betano
    O sítio dos Gverreiros
    António Costa

    A defesa do título

    2024/11/02
    E0
    "O sítio dos Gverreiros” é uma coluna de opinião de assuntos relativos ao SC Braga, na perspetiva de um olhar de adepto braguista, com o sentido crítico necessário, em busca de uma verdade externa ao sistema.

    O último artigo que aqui escrevi sublinhava o momento complicado que o SC Braga vivia, fruto de circunstâncias diversas que ocorreram e que muito contribuíram para que isso acontecesse. Em Braga, felizmente, a cultura de vitória é uma obrigação e lutar para vencer é uma exigência permanente. É sabido que nem sempre é possível ganhar, mas combater por esse objetivo tem que fazer parte do espírito Gverreiro, que caracteriza a equipa bracarense.

    Desde o derradeiro texto já aconteceram duas partidas para duas competições distintas, que se traduziram em triunfos e que eu analiso de modo separado.

    A receção ao SC Farense aconteceu num contexto de menor crença das almas braguistas, porque os resultados anteriores não tinham sido nada animadores, uma vez que se observaram três derrotas nos quatro últimos encontros realizados, sendo apenas exceção a difícil vitória conquistada no reduto do 1ª de Dezembro ocorrida no último minuto. Contudo, havia sinais positivos, que devem ser vistos à parte das derrotas ocorridas, no jogo do Dragão para a liga portuguesa e na Pedreira, frente do Bodo/Glimt para a Liga Europa, apesar de a equipa de Carlos Carvalhal estar distante daquilo que a sua qualidade permite. Mesmo assim, a marca mais forte que ficara nesses dois duelos foi mesmo o resultado verificado que não agradou nada à Legião. Foi este contexto que adensou o ambiente antes da receção aos algarvios, cujo triunfo obtido (2x0) permitiu serenar um pouco as hostes, mesmo que a exibição continuasse distante da performance que esta equipa é capaz de oferecer.

    Na última quinta-feira houve mais um dérbi ímpar do Minho, com o Vitória SC a visitar o eterno rival SC Braga para a Taça da Liga. Os conquistadores traziam bem presente nas suas memórias o recente sucesso obtido em Braga para a liga portuguesa sem contestação, o que motivava sobremaneira a equipa pela raridade destes sucessos neste milénio. Os brácaros entraram fortes, mas sem a eficácia do rival que na primeira vez que subiu no terreno se adiantou no marcador, aumentando as dúvidas que pairavam nas almas braguistas. A reação arsenalista não demorou muito a chegar pela finalização de Sikou Niakaté que repôs a igualdade no resultado. Os Gverreiros do Minho foram em busca de novo golo, mas não foram capazes de o alcançar, umas vezes por ineficácia e outra porque o ferro da baliza vitoriana não permitiu que Roger festejasse. E assim achegava o intervalo, num ambiente diferente porque as claques de ambos os lados faltaram em protesto contra o atual modelo da Taça da Liga e a vontade de deslocalizar a final four para um qualquer ponto distante de Portugal. Eu também não concordo nada com o atual modelo, que não é nada inclusivo, ainda que desta vez o apuramento dos quatro primeiros classificados para as decisões do próximo mês de janeiro em Leiria responda ao desejo mercantilista de quem desenhou assim o modelo da competição.

    O segundo período teve um começo equilibrado, com a subida gradual da equipa brácara a prometer novos festejos, que surgiram num aparente falhanço escandaloso de El Ouzzani sobre a linha de golo, lance que o VAR, após análise cuidada, recomendou a sua visualização por parte do árbitro Fábio Veríssimo. O juiz da partida decidiu pela marcação da grande penalidade porque entendeu que o avançado marroquino foi impedido de chegar à bola, o que ajudou em parte a explicar aquele falhanço aparente, comunicando isso de viva voz ao público presente. Bruma assumiu a marcação e não superou o guardião adversário, mas nova intervenção do VAR implicou a repetição da marcação porque Charles não tinha qualquer parte do corpo sobre a linha de golo no momento do remate. Assim, Bruma teve direito a bola extra graças ao auxílio tecnológico e celebrou a preceito depois de conseguir o golo decisivo, enchendo novamente o balão vermelho que o caracteriza nos festejos e dando aos adeptos motivos de alegria. É para isto que a tecnologia serve no futebol, na aproximação da verdade desportiva. Até final o resultado nunca esteve em perigo e só a falta de eficácia impediu que mais golos surgissem para o lado bracarense. Estava conseguido o objetivo do SC Braga de marcar presença na final four e, com isso, prosseguir a defesa do título que conquistou na época anterior.

    Agora é hora de manter este espírito de vitória e continuar a caminhada na liga portuguesa em Arouca, antes de nova jornada europeia, num calendário sem tréguas, a bem da Legião do Minho.



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