence e ganham importância acrescida se o seu percurso for de sucesso, aparecendo sempre alguém pronto a dizer “eu sabia que ele ia ganhar”.
É sempre assim, mas os resultados no futebol, assim como no desporto em geral, são cruéis e ditam vida longa ou curta aos treinadores, sempre com a mala pronta e ao dispor de dirigentes que, muitas vezes, agem e só depois pensam. O percurso diverso efetuado por Vicens, em especial nestes últimos anos em Inglaterra ao lado de Guardiola, pode dar alguns sinais sobre o que se pode esperar em Braga, ainda que eu recomende que as pessoas aprendam a respirar fundo antes de criticar sem pensar no que dizem ou escrevem, pois os teclados colocam a crítica fácil ao dispor de todos num mundo virtual sem fronteiras definidas, que parece dar poder a quem nunca o teve ou terá na vida. Virtualidades incompreendidas.
Hoje não poderia deixar de dizer ao novo comandante da Legião que lhe desejo todas as felicidades do mundo enquanto estiver a trabalhar na Pedreira e que terá o meu apoio incondicional, na esperança de que o caminho a trilhar seja o que conduz ao sucesso por todos desejado. A Carlos Carvalhal só posso desejar que seja feliz e que nunca deixe de ser um dos nossos, mesmo depois de ter cessado funções.