Sporting e Federação Portuguesa de Futebol protagonizaram, nos últimos dias, uma troca de galhardetes em relação a William Carvalho e à lesão que afastará o médio dos relvados nos próximos três meses. O zerozero.pt foi saber o que é uma fratura de stress na tíbia, como acontece, como se cura e quais as implicações futuras que este problema pode ter no futuro do internacional português.
Ana Catarina Silva é fisioterapeuta, durante vários anos desempenhou funções ligadas ao desporto e tem formação específica no tratamento de lesões desportivas. A especialista na matéria começou por explicar ao nosso portal que o que aconteceu a William Carvalho pode chamar-se «fratura de stress» ou «de fadiga» e que é muito usual acontecer «em desportos de impacto, como o atletismo», mas como «o futebol também tem muita corrida» é, de certa forma, «natural» que ocorra também aos futebolistas.
Para que se perceba, esta lesão surge «quando há uma solicitação repetida de maior intensidade daquela que o atleta está habituado». Em primeiro lugar surge «fadiga dos músculos, porque são eles que suportam e protegem a parte óssea» e, consequentemente, «aumenta a sobrecarga no osso».No fundo, William contraiu um problema que é cumulativo, em que «normalmente há um aumento de treinos, de competição, nas semanas ou meses antes da lesão acontecer», diferente de uma entorse, que acontece no momento.
O médio de 23 anos cumpriu 42 jogos pelo Sporting e poucos dias teve de pausa após a final da Taça de Portugal, que venceu frente ao SC Braga no dia 31 de maio. Seguiu-se o estágio com a seleção principal lusa, o jogo contra a Arménia na qualificação para o Euro 2016 e depois a junção aos Sub-21, no Euro, na República Checa, pelos quais fez cinco jogos.
Precisamente por exigir «repetição de esforço», Ana Catarina Silva considera que o facto de este problema surgir no final de uma época em que foi muito utilizado no Sporting e na qual rumou, diretamente, à seleção, pode ser uma explicação, apesar de lembrar que existem outras causas para este tipo de lesão como «a alteração de calçado, a realização de «treinos em pisos mais duros» e, até, mudanças «hormonais, metabólicas e de défices de nutrição». Um conjunto de fatores que não provocam a fratura mas contribuem «para que ocorra com mais facilidade».Entre a data da final da Taça de Portugal e a final do Euro Sub-21 passou, precisamente, um mês, tempo que na opinião de Ana Catarina Silva não seria suficiente para William contrair este tipo de problema ósseo.
«Podia não haver efetivamente a lesão mas já deveria ter algum tipo de debilidade que depois facilitou a lesão. A não ser que a intensidade e o esforço fossem muito grandes, uma sobrecarga muito diferente da que ele estava habituado ele já deveria ter uma debilidade, algum ponto fraco, digamos, que levasse a contrair essa lesão», analisou.
Recuperação tem que ser no tempo certo
O Sporting informou que William vai parar três meses. Naturalmente que o período de recuperação, frisa a nossa entrevistada, «depende do tipo de fratura» e, aparentemente, não será necessária cirurgia, se não o período de paragem seria «de meio ano».
Esta «fissura óssea será tratada com tratamento conservador», o que significa que William «cessará a atividade de mais impacto e continuará a fazer treino cardiovascular e de manutenção muscular para não perder condição física».Um «treino orientado» que é fundamental para prevenir o futuro e precaver eventuais problemas. É claro que «uma fratura é sempre uma fratura, mesmo após a consolidação total será sempre uma zona do osso que ficará mais frágil» mas se o «tempo necessário para a reabilitação total» for respeitado e «trabalhar nos timings corretos não haverá recaídas futuras».